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Tristeza no fim do ano? Saiba como lidar com esse sentimento

Nem todo mundo consegue se contagiar pela alegria generalizada no Natal e Ano Novo. Especialistas dão dicas para atravessar o período com serenidade

Por Joana Oliveira
20 dez 2022, 09h38

Comilança, presentes, mesa farta e rodeada de pessoas sorridentes. A imagem tradicional das celebrações de Natal, onde impera a alegria, nem sempre corresponde à realidade de quem vive o final do ano com tristeza e até uma certa ansiedade. Se isso acontece com você, não se preocupe, não é a única. De acordo com psicólogas ouvidas por CLAUDIA, não é tão incomum que esse período desperte sentimentos de angústia, principalmente num ano que, como os dois anteriores, tampouco foi fácil. “Ainda tivermos muitas perdas, inclusive por Covid-19, muita instabilidade política, social e financeira. Tudo isso afeta nossa visão de futuro, que está diretamente associada a esse desconforto, à preocupação exacerbada com o que virá”, explica a psicóloga Marihá Lopes. A especialista diz que essa é uma receita perfeita para a ansiedade, que arrasta também a tristeza.

Marihá comenta que, apesar da pressão social pela felicidade ser ainda maior nos últimos dias de dezembro, não há nada de errado em não participar ou compartilhar desse pico de alegria. “Algumas pessoas são, de fato, mais pé no chão, estão mais preocupadas com a realidade que se vive e acabam tendo um pouco menos dessa euforia.”

Nesse período em que, geralmente, se faz o balanço de tudo que foi vivido, aprendido e sentido em 2022, é normal que venham à tona frustrações, saudades e até sensações de desamparo e solidão. “Na clínica, observamos que a ansiedade em relação às festas de fim de ano costumam envolver conflitos com familiares ou amigos que não foram resolvidos em outros momentos. Aí, vem a festa na casa da avó, e a pessoa fica preocupada desde outubro, porque sabe que vai encontrar aquela pessoa com quem a conversa é difícil e sempre pinta um climão”, conta a também psicóloga Juliana Bley, autora do livro Gestão da Travessia (Almedina Brasil).

Juliana lembra que a mesa da ceia de Natal não é o local mais indicado para resolver esses desentendimentos ou reconciliar laços rompidos, mas considera que é importante refletir sobre o quão saudável é lidar com essas questões no decorrer do ano, para que a tensão não se concretize justamente nos brindes de Ano-Novo.

Juliana ressalta, no entanto, que negar os próprios sentimentos e emoções para se adaptar à alegria coletiva geralmente aumenta ainda mais a sensação de angústia e vazio. “O primeiro passo é acolher a si mesma. Conversar com alguém de confiança ou mesmo escrever de forma fluída e sem julgamento sobre o que está sentido”, orienta. Ela recomenda fazer as seguintes perguntas: Como posso nomear o que está acontecendo aqui dentro? Existe alguma relação entre o que sinto e os estímulos dessa época de festas? Ou tem a ver com outros processos que estou vivendo? “Entrar em contato com o que está vivo dentro de si acessando a emoção pode ser uma ótima maneira de ganhar uma compreensão mais ampla e insights sobre seus afetos e necessidades do momento”, acrescenta.

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O segundo passo, segundo a especialista, é a aceitação. “Não tem a ver com se conformar, mas com parar de brigar com o que se está sentindo. Quando fazemos isso, abrimos caminho para lidar com a situação com mais consciência e maturidade”, explica. A terceira etapa é, então, gerenciar, entender como se quer enfrentar esse período de alegria generalizada. “Se pergunte: do que exatamente preciso neste momento para me sentir respeitada? Em quais celebrações desejo estar presente e em que outras escolho não participar? Como posso negociar meus limites com família, amigos e colegas de trabalho, de forma a estar aberta para participar do coletivo mas também respeitando o espaço que preciso?” Essas são algumas dicas para atravessar o fim do ano.

Natal e o luto

Para muitas famílias, este será o primeiro Natal em que elas se reencontrarão presencialmente para uma celebração que também será marcada pela ausência dos entes queridos que morreram na pandemia de Covid-19. O luto pode ser, então, mais um ingrediente de tristeza.

A psicóloga Marcela Dias dá algumas recomendações básicas para lidar com o peso desse sentimento nesse período: “É preciso respeitar os que tenham necessidade de verbalizar a dor e a saudade e poupar os que não gostam de falar dos seus sentimentos. Se você sentir vontade de chorar, chore. E não se incomode com a felicidade alheia. Isso não significa que a pessoa não está sentindo falta do ente querido. Simplesmente, alguns indivíduos têm mecanismos de defesa no enfrentamento do luto, entre eles o demonstrar de aparente alegria.”

Marcela diz que é importante respeitar também a decisão de cada um de se reunir com os familiares e amigos remanescentes ou não. Segundo ela, esse reencontro pode ser positivo para reelaborar a estrutura familiar, por exemplo. Por outro lado, pode gerar alguns desconfortos por situações ainda não gerenciadas, como acusações e questões financeiras. “A melhor solução é perguntar diretamente como cada um quer celebrar o Natal e respeitar as escolhas”, afirma.

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A psicanalista Amanda Mont’Alvão Veloso considera que essas reuniões podem ser muito significativas e restauradoras sempre que acontecerem em torno do amparo, da sensibilidade e da memória. “E, independentemente de situações de luto, esses momentos não precisam ser movidos por ideais de felicidade, como se só pudéssemos comparecer caso estivéssemos ‘de bem com a vida’. Estarmos uns com os outros é o tipo de laço que precisa incorporar a tristeza e o tédio, pois é muito irreal e danoso pensar nossa vida como um espaço de compartilhamento apenas da alegria ou da leveza.”

Além disso, Amanda lembra que o Natal e o Ano Novo não precisam ser os eventos definitivos e simbólicos do que significa estar junto das pessoas que amamos. “Eles pode ser mais uma entre muitas ocasiões especiais. Talvez isso nos ajude a acomodar as expectativas e diminuir a pressão”, conclui.

 

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