Assine CLAUDIA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O mês das mulheres termina com conquistas e muitos desafios

Ainda falta muito para a equidade de gêneros, mas novas iniciativas e, principalmente, a união feminina apontam para um futuro promissor.

Por Lucas Castilho
Atualizado em 15 abr 2024, 16h25 - Publicado em 31 mar 2017, 19h12
  • Seguir materia Seguindo materia
  • No dia 08 de março de 2017, as mulheres não quiseram flores, chocolates ou palavras vazias. Pelo contrário, no Dia Internacional da Mulher, elas se organizaram e foram às ruas vestidas de roxo contra o machismo, o fim da cultura do estupro, pela liberdade sexual e, principalmente, para lutar pela igualdade salarial e de direitos entre os gêneros, entre outras pautas feministas. O movimento, de caráter planetário, promoveu uma greve geral e ao menos 46 países participaram.

    Publicidade

    Leia Mais: Marcas femininas da Ed. Abril se unem pela equidade de gêneros

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Para entender como isso ganhou força é preciso olhar para o fim de 2016, quando, na Argentina, a organização Ni Una Menos puxou um protesto para denunciar sete feminicídios que aconteceram naquele país em uma mesma semana. Quatro dias depois, em solidariedade, foi a vez da Polônia realizar manifestações contra a indiferença do Estado às violências de gênero. Logo, mulheres da Coréia do Sul, Israel, Itália, Irlanda e Rússia fizeram o mesmo. Em 21 de janeiro, mais 500 mil norte-americanas seguiram o exemplo e, na Marcha das Mulheres, gritaram “Fora, Trump”.

    Madonna
    Madonna faz discurso durante a “Marcha das Mulheres”, em Washington, nos Estados Unidos. ()

    Pronto, ficou claro: a desigualdade de direitos é um problema global e de todas. Os dados não mentem e justificam, sim, a criação desse novo movimento feminista internacional. Algo precisa ser feito – e urgentemente.

    Publicidade

    No Brasil, por exemplo, as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana devido à dupla jornada, como informou o Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, estudo divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

    E quando falamos de remuneração, as estatísticas ainda são piores, já que mulheres ganham, em média, cerca de de 27% menos que os homens nas mesmas posições. Se a mulher for negra, então, recebe 40% menos do que um homem branco. Além disso, só 37% dos cargos em níveis de gerência são ocupados por elas. Equidade salarial? Somente daqui 170 anos, em 2186, como mostrou o Relatório Anual de Desigualdade Global de Gênero 2016. 

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Por isso, discursos como os de Michel Temer no último dia 8 são perigosos e inadmissíveis. Entre diversos absurdos, o atual presidente do Brasil atribuiu apenas às mães a responsabilidade de educação dos filhos e, segundo ele, a participação feminina na economia é restrita ao ambiente do supermercado. Além disso, ele citou a grande presença feminina no Congresso Nacional – uma mentira, já que dos 513 deputados, apenas 55 são mulheres e no Senado, dos 81 senadores, 12 são mulheres. Vale também lembrar que inicialmente NENHUMA mulher foi indicada para compor a equipe ministerial do Governo. Atualmente Grace Maria Fernandes Mendonça, na Advocacia Geral da União (AGU), é a única ministra em atividade.

    Justin Trudeau, primeiro ministro do Canadá. ()

    Triste é constatar como a linha de pensamento dele sequer está alinhada com a da opinião pública. Uma pesquisa do Ibope e da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres, divulgada neste mês, mostrou que 75% dos brasileiros consideram de grande ou extrema importância que gestores e legisladores desenvolvam políticas de promoção da igualdade entre mulheres e homens.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Na contramão da fala do presidente, Justin Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá, no Dia Internacional da Mulher, se mostrou muito mais conectado com o tempo e empático. “Mulheres ao redor do mundo recebem pagamentos menores, menos promoções e é negado a elas o controle do próprio corpo e reprodutivo. E enfrentam taxas muito altas de violência, assédios verbais, físicos e sexuais. Todos esses problemas são ainda maiores para indígenas, negras e mulheres trans”, disse ele. O canadense também prometeu doar 650 milhões de dólares canadenses para iniciativas que promovam a saúde reprodutiva feminina e os direitos delas ao redor do mundo.

    Algumas mudanças

    Neste mês, o Canadá também saiu na frente e estuda colocar um fim no uso de salto alto obrigatório, exigência absurda de alguns locais de trabalho. Outra boa notícia, desta vez no Brasil, é que, pela primeira vez, o Supremo Tribunal Federal irá analisar se a lei que proíbe o aborto está realmente de acordo com a constituição brasileira.

    Publicidade

    Leia Mais: Marcas femininas da Ed. Abril se unem pela equidade de gêneros

    Publicidade

    Importante destacar também que mulheres produzem metade da ciência no Brasil. Segundo o relatório “Gender in the Global Research Landscape”, divulgado pela Elsevier, maior editora científica do mundo, a porcentagem de brasileiras que publicam artigos científicos cresceu 11% nos últimos 20 anos, chegando a 49% do total. Ao lado de Portugal, nosso país é o que mais possui publicações feitas por mulheres.

    Em março, a lei que torna obrigatório o ensino de noções básicas sobre a Lei Maria da Penha, que visa coibir a violência doméstica, para alunos de escolas públicas do Rio de Janeiro, também saiu do papel e, em breve, estará em todas as salas de aula do estado. O objetivo é promover noções de igualdade de gênero, desincentivando atos de violência contra a mulher.

    CLAUDIA e Uber se unem em campanha contra o assédio. (CLAUDIA/Divulgação)

    Nesse sentido, de que a mudança só ocorre por meio da educação, a iniciativa da revista CLAUDIA ao lado da Uber e com apoio da ONU Mulheres é excelente. Foi desenvolvida uma campanha de informação e prevenção de situações de assédio. Todos os motoristas parceiros da plataforma receberam uma cartilha digital e um vídeo que retratam situações do dia a dia de trabalho dos motoristas e os cuidados que devem ser tomados em cada uma delas. Sessão informativas presenciais, em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, também estão no pacote. Nelas, de forma descomplicada, serão apresentados conceitos como machismo, feminismo e o espaço que a mulher ocupa na sociedade.

    A TV também sinaliza mudanças de paradigma. Recentemente, por exemplo, a apresentadora do canal Multishow Titi Muller, durante o festival Lollapalooza, resolveu se posicionar em uma transmissão ao vivo contra a exibição do show de um artista conhecido pelas letras machistas e misóginas. “Eu gostaria de falar ‘machistas não passarão’, mas vai passar nesse canal agora”, disse ela.

    Os exemplos acima provam: ainda faltam muitas conquistas, claro, mas é irreversível: as mulheres não serão silenciadas, elas tomaram as ruas e prometem não sair de lá até as mudanças acontecerem.

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Domine o fato. Confie na fonte.
    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

    Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
    digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

    a partir de R$ 12,90/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.