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Com tipo sanguíneo raro, mulher busca doador para não amputar os pés

Divannin Gregorio dos Santos, 59, tem o tipo sanguíneo RH Nulo, que aparece em cerca de 40 pessoas em todo mundo

Por Nathalie Páiva
Atualizado em 3 set 2021, 18h50 - Publicado em 3 set 2021, 18h22

Moradora de Rio Grande da Serra, no ABC Paulista, a diarista Divannin Gregório dos Santos, 59, ao sentir um mal-estar no final de julho deste ano foi à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de seu município, para saber o que tinha. O diagnóstico imediato alertou para anemia, mas, mesmo com todos os tratamentos indicados pelos médicos, ela seguiu sentindo uma fraqueza. 

Até que em 1º de agosto, Divannin foi levada às pressas para o hospital Nardini, localizado na cidade de Mauá. E foi então que seu exame de sangue apontou um tipo sanguíneo raro, o RH Nulo, chamado de sangue dourado pelos os especialistas. 

Veja também: Doenças silenciosas: saiba quais são e como identificá-las

“Antes minha mãe já tinha ficado internada por conta de anemia. Acreditávamos que o tipo sanguíneo dela era O negativo. Então, da última vez que ela precisou de doação, pedimos desse tipo e conseguimos a quantidade suficiente para ajudá-la naquele momento”, explica a filha, Vitória Silva, 16, estudante e auxiliar geral. “Está sendo bem difícil encarar tudo isso, vi em uma matéria que apenas 43 pessoas no mundo tem esse tipo raro o RH Nulo”, diz. 

A reportagem que a estudante se refere foi feita pela BBC, que informa que uma investigação biomédica descobriu que, em 1961, o tipo sanguíneo RH Nulo foi descoberto em uma mulher australiana. Até o momento, só foram registrados 43 casos em todo o mundo de pessoas com essa variação.

Num primeiro momento, foi encontrado um doador com o mesmo tipo sanguíneo de Divannin, em Minas Gerais, mas ele desistiu da ação. Agora, a diarista corre o risco de amputar os dois pés caso não apareça um doador, que pode estar em qualquer parte do mundo. 

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Para receber um tratamento mais aprofundado, a mulher foi encaminhada para o hospital Mário Covas, em Santo André. “A nossa esperança agora é que apareça alguém para nos ajudar e que esteja disposto a fazer a doação”, destaca Vitória. 

Tubo de sangue - teste de HIV
(Andrew Brookes/Getty Images)

O que dizem os especialistas

Luiza Lapolla, hematologista e médica de clínico geral, esclarece como funciona o sistema sanguíneo RH. “É reunido nesse sistema, antígenos que, na maioria das vezes, são proteínas que ‘identificam as hemácias’. Hoje em dia, conhecemos mais de 40 grupos sanguíneos, compostos de antígenos que, dentro de si, abarcam mais de 300 variações de proteínas e carboidratos que identificam as hemácias”, explica. “Os agrupamentos que estamos habituados – A, B, O e RH – têm importância porque identificam a hemácia da pessoa e também colaboram na hora das transfusões de sangue para terceiros”, salienta a especialista.

Por questões de imunidade, os tipos A, B, O e RH são os mais estudados pelos especialistas. Caso exista diferença entre os pacientes doadores e receptores é possível ter uma reação imune, hemolítica e por isso é importante saber se a variação sanguínea é compatível. 

“Quando eu digo que a pessoa é A+, B+, O+, estou, na verdade, dizendo que essa pessoa expressa a proteína RHD. Mas o grupo RH não tem somente a proteína D, tem também as proteínas C e E, de modo que , mesmo os pacientes RHD negativos [que não expressam a proteína D] ainda podem expressar C e E. Na prática, qual a importância disso? A pessoa RH Nulo não expressa nem D, nem C e nem E, então qualquer contato que ela tiver com hemácias que expressem vai gerar uma rejeição imune. Isso é especialmente importante quando lembramos que 85% da população mundial é RHD+, e mesmo as que são RHD negativas podem expressar C e E, aos quais a paciente também responderá contra”, Exemplifica.

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As pessoas que possuem o tipo sanguíneo RH Nulo têm dificuldades para encontrar um doador porque esse tipo não produz a proteína RHD. Muitos orientam a pessoa a guardar sangue para si própria no futuro, mas, por conta da validade do sangue, não é 100% recomendada a prática, sendo melhor doar para outro indivíduo que possua o mesmo gênero raro. 

“O grande problema para esses pacientes é que eles não podem receber sangue de mais nenhum doador que não seja RH Nulo, pois criarão resposta imunológica contra todos os demais”, diz a especialista. 

Caso seja um possível doador, é necessário direcionar a doação para o hospital Mário Covas, de Santo André, onde Divannin se encontra sob cuidados médicos.

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