O guru de meditação e sexo tântrico, Tadeu Horta, mais conhecido como Deva Nishok, de 61 anos, está sendo investigado por abuso sexual. Quem o acusa é uma voluntária de 24 anos de sua comunidade terapêutica, em Itapeva, Minas Gerais. O caso está sendo apurado pelo Ministério Público do estado e a Polícia Civil instaurou inquérito. Nishok alega desconhecer os episódios e pede que a moça apresente provas. As informações são da Folha de S.Paulo.
Nishok é famoso por ter desenvolvido um método tantra que une meditação, espiritualidade e “processos energéticos de harmonização e cura”. O guru promete à pessoa, por meio de massagens, acesso ao seu lado divino.
A ex-voluntária que acusa o especialista é estudante de psicologia e obteve seu nome omitido por temer retaliação. A jovem afirma ter trabalhado no local em 2018 por dez dias porque queria ser terapeuta.
Segundo seu relato à Folha, Nishok a convidou para uma massagem, entretanto, durante o processo, ele não seguiu as regras da massagem tântrica: nela, há manipulações genitais, mas nenhum ato sexual; além disso, o terapeuta não deve se despir.
A estudante afirma que ele colocou a boca em seu genital, o que é proibido na massagem, segundo terapeutas da Rede Metamorfose, onde Nishok trabalha. Posteriormente, pediu que ela tocasse em seu pênis. De acordo com o relato, Nishok explicou que seu órgão genital era um condutor de energia.
“Fiquei incomodada. Perguntei se não tinha outra forma, pedi para ele parar, mas ele disse que não tinha. Falou que ele era um mestre, que aquilo era uma oportunidade de aprendizado. E continuou”, conta a estudante.
A ex-voluntária ainda afirma que ele só parou com o abuso depois de ela ter chorado muito. “Ele disse para eu não contar a ninguém e voltar em 72 horas.”
Em seu site, o Metamorfose reitera a necessidade de se respeitar o limite de quem recebe massagem para que a pessoa não se sinta invadida.
Além dela, outras cinco testemunhas foram ouvidas pela Folha, que relataram que a jovem deixou a sala de atendimento transtornada. Uma mulher conta que a estudante indagou se o ocorrido fazia parte da massagem tântrica. “Respondi: ‘não’. Expliquei que, se há um não do cliente, deixa de ser terapia”, relembra.
Também foram ouvidos pelo jornal dez ex-funcionários e funcionários da Communa, centro em que Nishok trabalha. Várias delas afirmam que o guru é agressivo. Uma outra ex-voluntária de 39 anos também diz ter recebido convites sexuais do guru ao longo de 2016.
O Ministério Público de Minas está instaurando procedimento para apuração do caso. “É uma situação difícil, porque as vítimas têm confiança no guru, acreditam que ele está fazendo o bem para elas”, diz Emmanuel Levenhagen, promotor de Justiça em Camanducaia.
Outro lado
Deva Nishok alega não ter conhecimento do caso. “Tenho câmeras que mostram todas as salas de atendimento. Se o caso for para a Justiça, sim, vou apresentar [os vídeos]. Nunca fiz isso, não faço atendimento há anos, só dou curso”. O guru reitera que o seu trabalho não é sexual. “É trabalho muito sério”.
O advogado de Nishok, Valmir Moraes, diz que ele trabalha há trinta anos com tantra e nunca houve denúncias.
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