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Juliana Borges é escritora, pisciana, antipunitivista, fã de Beyoncé, Miles Davis, Nina Simone e Rolling Stones. Quer ser antropóloga um dia. É autora do livro “Encarceramento em massa”, da Coleção Feminismos Plurais.
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O sono não me visitava há meses

Dores de cabeça, corpo sempre dolorido, um cansaço constante; eu achava que o sono havia me abandonado definitivamente

Por Juliana Borges
Atualizado em 23 Maio 2020, 21h00 - Publicado em 23 Maio 2020, 21h00

23 de maio de 2020

Uma coisa assombrosa aconteceu. Ainda não acredito que foi possível e estou presa, e me prendendo, no místico em torno disso. Pela primeira vez nessa quarentena, eu consegui dormir por nove horas ininterruptamente. Pela primeira vez, acordei bem disposta, sem ter que me obrigar a levantar, a sorrir. O sorriso veio leve, veio sozinho, mesmo que eu tivesse que preparar o almoço e estender a roupa no varal. Pode isso, Arnaldo?

A insônia é uma presença há algum tempo na minha vida. E eu adoro dormir. Ansiedade, estresse, preocupações mil e a insônia estava mais persistente. Mas com a quarentena, a coisa foi ao topo. Ir dormir às cinco da manhã, que passou para seis, que passou para sete, até chegar às nove e o recorde de ficar “virada”, sem dormir por mais de 24 horas.

Chá de camomila já era só um consumo por gostar. E eu tento evitar já logo “cair” no remédio. Não o nego, mas vou tentando o alternativo até que seja inevitável. Mas com a quarentena, tudo foi progredindo, de modo que eu sempre acordava com já metade do dia tendo se despedido, com o corpo dolorido e com mau humor. Tá certo que meu humor nunca foi dos melhores pela manhã, meu ex que o diga, já que ele é a disposição em pessoa todas as manhãs. Opostos que se atraem. Quem é que entende a vida? Mas a espiral do sono estava já começando a deixar meu cérebro e processo criativo deficitário. Dores de cabeça, corpo sempre dolorido, um cansaço constante. Eu achava que o sono havia me abandonado definitivamente.

Mas nessa noite, foi como um presente. Cerca de onze da noite e meu corpo já dando sinais de que a cama era o meu destino mais que perfeito. Eu ainda insisti, com medo de que fosse um engano, uma peça da fortuna, mas não. Era ele mesmo. Majestoso, sublime, implacável. Sono, não me abandone e venha me visitar mais essa noite!

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Brincadeiras à parte, os distúrbios do sono têm sido uma preocupação dos especialistas nesse período de quarentena e pandemia. Muitos já notaram um aumento no número de pessoas procurando ajuda sobre distúrbios do sono, seja pela perda, insônia, seja pelo excesso. Segundo esses especialistas, isso seria lido como um “atraso de fase”, quando há mudanças significativas em nossas rotinas. Ou seja, a gente passa a dormir mais tarde, acordar mais tarde e o impacto vem na nossa menor produtividade no trabalho, problemas na relação com os familiares, porque o sono impacta na nossa irritabilidade ou não. E as nossas incertezas diante do presente, a nossa falta de controle sobre o futuro, sem saber o que vai ser, agem diretamente no aumento de nossa ansiedade. E isso também acarreta os “distúrbios do pesadelo”, outro fenômeno também observado pelos especialistas, quando os sonhos são visitados por situações de confronto, briga e dificuldade de sairmos de algum lugar. Isso aumenta mais ainda o estresse e a ansiedade posteriores.

Algumas coisas são ditas pelos especialistas para nos ajudar nisso como tentar estabelecer uma rotina no horário em que acordarmos, porque, muita vez, acreditamos que temos que dormir menos para forçar um suposto sono depois. Mas dormir menos só aumentará nossa ansiedade e reduzirá mais ainda a nossa energia. Outra coisa é tentarmos aproveitar ao máximo o dia, já que nosso corpo trabalha com ciclos de luz e escuridão e perder parte da luz da manhã impactará no sono à noite.

Também é indicado que a gente reduza o quanto nos expomos às notícias sobre a pandemia ou que nos trazem preocupações e buscarmos fontes confiáveis para isso. Uma dica que achei preciosa foi a de separarmos um momento do dia para pensarmos sobre o que nos incomoda, já que não adianta fingir que não temos preocupações, e pensar sobre os problemas também é importante para definir estratégias e soluções. Mas não ficar remoendo preocupações o dia todo pode ampliar os problemas e não resolvê-los ou acalmar a mente. E, claro, um descanso das redes sociais. A interação contínua, a quantidade de informações, debates, etc., também podem ser estressores. E mais uma infinidade de dicas.

O ideal é que algumas horas antes de dormir, a gente comece a se desligar de computadores, celulares, TV e nos dediquemos para leituras, para coisas relaxantes. Se a TV for inevitável, que seja uma comédia romântica e não um seriado sobre a pandemia, como eu estava fazendo.

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Que o sono me visite essa noite de novo. Juro que tomarei todas as medidas necessárias. Vem, querido!

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