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O Oscar continua um “clube do Bolinha” branco e sem data para mudar

Mais um ano, mais diretoras e pessoas não-brancas esnobadas nas principais categorias... Até quando?

Por Lucas Castilho
Atualizado em 13 jan 2020, 16h04 - Publicado em 13 jan 2020, 16h02

Então, finalmente, nesta segunda-feira (13), saíram as indicações ao Oscar 2020 e, por mais que todo mundo tenha se preparado para o pior, elas conseguiram ser ainda mais decepcionantes. Claro, coisas boas aconteceram como a gloriosa indicação de “Democracia em Vertigem”, da brasileira Petra Costa, a Melhor Documentário”, além do sul-coreano “Parasita”, um dos melhores longas de todos os tempos, nomeado como Melhor Filme”, “Filme Estrangeiro”, e “Diretor”.

Porém, não deixa de ser bastante problemático que, mais uma vez, somente homens concorram para Melhor Direção. Nenhuma indicação para Greta Gerwig? Lulu Wang? Marielle Heller? Kasi Lemmons? Quando absurdos do tipo acontecem, a grande justificativa é o “merecimento”, agora, será mesmo que Todd Phillips, diretor de “Coringa”, realmente merecia mais estar entre os nomeados do que essas mulheres que entregaram trabalhos, no mínimo, irretocáveis? Será que um filme (mais um!) sobre masculinidade tóxica merecia mesmo 11 indicações?

Nas categorias de atuação, mais motivos para fúria: 19 dos 20 indicados são pessoas brancas. Cynthia Erivo, que interpretou a abolicionista norte-americana Harriet Tubman, em “Harriet”, foi a única atriz não-branca indicada – e por um papel histórico e associado com a escravidão (mantendo a “tradição” da Academia de não celebrar mulheres negras em papéis contemporâneos.

E não é que não existiram boas opções no último ano. Jennifer Lopez, por exemplo, em “As Golpistas”, foi lembrada com indicações no Globo de Ouro, Critics Choice Awards, e SAG, mas completamente ignorada pelo Oscar. Lupita Nyong’o, que interpretou com maestria DOIS papéis em “Nós”, saiu vencedora em grande parte dos prêmios organizados por críticos da indústria e também foi esquecidíssima.

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Awkwafina, de “A Despedida”, foi a vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical (a primeira atriz com ascendência asiática a conquistar o feito, diga-se!) e, mesmo assim, isso não foi suficiente para ela ganhar uma nomeação. Outros nomes? Eddie Murphy, por “Meu Nome é Dolemite”, Zhao Shuzhen, de “A Despedida”, e TODO o elenco de “Parasita”.

Sim, já foi uma surpresa “Parasita” estar entre os indicados de Melhor Filme (ao lado de “Mulheres Adoráveis”, é o único longa indicado que não fala sobre homens brancos heterossexuais), mas Song Kang-Ho, Jang Hye-jin, Choi Woo-Shik, e Park So-Dam,  responsáveis por da vida à família de anti-heróis protagonista, mereciam receber reconhecimento nas categorias de atuação. Óbvio, o roteiro é brilhante e a direção cheia de nuances e surpresas é uma grande realização, mas o longa não seria metade do que é, não fossem as interpretações fantásticas dos atores. Quando um filme é reconhecido, mas os atores dele são ignorados, como é chamado isso mesmo?

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Enquanto isso, Scarlett Johansson recebeu não uma, mas duas indicações… Com tantas opções interessantes, o próximo mês poderia passar livre de polêmicas, mas, mais uma vez, a Academia resolveu premiar as mesmas pessoas de sempre – e elas nem são tão brilhantes assim.

Por mais que o Oscar seja apenas a “festa da firma” mais ridiculamente cara do planeta, a cerimônia ainda é um dos eventos mais assistidos do mundo e não deixa de ser um reflexo de como Hollywood vê a si mesma. Pior, reforça a percepção de que os espaços para pessoas não-brancas e mulheres são sempre menores.

Por mais que nos últimos anos mudanças tenham acontecido, elas não foram suficientes: tudo continua muito branco, masculino e, infelizmente, sem data para mudar.

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