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Curso de sexualidade feminina busca auxiliar mulheres no autoconhecimento

Conversamos com a professora, sexóloga e psicóloga Laura Müller sobre os desafios do prazer ao longo da vida de uma mulher

Por Paula Jacob
Atualizado em 2 ago 2022, 17h39 - Publicado em 26 jul 2022, 09h11

Chegamos num ponto da conversa sobre sexualidade feminina que é necessário uma troca de conhecimentos e experiências. Falar sobre a temática é, sim, importante, porque só assim damos visibilidade para ela. Porém, colocar os assuntos em prática é um segundo passo nessa evolução constante sobre o autoconhecimento do prazer. Pensando nisso que a sexóloga, psicóloga e jornalista Laura Müller lança, em parceria com o Percursa, o curso Sexualidade Feminina e Prazer. “Queremos conversar com mulheres maduras, seguras e que tenham uma coragem e um empenho de olhar para sexualidade para enxergar o que pode ser transformado para viver com mais prazer”, conta a também professora à CLAUDIA.

Totalmente online, ele possui três módulos, um introdutório, que abrange diversas áreas, um focado especificamente na mulher, no seu corpo e funcionalidades, e o último destinado aos assuntos compartilhados na parceria afetiva. Com uma didática bastante leve e convidativa, as aulas apresentam conteúdos que vão desde o orgasmo e toda a sua complexidade, passando por masturbação feminina e brinquedos eróticos até as transformações corporais e hormonais que acontecem ao longo da vida — e o quanto isso está conectado com o nosso prazer, claro. Às alunas, ainda é destinado um material complementar que auxilia no repertório acerca do assunto, que incluem dicas de filmes e contos eróticos.

Curso de sexualidade feminina com Laura Müller
(Percursa/Divulgação)

As mulheres estão se permitindo redescobrir a sexualidade porque o assunto tem deixado de ser tão tabu como era na época das nossas avós e bisavós. Então, essa mudança histórica, cultural, social, econômica e tecnológica que a gente vive no mundo atual, possibilita diversos diálogos”, explica Laura, elucidando sobre as redescobertas do corpo e do próprio prazer depois da juventude. “Cada mulher é única, [por isso] vão ter jeitos únicos de lidar com a própria sexualidade.” A seguir, um papo exclusivo com ela sobre os desafios atuais em torno da busca pelo prazer, com respeito, paciência e empatia:

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Quais são os maiores desafios ainda hoje para quem não tenhamos empecilhos diante da sexualidade feminina e do corpo com vulva? 

Os maiores desafios são cada uma ser o que é e entender o próprio corpo, a própria sexualidade, sem ficar buscando um padrão. Compreender a si mesma e buscar fazer as coisas da forma que mais tem a ver consigo mesma. Cada ser humano é único, e cada pessoa, cada mulher é única, vai ter um jeito único de lidar com a sua sexualidade. E esse jeito único que é importante ser valorizado, cada uma conhecer cada vez mais o seu corpo. E isso é um grande segredo para dar uma melhoria na sexualidade e um grande empecilho também, porque às vezes a gente tem uma grande dificuldade de buscar dentro de si quais são os limites, as possibilidades e fica tentando se encaixar em padrões e padrões aprisionam, geram cobranças, geram uma série de dificuldades.   

Um dos maiores medos do envelhecimento para a mulher está relacionado à libido e outras transformações hormonais que interferem na vida sexual. Isso deve ser um medo mesmo? Existem jeitos de driblar ou postergar as transformações biológicas? 

Eu não diria um medo, mas um motivo de atenção, quando a gente tem uma mudança hormonal importante, isso afeta o corpo como um todo, a saúde como um todo e a sexualidade também. Por exemplo, a mulher quando entra na menopausa, ela vai ter uma dificuldade com a lubrificação vaginal, vai ter uma mudança nos tecidos do corpo, na pele, no cabelo e unhas. E vai ter uma mudança também na região vaginal, então a vulva vai ficar um pouco mais fina, a mucosa da região vaginal fica mais fina e pode ser o caso de buscar um ginecologista para ver como amenizar os sintomas da menopausa. Não dá para acabar com a menopausa, mas pode amenizar os sintomas e lidar melhor com as mudanças.  

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Mas o principal é lidar com as transformações emocionais, e o que isso significa? Buscar uma terapia, olhar para si mesma de uma forma mais carinhosa e entender que ela não vai deixar de ser mulher só por causa dessas grandes transformações hormonais. Ela pode, sim, viver a sexualidade a vida inteira, fazendo pequenos ajustes, por exemplo, eu falei da lubrificação vaginal, é só ela usar um lubrificante a base de água, buscar outras formas de se estimular. Enfim, se abrir aos novos momentos da vida dela e encontrar novos caminhos.  

