Decorando a casa? Inspire-se nesses ambientes de diferentes estilos da CASACOR São Paulo
A CASACOR São Paulo está de volta! Com o tema A Casa Original, a 34ª edição reúne projetos com diferentes visões da experiência do viver
É impossível que sua relação com a casa não tenha mudado durante o período de isolamento – e improvável que você não tenha comprado um quadro novo, mudado o tom de uma parede ou, ao menos, os móveis de lugar. Depois de tanto tempo, passamos a enxergar nosso lar com outros olhos.
Essa perspectiva rege a temática da edição 2021 da CASACOR São Paulo, A Casa Original. Os 56 ambientes, projetados por grandes nomes da arquitetura brasileira e jovens talentos, carregam diferentes visões do morar contemporâneo, evidenciando o desejo pelo retorno às origens e pelo equilíbrio entre o passado e o futuro.
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A mostra acontece no Parque Mirante, anexo ao Allianz Parque, em mais de 9 mil m² de área construída, até 15 de novembro. Selecionamos alguns destaques para inspirar ainda mais sua relação com o lar.
Hall Abluo
O espírito rebelde e os traços de liberdade característicos do estilo Memphis, criado na década de 1980 pelo designer austríaco Ettore Sottsass, marcam a atmosfera do Hall Abluo, projetado por Kika Tiengo (@kikatiengo_arquitetura).
“O hall deixou de ser um espaço de passagem e tornou-se um lugar de preparação, um estado intermediário entre o mundo lá fora e seu mundo próprio. Tiramos as máscaras, os sapatos e lavamos as mãos antes de seguir”, comenta Kika.
Uma das peças favoritas dela é a vassoura, obra da artista Tatiane Freitas (@tatianefreitastudio), que, além de uma lembrança afetiva, simboliza limpeza e purificação. Para imprimir conforto, a arquiteta buscou referências no passado. “O conceito da mostra me remeteu à primeira casa da minha lembrança.
Trago referências das casas das minhas avós, como no piso, na bancada e na coleção de caixas”, conta ela, que escolheu cerâmica artesanal para a base do lavatório fazendo uma releitura de um tanque que vem dessa memória afetiva.
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Espaço Kairós
Na mitologia grega, Kairós é o deus do tempo oportuno, aquele que não é baseado em horas, mas em momentos que marcam as ocasiões de relaxamento e felicidade. Fazer oposição à vida pautada por prazos e metas é exatamente a missão do quarto de 68 metros quadrados, projetado por Érica Salguero (@ericasalgueroarquitetura).
“Recorri às lembranças das casas da minha infância: a da minha avó tinha muita madeira, e refletia certa simplicidade carregada de história. Todas as texturas e elementos foram pensados para remeter a essas recordações”, conta.
Confeccionado especialmente para o espaço, o papel de parede Sisal, da Wallcovering (@wallcovering), cria um charmoso degradê em harmonia com a paleta neutra.
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Casa Alma
Com seus 160 metros quadrados, a casa projetada por Melina Romano (@mr.melinaromano) promete uma experiência sensorial. O sentido visual dos visitantes é aguçado pelo contraste entre formas e texturas.
“As pessoas entenderam que a casa é um refúgio – ela pode, e deve, ser um lugar de reconexão”, explica a arquiteta. O projeto é baseado em três pilares: slowness, soulful wellbeing, relacionados ao tempo, à alma e à mente, respectivamente.
O paisagismo é assinado por Aline Matsumoto (@alinematsumotoflores), que priorizou o uso de musgos, galhos de amora, alho, entre outros elementos, espalhados pelos ambientes de forma orgânica.
No banheiro da suíte, destaque para a banheira desenhada pela arquiteta e confeccionada em monolítico, com a mesma textura do piso, teto e parede.
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Casa Tempo
Ticiane Lima (@ticianelima) trouxe para a mostra uma Tiny House, nome dado a pequenas construções inspiradas pelo minimalismo. A casa de 40 metros quadrados propõe a praticidade através da integração dos ambientes.
“O maior desafio de um espaço compacto é transmitir a sensação de amplitude e aconchego”, conta a profissional. Para isso, ela investiu na luz natural – os rasgos na arquitetura criam um observatório para o céu – e num mobiliário moderno, de materiais acolhedores – a casa tem sua base estrutural em serralheria.
