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Como não deixar decepções amorosas impedirem suas relações

Aceitar que as relações não precisam ser eternas (e que não há problemas em ficarmos sozinhos) são atitudes libertadoras

Por Kalel Adolfo
25 abr 2023, 09h43
Se fechar para o amor não é o caminho ideal após sofrermos uma decepção amorosa.
Psicóloga dá dicas sobre como não se fechar para o amor após vivenciarmos decepções afetivas.  (Annika McFarlane (Getty)/Reprodução)
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Sempre que vivenciamos situações negativas, tendemos a não querer repeti-las, certo? Porém, esse raciocínio pode se tornar extremamente problemático quando aplicado aos relacionamentos amorosos. Só porque não demos certo com alguém, não significa que não possamos construir novos vínculos e abrir possibilidades de vivenciar o amor em sua totalidade.

Mas, claro, todo esse discurso é muito mais fácil — e belo — em teoria. Na prática, as frustrações nos deixam (no mínimo) desanimados para mergulhar em novos amores. Como ter coragem de se abrir após aquele término dramático? Pensando nisso, CLAUDIA entrevistou Paloma Gomes, psicóloga humanista com foco em atendimento às mulheres e ao público LGBTQIA+, que dá dicas sobre como não deixar experiências negativas ditarem os nossos rumos afetivos. Confira:

1. Se livre da culpa

Paloma explica que uma série de acontecimentos — como traições, brigas, decepções e comportamentos tóxicos — podem nos marcar negativamente em uma relação. E aí, quando o término se torna iminente, somos confrontados com a frustração das expectativas. “Tínhamos um sonho com o outro. E aí, de repente, precisamos lidar com a morte de um futuro que nunca mais se concretizará. Isso faz com que muitos entrem em um esforço mental para entender tanto o que aconteceu, quanto o que fizeram de errado”, explica.

Todavia, é nesta tentativa de processar o rompimento que inúmeras pessoas — especialmente mulheres — acabam sendo dominadas por um sentimento injusto de culpa. O problema? Normalmente, tendemos a levar essa culpa para novos relacionamentos.

“Tentando reparar os nossos supostos erros, nos tornamos mais cautelosas. Queremos sempre acertar e agradar o outro. Com isso, adquirimos uma dependência emocional onde fazemos de tudo para manter a próxima relação. É como se as coisas precisassem dar certo a qualquer custo, caso contrário, precisaremos lidar com o fracasso novamente. Mas não precisa ser assim”, aconselha.

Segundo a psicóloga, além de nos desgastar, essa espiral de autocobrança nos afasta de quem somos, pois nos anulamos para agradar o próximo.

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2. Viva o processo de luto

Além de não cultivar sentimentos de culpa, Paloma afirma que o ideal é deixar a relação antiga morrer antes de tentar embarcar em novas experiências. Viver o processo de luto e reservar um tempo para nos acolhermos é essencial: “Precisamos nos cuidar. E aí, partindo deste ponto de autocuidado, chegamos ao autoconhecimento, que é algo fundamental para quem deseja se abrir novamente ao amor”, compartilha.

3. Procure se conhecer mais

Pode soar clichê, mas é a mais pura verdade: o autoconhecimento é o caminho para encontrarmos formas mais saudáveis (e gostosas) de viver tanto o amor, quanto a vida de modo geral. “Quando conhecemos os nossos limites, preferências e valores, é mais fácil se abrir para novos amores. É muito mais tranquilo permanecer numa relação quando não temos medo de ficar sozinhas. E isso não significa criar zero expectativas para não se frustrar. Muito pelo contrário: aqui, estou falando sobre nos permitir viver bons momentos porque sabemos exatamente quem somos”, pontua.

4. Relacionamentos não precisam ser eternos

A especialista confessa que aceitar a finitude das coisas é um dos maiores desafios da humanidade. Mas, nestas horas, é necessário ser racional. “Mesmo que um amor acabe, continuamos vivos. Temos a possibilidade de ter outros encontros e relações. Nada é fixo e imutável nesta vida. Claro, não é fácil lidar com o fim. Mas quando temos certeza de quem somos, e compreendemos que nem sempre as nossas escolhas de vida estarão alinhadas com o próximo, tudo fica mais natural”, aconselha.

E claro, nutrir constantemente um senso de independência e individualidade é uma maneira de garantir que, mesmo que o vínculo termine, continuamos sendo autossuficientes.

5. Não se feche para o mundo

Para quem já foi traída, confiar em novos parceiros pode ser muito difícil. Isso é extremamente compreensível. Porém, viver em um eterno estado de alerta não é a solução: “Quando percebemos que não confiamos em mais ninguém, precisamos voltar algumas casinhas e compreender que cada pessoa possui uma maneira única de se relacionar. E antes disso, trabalhar a autoestima acaba sendo primordial, pois este modo de desconfiança permanente impede que quaisquer relações floresçam”, afirma.

6. Comunique o outro

Tem medo de ser traída? Alguma situação específica lhe deixou traumatizada ou receosa? Então comunique o próximo. Acredite, este é o melhor caminho para não deixar más experiências te privarem do amor: “É importantíssimo ajustar as expectativas no início de quaisquer relações. Compartilhar o que esperamos do outro e vice-versa. Se os dois estiverem na mesma página, beleza. Se não, dá sempre pra alterar o formato da dinâmica: a pessoa pode se tornar uma amizade ou até mesmo um simples contatinho”, brinca.

7. Não se deixe levar pelo desânimo

Tudo bem, depois de vivenciar inúmeros términos, bate aquele desânimo de tentar novos relacionamentos. É completamente compreensível. Mas calma, que dá para reverter este quadro! “O primeiro passo é mudar a forma com que estabelecemos novas conexões. Se a pessoa acha um saco conhecer os outros pelo Tinder e ficar naquele papinho de ‘qual é a sua cor favorita’, busque meios diferentes de conhecer pessoas e se relacionar”, indica.

8. Esteja disposta a conhecer pessoas, não a ter relacionamentos

Por fim, Paloma declara que precisamos estar dispostos a apenas conhecer outras pessoas, e não dispostos a ter um novo relacionamento. “Tudo é uma nova experiência. É mais fácil se abrir para novas vivências sem colocar essa pressão de que o envolvimento precisa resultar num relacionamento ou casamento. Não precisa ser nada sério, pode ser apenas um momento gostoso. Coisas pequenas podem se tornar grandiosas, mas isso não é uma obrigação”, conclui.

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