Postergar as transformações biológicas? Os médicos dizem que dá para a gente dar uma amenizada nas transformações, agora, não dá para com 50 anos, querer ter 18, isso não vai acontecer. E nem com 80, querer ter 50. Então, o melhor jeito é se aceitar, na fase que está e cuidar do corpo e da saúde, da melhor forma possível, sem grandes exigências, de querer ser jovem a vida inteira, porque isso é impossível.  

Quais dicas você diria que são essenciais para as mulheres não temerem o contato com a própria sexualidade? 

Uma primeira dica essencial é a mulher entender que ela é dona do próprio corpo, dona de si mesma e da própria sexualidade. Então, ela pode e deve olhar para si da melhor forma possível e esse contato com a sexualidade pode ser fundamental para ela viver um ganho de bem-estar como um todo.  

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Curso de sexualidade feminina com Laura Müller
(Percursa/Divulgação)

A sexualidade e o prazer femininos sempre foram ensinados a partir da perspectiva do outro. O que você acha que tem feito essa chave virar atualmente? Por que devemos nos conhecer primeiro antes de qualquer coisa? 

Se conhecer primeiro isso vale não só para sexualidade feminina, como para masculina, para todos os gêneros, qualquer forma de viver o desejo e o prazer. Porque a partir de nós nos conhecermos, podemos nos apresentar para quem está ao nosso lado, as maneiras de levar a gente a ter mais prazer ou não, apresentar também o que a gente não gosta na hora de viver os encontros amorosos e sexuais.  

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No curso, você ensina exercícios práticos para as mulheres fazerem no dia a dia. Sem muitos spoilers, você pode recomendar alguns objetos/ferramentas/livros que elas podem ter em casa? 

O curso! (risos). De livros, tem um de minha autoria, Sexo para Adultos, que dá uma noção da sexualidade feminina, com perguntas e respostas. Perguntas relacionadas ao universo da sexualidade. Esse livro pode ser uma boa leitura para ter em casa. Objetos, vou recomendar uma ida ao sex shop e buscar o que der mais prazer para ela. Em geral, eu sempre recomendo buscar informações: no YouTube, por exemplo, tenho vários vídeos sobre brinquedos eróticos. Vale dizer, aliás, que um brinquedo erótico para começar a se perceber melhor nesse universo erótico são os massageadores da região do clitóris, que podem trazer mais prazer e ajudar inclusive a chegar ao orgasmo.  

Ultimamente, vemos muito a imposição ao gozo, “a mulher precisa gozar”. Mas isso é também levar a conversa para outro extremo. Você acredita que o caminho é mais importante que o fim? Por quê? 

Na verdade, o mais importante, não sei se é o caminho ou o fim, se tem mais ou menos importante. Talvez a vivência desse prazer, com começo, meio e fim. O antes do prazer, o depois do prazer, tudo isso é importante. Valorizar cada etapa do encontro amoroso, encontro sexual, valorizar cada etapa também de estar consigo mesma, falando de masturbação. Valorizar cada etapa da obtenção do prazer e inclusive o pós, relaxamento após o orgasmo.  

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A sociedade também enfrenta questões a respeito do corpo da mulher muito porque não tivemos uma educação sexual bem estruturada nas escolas. Qual o poder da informação bem trabalhada e ensinada nesse contexto? Você acredita que a educação é um dos caminhos para termos melhorias nesse cenário? 

Sim, a educação sexual é poderosa. Acredito nela via mídia também, não só nas escolas. Nos parâmetros curriculares nacionais, sugere que a partir dos 6 anos a criança já tenha o tema sexualidade. Ser tratado em casa também e os conceitos irem evoluindo à medida que essa criança cresce, chegando na adolescência. A partir da pré-adolescência a gente fala mais propriamente do assunto. É muito importante. A educação via mídia pode complementar. Eu fiquei 15 anos no Altas Horas tirando dúvidas dos jovens, e é muito gratificante. É bacana aliar diversas formas para falar sobre sexualidade. Comecei minha carreira de educadora sexual na própria Revista CLAUDIA, como editora de sexualidade, final dos anos 90/2000. Sempre acreditei no poder das revistas femininas. Falar de educação sexual nos mais variados âmbitos, a educação na sociedade como um todo, é sim, um dos melhores caminhos, para mudar esse cenário e deixar a sexualidade cada vez mais saudável, responsável e prazerosa.

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