A poltrona Serena, do estudiobola (@estudiobola), traz cor e é sustentável: é feita com madeira de reflorestamento e revestida com lã Havoc, que, além de resistente e durável, funciona como um isolante térmico natural.
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Espaço Agô
A CASACOR São Paulo 2021 é um evento de algumas “primeiras vezes” para Gabriela de Matos (@gabdematos.arquitetura). Para começar, é sua estreia na mostra, a primeira arquiteta negra a fazer parte do evento. Seu projeto, logo na entrada, dá as boas-vindas ao público e leva no nome uma palavra em Iorubá que significa “pedir licença”.
O espaço propõe uma reflexão sobre a casa a partir de uma perspectiva afro-brasileira e ameríndia, no qual os limites da morada não são definidos pelas paredes, mas pelas relações que temos com o ambiente ao redor.
Os bancos Margem-de-rio, que parecem até fatias de bolo, fazem referência à técnica da taipa de pilão. “É meu primeiro mobiliário executado. Ele nasceu da celebração da minha história às margens do rio Doce e da minha pesquisa sobre técnicas ancestrais negras. Além de ser essencialmente ubuntu (filosofia africana), pois referencia o passado, ressignifica o presente e projeta novos futuros”, conta a mineira sobre a peça, feita em parceria com a Oficina Colaborativa Bambu.
O tapete Carta Topográfica, de Paola Muller (@lolamuller), foi escolhido a dedo como elemento central. Para Gabriela, sua forma assimétrica e textura assemelham-se à fluidez de um rio.
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Casa Olaria
A força das cerâmicas foi o ponto de partida para o conceito dessa residência completa, de 200 metros quadrados, assinada por Nildo José (@nildojose_arquitetura).
O profissional baiano imprime sua predileção pela estética confortável e minimalista nas formas arredondadas e orgânicas dos estofados, espelhos e da estante, que acolhe alguns dos artesanatos de quarenta ceramistas brasileiros espalhados pela casa.
“Essas peças são tão delicadas, mas ao mesmo tempo fortes, frutos de uma reação catalisada por altas temperaturas. Simbolizam a força da energia do feito à mão e da nossa cultura também”, explica o profissional, que elegeu suas favoritas. “Adoro as peças do mestre Nado, de Olinda, parecem ETs (na foto acima, na segunda prateleira, à direita). É um estranhamento que me agrada.”
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Casa Alva
Uma caixa monocromática e sem excessos aflora a sensação de conexão com a natureza. Assim pensaram os arquitetos Bruno Carvalho e Camila Avelar (@bcarquitetos) ao criar o ambiente.
Os elementos naturais permeiam toda a casa – a luz nos recortes, o fogo na lareira, a água no spa, o vento nos vãos e a vegetação que percorre toda sua extensão. “É uma casa simples, com valores ancestrais, mas conectada com elementos essenciais para o novo morar”, falam os arquitetos, se referindo ao sistema de automação implementado, com o qual é possível controlar luz, som, cortinas e piscina.
A assinatura dos arquitetos é apresentada na escolha do mobiliário brasileiro de época, como a mesa de centro de Sergio Rodrigues e a icônica poltrona Zeca, desenhada no início da década de 1960 por José Zanine Caldas, que em 2017 foi reeditada por seu filho, Zanini de Zanine.
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Living Galeria
Difícil passar pelo espaço de Ana Weege (@anaweege), estreante na mostra, sem esboçar reações diversas. O mix de inspirações nos estilos art déco e contemporâneo garante peças divertidas, como um ovo frito de vidro e um banquinho de espiga de milho.
“O papel do lar é passar aconchego, mas, ao mesmo tempo, alegria e uma profusão de sentimentos positivos, como o de surpresa e até um certo estranhamento”, comenta Ana sobre sua escolha por elementos lúdicos, que levam harmonia, leveza e humor através do design.
As surpresas não param nas peças mais pop: no centro do jardim sensorial, espaço criado para a energia fluir, uma esfera maciça de quartzo hematoide, pedra da cura, fica apoiada sobre um círculo de areia. “Vejo como as pessoas estão carentes por algo divertidamente fora do comum”, reflete Ana.