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O sexo não foi bom de primeira? Saiba o que fazer

Especialistas mostram que existem muitas coisas a serem entendidas e feitas para que o momento seja prazeroso para os envolvidos

Por Julia Minhoto
Atualizado em 19 mar 2023, 16h44 - Publicado em 19 mar 2023, 11h47
Primeira relação sexual com o parceiro pode não atingir as expectativas esperadas.
Primeira relação sexual com o parceiro pode não atingir as expectativas esperadas. (Roman Odistov/Pexels)
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Ao se tratar da primeira relação sexual com alguém, trazemos à tona a questão das altas expectativas e da pressão por ter uma experiência inesquecível com o(a) parceiro(a). No entanto, esse momento nem sempre sucede como o que foi almejado e a hora H pode não ser tão prazerosa assim. Mas não é motivo de preocupação: existem diversas coisas a serem feitas para tornar a experiência mais gostosa. A educadora sexual Mari Williams (@mariwilliams) e a psicóloga e sexóloga Bruna Pacheco contam maneiras de contornar essa situação e tirar os estigmas que envolvem o sexo.

Expectativas altas são maléficas?

É normal fantasiarmos o momento perfeito antes mesmo dele acontecer, principalmente se a conexão já existe. Mas será que isso pode ser um ‘tiro no próprio pé’ e atrapalhar mais do que beneficiar o momento especial?

De acordo com Bruna, a idealização não é algo negativo por si só. Isso porque é ela que nos faz nos apaixonarmos e que muitas vezes nos causa o tesão. Entretanto, quando idealizamos demais acabamos desaproveitando o prazer daquele momento. “Ficamos pensando sempre no ideal, que é algo inexistente na maioria dos casos. O ideal faz parte do nosso imaginário”, explica.

Portanto, sustentar a imaginação a todo momento pode ser maléfico. A psicóloga defende que praticar o mindfulness, ou seja, se conectar mais com o momento presente, é uma maneira de degustar mais o agora, até mesmo no sexo. “Em alguns casos nossa mente nos priva de vermos como tal. Sempre ficamos pensando na próxima vez e no que é ideal. E essa fome de querer tudo acaba nos tirando o que é mais gostoso no sexo, que é o agora”, explica. 

Ela também conta que geralmente iniciamos o ato sexual pensando na nossa performance e na do outro, o que nos afasta do prazer daquele momento. “Um dos maiores mitos é que o sexo tem ‘algo além’ a oferecer. Geralmente a gente já começa o sexo pensando no final dele, no orgasmo”.

Mari afirma que nesses momentos, é importante alinhar sua vontade de ir ao encontro e sua abertura de acreditar na incerteza do futuro. “Todas as pessoas têm suas complexidades, seus desafios, suas variáveis. Então quanto mais expectativa a gente cria, maior nossa chance de frustração”.

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Se a primeira não foi boa, significa que ele(a) transa mal? Devo dar uma segunda chance?

O sexo, mais do que uma atividade de prazer, também é uma prática que requer habilidade e é aprimorada com o tempo. Ninguém nasce sabendo e pode acontecer do parceiro, ou parceira, estar ‘enferrujado’ por não praticar há um tempo, mas não quer dizer que não faz bem. Então, não desanime.

“Se a primeira vez não foi tão boa assim, isso não significa que essa pessoa transa mal ou que o sexo de vocês nunca vai ser gostoso”, conta Bruna. “Pode ser que vocês não tenham tido as primeiras preferências compatíveis ou que não tenham conseguido ‘conversar’. Porque existe um diálogo na cama, mesmo que não verbal”, acrescenta.

Mari defende que a segunda chance deve existir se o papo é gostoso e a troca é boa. “Se só o sexo não foi legal, vocês podem ir dialogando e encontrando uma maneira que seja gostosa para os dois”, afirma. Mas reconhece que a situação não deve ser forçada e que se o date não foi legal, não existem motivos para insistir na busca da química perfeita, já que têm muitas pessoas as quais podemos nos relacionar e ter noites deliciosas.

