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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.

O que venho aprendendo com o silêncio

Quanto mais tenho exercitado essa prática, mais fundo tenho mergulhado

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 jul 2023, 10h04
silêncio
O bombardeio é constante e se não nos fecharmos no silêncio ficará difícil colocar em prática o mais importante, que é o autoconhecimento (JACK REDGATE/Pexels)
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Tenho o costume de caminhar. Adoro andar nas proximidades de minha casa pela manhã. É o meu momento. Tinha o costume de fazer isso ouvindo podcasts para me informar ou aprender algo novo, mas de uns tempos pra cá aceitei a sugestão da minha terapeuta e passei fazer isso sem ouvir nada. Dei um descanso para o fone de ouvido e passei a mergulhar no meu silêncio. A experiência tem sido surpreendente. É incrível como tenho conseguido olhar mais para dentro e exercitar a atenção para meus sentimentos e encontrar respostas para meus dilemas.

Já havia sentido o mesmo quando fiz o Caminho de Santiago, no ano passado, como contei em outra coluna. Olhando em retrospecto, os momentos em silêncio foram os que possibilitaram que eu me desconstruísse e me reconstruísse. Não sei dizer porque não segui com este costume quando voltei. Talvez tenha sido pela força do hábito.

Mas em vez de pensar neste porquê, prefiro me apegar aos benefícios que o silêncio tem me trazido. Quanto mais tenho exercitado essa prática, mais fundo tenho mergulhado. É como se eu conseguisse dar um passo a mais para o lado de dentro a cada caminhada. 

As minhas sensações são tão pessoais que não tinha parado para pensar que poderiam ter uma explicação científica para tantos benefícios, ou que outros podiam estar usufruindo dessa possibilidade. Só me dei conta disso quando li o livro Escute teu Silêncio, da jornalista, apresentadora da rádio CBN (e amiga querida), Petria Chaves

Nas 268 páginas da obra, ela conversou com médicos, neurocientistas, religiosos e pesquisadores sobre esse tema. O que mais me impressionou é que todos não só estudam como também praticam o silêncio. Cada um à sua maneira encontrou uma forma de ficar uns minutos na introspecção ao longo do dia. Foi incrível ler o livro e ver que o que venho fazendo não é algo só meu. Ler os relatos foi uma confirmação das minhas impressões e uma forma de aprender mais a esse respeito.

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Muita informação e pouca reflexão

Conversei com a Petria sobre o livro. Quis saber quais foram as suas motivações para falar sobre esse tema. Ela me contou que o interesse vem de muito tempo. Como âncora de um programa numa emissora de rádio de grande audiência, ela sentiu no dia a dia a dificuldade de ser ouvida e compreendida. “Quando estávamos no período mais acirrado da política no Brasil, eu percebia a total incapacidade, o medo mesmo que a gente tinha de falar alguma coisa que podia ir contra o que o outro pensava e o outro não estava disponível para ouvir. Veio daí um pouco do desejo de pesquisar a história da escuta.”

Concordo com ela. Estamos vivendo um momento de muito estímulo, muita informação. É como se tivéssemos a obrigação de ter opinião pra tudo, mesmo que seja sobre algo que pouco conhecemos e muitas vezes chega até nós de forma enviesada, contaminada pela visão restrita de dentro da bolha. O bombardeio é constante e se não nos fechamos no silêncio fica difícil colocar em prática o mais importante, que é o autoconhecimento.

Mas como o desejo de falar sobre a escuta se tornou um ensaio sobre o silêncio? “Falar sobre a escuta é muito legal, mas eu queria ir além e entender para onde essa escuta leva. Eu não poderia jamais, sendo quem eu sou, falar só de uma escuta mecânica, só de uma escuta diálogo. Inevitavelmente acabei indo para a história da escuta interior que acabou se mostrando muito também um diálogo”. 

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Isso que Petria fala vai ao encontro de uma das percepções que tive ao buscar mais o silêncio: o barulho constante da minha mente. Os pensamentos não cessam. Um puxa o outro e quando me dou conta, já estou pensando no tema mais aleatório e de forma totalmente automática, sem buscar entender como cada um me afeta. Entendi que não basta ficar quieto. É preciso aquietar a mente.

Trazendo entrevistas com grandes personalidades e estudiosos que admiro muito, o livro me estimulou a exercitar essa prática. Me chamou atenção que todos falaram da importância do silêncio para sobreviver a esse mundo caótico em que vivemos. “A relevância do silêncio para mim é fundamental até no resgate da poesia no dia a dia, que eu acredito muito ser essencial. Temos visto muita gente com ansiedade, muita gente com depressão, porque vive num modo muito acelerado. Não estou dizendo que é para você ficar em contemplação o dia inteiro, mas é importante criar pequenos bolsões de contemplação para lembrar que a vida é muito mais mágica e poderosa do que as nossas atividades do dia a dia”.

O silêncio que ajuda o diálogo

Petria também conseguiu mostrar a importância que o silêncio tem para nossas conversas. “O exercício que você faz de escutar o lado de dentro te permite exercitar a escuta de fora. E o inverso também é verdadeiro. Quando você presta atenção nos sons de fora, quando você está atento, usa o mundo para estar presente, você consegue fazer um exercício de introspecção de uma maneira mais fácil”.

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Perguntei a ela qual tinha sido seu maior aprendizado após a produção do livro. “Depois do livro, todo dia eu me pego vendo como eu ainda não sei escutar. E como eu tenho que melhorar.” Como leitora, me coloco um pouco neste mesmo lugar que a Petria. Parece que estou mais atenta e percebendo mais a minha ausência do momento presente. 

Entendo isso como algo bom. O primeiro passo para melhorar é se dar conta do que estamos fazendo de errado para corrigir a rota. 

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