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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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Como falar sobre a crise climática com nossos filhos

As crianças precisam estar cientes dos riscos relacionados ao clima, mas não devem ser pressionadas a dar uma solução para o problema

Por Stéphanie Habrich
21 out 2024, 18h36
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  • Como falar sobre a crise climática com nossos filhos
     (Reprodução/Reprodução)

    Chuva e ventania em São Paulo, furacão nos Estados Unidos, seca na Amazônia, alagamento no Saara e o fogo devastando florestas inteiras. Não tem como não notar que os desastres climáticos têm se tornado cada vez mais frequentes e extremos no Brasil e no mundo. São muitas famílias direta ou indiretamente atingidas pelos efeitos das tragédias e uma dura realidade a ser compartilhada com as crianças.

    Ainda que os pais não queiram falar sobre isso com os filhos, eles já estão preocupados com o futuro do planeta. Pelo menos é isso que mostra a pesquisa etnográfica “O mundo que sei”, encomendada pelo Espaço Ekoa, escola de ensino infantil e ensino fundamental. 

    O levantamento mostrou que essa é uma infância crítica, preocupada e sobrecarregada, mas com muito a ensinar. As crianças querem ser ouvidas e têm opiniões fortes e surpreendentes sobre os principais assuntos do nosso tempo. Uma frase destacada no site do estudo me chocou. Um menino de 12 anos disse: “O mundo vai se acabando aos poucos e as pessoas não estão percebendo”. Outra adolescente, de 13 anos, alertou: “O único planeta que temos nós estamos destruindo. Por ganância, poder”.

    Um terço dos entrevistados mostrou preocupação com o futuro do planeta e 17% têm interesse por assuntos como aquecimento global e crise climática. O resultado do estudo mostra que as crianças estão com medo. Estão preocupadas com o futuro delas e do planeta. 

    Essa descoberta levanta diversos alertas para pais e mães. Conversando com Miguel Pachioni, oficial de comunicação do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, ele comentou: “As crianças não devem ser responsabilizadas em relação a isso. Não deve recair sobre elas o papel de transformar o mundo que os adultos não foram capazes de manter”, afirmou. “Ao mesmo tempo, o futuro também pertence a elas e sabemos que elas têm muito a dizer nesse sentido”.  

    Considerando que esse é um tema absolutamente necessário, eles estão propondo a estrutura de um jogo que vai circular em escolas do Brasil todo, com o objetivo de entender a visão dos jovens sobre isso. O resultado será reunido em um documento que deve ser apresentado na COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece no Brasil, em 2025.

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    Além das ações dentro das escolas, é necessário que nós, pais e mães, façamos a nossa parte dentro de casa. Precisamos tratar do tema de forma séria, mas sem assustar ou pressionar os nossos filhos. Como fazer isso? Fiz essa pergunta ao Instituto Alana, que me colocou em contato com Maria Isabel de Barros, pesquisadora do programa Criança e Natureza. Ela é especialista em infância e natureza deu dicas valiosas para inserirmos nossos filhos nessa discussão da forma correta:

    É preciso quebrar o silêncio

    O primeiro passo, segundo Maria Isabel, é quebrar o silêncio e apresentar os fatos básicos. Ela enfatiza a importância de não tratar o tema como tabu, mesmo que seja difícil e angustiante para os adultos. “As crianças estão em contato com isso. Não tem como evitar”, afirma.

    Recomenda também que os pais se informem através de fontes confiáveis e deu até algumas sugestões de sites: o Engaja Mundo para crianças e adolescentes e o Famílias pelo Clima.

    Vamos agir pela mudança

    Em vez de apenas lamentar o que vem acontecendo, que tal começarmos a mudança a partir de hábitos dentro de casa? Ela sugeriu algumas ações que podemos lançar mão: reduzir o consumo em geral, diminuir o consumo de carne, comprar alimentos produzidos localmente, cultivar alimentos em casa, plantar árvores na vizinhança, abolir o uso de plástico sempre que possível, economizar energia e tratar o lixo doméstico, separando recicláveis e compostáveis.

    Conectar com a natureza

    O contato com a natureza também faz diferença. “Até os 12 anos, as crianças não se percebem separadas da natureza”, explica Maria Isabel. “Essas experiências contribuem para que as crianças se relacionem com a natureza pela dimensão do sensível, do encantamento e construam um repertório de capacidade de sonhar, sonhar o futuro para si e para o mundo”.

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    Focar na esperança

    Precisamos focar na esperança e na capacidade das crianças de revolucionar. Ela sugere mostrar aos nossos filhos que muitas pessoas e organizações estão trabalhando arduamente para fazer as mudanças necessárias. “A gente precisa mostrar para as crianças que é possível mudar e que tem muita gente trabalhando pra fazer isso”. Ela menciona o conceito de “esperança construtiva”, que não é ingênua, mas uma baseada na mudança que vendo acontecer.

    Cuidar da saúde mental

    Para crianças e adolescentes que já estão emocionalmente afetados pelas questões ambientais, Maria Isabel recomenda intensificar as estratégias mencionadas, com um olhar mais atento. Sugere mais tempo ao ar livre, desconexão das telas, atividades físicas e engajamento em atividades de cultivo e plantio.

    Que tal uma leitura sobre o tema?

    A leitura de livros infantis também pode ser uma forma de abordarmos questões da natureza com os nossos filhos. Segundo Renata Nakano, diretora, educadora e idealizadora do Clube Quindim, um clube de livros infantis, a literatura infantil brasileira, e principalmente a literatura indígena, apresenta desde os anos 2000 uma riqueza cada vez maior de autores preocupados com a representatividade de nossa fauna e flora. Ela sugere alguns livros para cada diferentes faixas etárias. 

    0 a 2 anos

    Redondeza, de Daniel Munduruku e Roberta Asse

    Redondeza, de Daniel Munduruku e Roberta Asse

    Boniteza silvestre, de Lalau e Laurabeatriz

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    Boniteza silvestre, de Lalau e Laurabeatriz
    (Reprodução/Reprodução)

    3 a 5 anos

    Menina mandioca, de Rita Carelli e Luci Sacoleira

    Menina mandioca, de Rita Carelli e Luci Sacoleira
    (Reprodução/Reprodução)

    O invasor, de Daniel Cabral e Fereshteh Najafi

    O invasor, de Daniel Cabral e Fereshteh Najafi
    (Reprodução/Reprodução)

    6 a 8 anos

    Fio de rio, de Anita Prades

    Fio de rio, de Anita Prades
    (Reprodução/Reprodução)

    O monstro Papapalmeiras, de Dipacho

    O monstro Papapalmeiras, de Dipacho
    (Reprodução/Reprodução)

    9 a 12 anos

    A perigosa vida dos passarinhos pequenos, de Miriam Leitão e Rubens Matuck

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    A perigosa vida dos passarinhos pequenos, de Miriam Leitão e Rubens Matuck
    (Reprodução/Reprodução)

    O caminho para a casa de barro, de Rita Carelli e Xadalu Tupã Jekupé

    O caminho para a casa de barro, de Rita Carelli e Xadalu Tupã Jekupé
    (Reprodução/Reprodução)

    Essas dicas nos ajudam a tratar da questão climática com nossos filhos de forma divertida e amorosa. Agindo assim, vamos conseguir mostrar a eles que não estão sozinhos, que estaremos com eles em busca da mudança que queremos.

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