Bruna conta que muitas vezes a pessoa está empenhada em propor algo que para o outro não é gostoso, e que nós, mulheres, temos mais tendência a não saber o que queremos na hora do sexo. “A gente sempre foi ensinada a corresponder as expectativas. É bom ter o autoconhecimento e comunicar o que a gente deseja”.

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Primeira relação sexual com o parceiro pode não atingir as expectativas esperadas.
(Ketut Subiyanto/Pexels)

Falta de química sexual: tem como continuar se envolvendo com a pessoa?

Nesses momentos é imprescindível lembrar de que o sexo não é tudo. Um relacionamento vai muito além da troca carnal, e pode ser proveitoso focar em outras formas de se conectar com o outro emocionalmente.

Para Williams, o sexo não ser compatível não significa falta de química. Você pode ter uma relação boa de diálogo, de beijo e de paixão, afinal, sexo também é comunicação. Conforme acredita a educadora, é importante saber o que você gosta e o que não gosta para aprender a dialogar com o outro. “Trazer na propositiva é sempre positivo. Você deve propor ao invés de apontar: não dizer o que não gosta ou falar que não está bom, mas sim propor o que você gosta ou sugerir algo novo”.

Em contrapartida, Bruna acredita que o sexo não compatível pode significar falta de química em alguns momentos, porque a química acontece de uma forma psicologicamente arqueológica. “Ela é ligada à compatibilidade com a nossa história, à nossa origem, família, ambiente social e emocional. Nossas primeiras relações vão impactar aquilo que a gente mais procura no futuro e é aí que se constrói nossa ideia de química sexual”, defende. 

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Entretanto, para ela é possível construir química e desejo em um relacionamento. “A gente constrói isso através da cura desses padrões, principalmente aqueles não saudáveis”. 

Se para mim não foi bom, para ele(a) também não?

Não é possível estabelecer a ideia de que uma experiência sexual tenha sido igual para ambos a partir da ótica de apenas um dos parceiros. Algumas pessoas têm concepções diferentes do que é o prazer e depende do que o outro acredita que seja uma boa relação. “Se para você não foi bom, não necessariamente para ele também não foi. Muitos homens ainda fazem um sexo  automático que, às vezes, deixa de perceber o prazer da parceira. Talvez para você não tenha sido gostoso, mas para ele foi exatamente o que queria, porque foi assim que ele foi condicionado a fazer essa relação”, explica Mari.

Bruna também conta que nossa conexão sexual acontece na troca de prazeres, mas que muitas vezes sentimos necessidades mais egoístas na relação sexual. “Se ele estiver mais centrado no prazer dele, pode ter sido melhor pra ele”, declara. “Se existe uma química sexual não conseguimos fingir, e tem pessoas que não conhecem isso e se contentam com algo unilateral”. 

Ela ainda afirma que se ele, ou ela, se preocupa com seu prazer, pode ser algo significativo, porque vai ter notado que você estava mais distante durante o sexo. “Para isso pergunte como foi, o que ele gostou. Falar sobre sexo deveria ser algo mandatório em todo relacionamento. A deveria falar abertamente sobre isso”, alega.

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Como comunicar meu parceiro ou minha parceira das minhas necessidades para que minhas expectativas sejam atingidas numa próxima vez?

A sinceridade é essencial para construção de qualquer relação. De acordo com Mari, um grande equívoco que muitas mulheres cometem, é fingir orgasmo. “Quando a gente finge orgasmo, damos uma referência pessoa de que a gente está sentindo prazer, quando não estamos”.

Logo, ao fingir um orgasmo você estará praticamente insinuando de que gosta daquilo que está recebendo. Quebrar as expectativas do outro pode ser necessário para que você atinja as suas. Mas é necessário que você reconheça quais são e o que espera alcançar.

“É muito importante que você trabalhe no seu autoconhecimento. Se toque para entender como sente prazer”, assegura. “Antes de cobrar o outro é importante que você saiba se dar prazer sozinha. Uma vez que você se abre para se comunicar com o outro, fica muito mais fácil indicar o que você deseja”, reitera.

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