Assine CLAUDIA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A teoria das unhas vermelhas, sucesso no TikTok

Os motivos que existem por trás da cor que é vista como símbolo de sensualidade

Por Joana Oliveira
Atualizado em 10 jan 2023, 18h53 - Publicado em 27 nov 2022, 08h50

Em meio aos muitos truques de beleza e dicas de maquiagem no TikTok, tem chamado a atenção the red nails theory (ou a teoria das unhas vermelhas). Isso desde que a criadora de conteúdo GirlBoss Town, que tem mais de meio milhão de seguidores, levantou a hipótese de que unhas vermelhas aumentam a atração do público masculino nas mulheres.

“Toda vez que estou com unhas vermelhas, um cara sempre comenta. Aí percebi… Nos anos 1990, quando éramos crianças, muitas mulheres, especialmente nossas mães, usavam unhas nessa cor. Isso me fez pensar que os homens são atraídos por unhas vermelhas porque lembram delas”, diz ela em um dos vídeos. Não demorou para que milhares de tiktokers corroborassem a teoria. E vídeos de diversas contas que ensinam a fazer uma manicure vermelha perfeita superaram três milhões de visualizações (principalmente entre homens).

@girlbosstown

Reply to @meganandliz @tinx @serenakerrigan care to comment on this

♬ original sound – GirlBossTown

Essa teoria, no entanto, vai além do TikTok e tem um fundo psicológico mais amplo do que a simples lembrança materna. No livro Beauty Imagined: A History of the Global Beauty Industry (2011, sem edição brasileira), Geoffrey Jones, historiador e professor da Escola de Negócios de Harvard, explica que a cor vermelha indica fogo e paixão, ousadia e confiança” e, por isso, mesmo que estejam numa parte não sexualizada do corpo, como as unhas, acaba chamando a atenção de muitos.

Continua após a publicidade

E essa história de fascínio remonta a séculos atrás. No ano 3.000 a.C., cera de abelha, clara de ovo e corantes vegetais eram misturados numa pomada para tingir de vermelho escuro as unhas dos membros da realeza. No Antigo Egito, as faraós Nefertiti e Cleópatra também usaram unhas vermelhas como símbolo de status e poder. Até o século XX, fórmulas caseiras eram usadas para fabricar os esmaltes e, de acordo com o livro de Jones, as tonalidades avermelhadas eram associadas a atrizes e prostitutas. A primeira marca de esmaltes surgiu em Nova York, em 1916 (a Cutex), com um produto incolor. Um ano depois, o produto foi incrementado com um corante rosa e, depois, ganhou um leque de cores (muitas delas originadas de tintas automotivas).

O esmalte vermelho surgiu com força total em 1932, com o surgimento da Revlon e seus pigmentos carmim. A inspiração dos criadores Charles e Joseph Rveson teria sido os lábios escarlates que estavam na moda: eles decidiram, então, combinar o batom vermelho com um esmalte na mesma cor. O historiador Geoffrey Jones lembra que os produtos viraram um fenômeno da época e o vermelho intenso tomou as passarelas de moda e as unhas de muitas mulheres. Um dos slogans do vermelho escuro Fire and Ice da marca era“Para você, que vive para flertar com o fogo”.

Ou seja, a teoria de poder, sedução (e certo perigo) das unhas vermelhas já existia ali. Mas só após a Segunda Guerra Mundial, com o barateamento do custo de produtos sintéticos, os esmaltes deixariam de ser um artigo de luxo e se tornariam mais acessíveis. Foi quando divas como Lauren Bacall, Joan Crawford, Marilyn Monroe, Rita Hayworth e outras conquistaram os olhares e suspiros do mundo. “Não à toa, todas usavam unhas vermelhas com frequência”, lembra Jones, que enfatiza a importância que o esmalte carmim teve na sexualização dessas celebridades.

Continua após a publicidade

Feminilidade e poder

Em 1947, o tom luminoso e denso do que ficaria conhecido como vermelho Christian Dior se tornou uma marca registrada da maison francesa, tanto nas roupas quanto nos cosméticos. Apostando na exaltação de uma hiperfeminilidade, a marca lançou, em 1953, o batom Rouge Dior e, anos depois, o esmalte Dior Vernis Rouge 999, sob o argumento de que “um simples toque de vermelho nos lábios e nas unhas poderia fazer maravilhas para iluminar” uma mulher. Ícones da época, como Liza Minnelli ou Dolly Parton encarnavam perfeitamente essa ideia.

O famoso 'vermelho Dior' no batom e esmalte da marca.
O famoso ‘vermelho Dior’ no batom e esmalte da marca. (Reprodução/Divulgação)

Nas décadas seguintes, as unhas vermelhas da princesa Diana fascinariam o mundo, e o poder dessa cor seria revisitada e reinventada mil e uma vezes na moda, no cinema e até na música. E o poder dessa cor permanece até hoje, não à toa, os esmaltes vermelhos ainda são os mais populares nos salões de beleza. Hoje, em meio ao viral da teoria das unhas vermelhas no TikTok, novas tonalidades surgem para se unir aos clássicos, como o esmalte de luxo Rouge Pop Art, de Yves Saint Laurent, o Big Apple, da OPI, ou o tom Rosalía, criado pela MAC em homenagem à cantora espanhola. Como diz Geoffrey Jones, “o vermelho é uma cor que transmite força, segurança e empoderamento e, ao mesmo, se insere nos clássicos,u sendo uma escolha adequada a qualqer momento.”

Continua após a publicidade
Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de R$ 12,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.