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Baixa do dólar: saiba o que muda e se este é o momento de investir

Com o dólar atingindo o patamar de 5,27 reais, muitas pessoas começam a pensar em investimentos e até viagens internacionais

Por Kalel Adolfo
5 fev 2022, 09h00
Notas de dólares
Notas de dólares  (Burst (Pexels)/Reprodução)
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Se você está pensando em investir, viajar para o exterior ou não vê a hora de fazer compras internacionais, temos boas notícias: o dólar atingiu o seu valor mais baixo em quatro meses. Atualmente, a moeda americana equivale a R$ 5,27, o que representa um recuo de 0,65% em comparação ao primeiro pregão do mês, quando estava valendo R$ 5,36.

Claro, este ainda não é o mundo ideal. Porém, depois de dois anos de crescimento da moeda, é possível sentir até um certo alívio. Para efeito de comparação, o dólar americano estava na casa dos R$ 5,70 em dezembro do ano passado. Você pode entender melhor o que há por trás deste fenômeno em um recente artigo publicado pela Veja.

Agora, a pergunta que fica é: será que finalmente podemos comprar ou vender dólares? Essa desvalorização deve se manter nos próximos meses, ou é apenas um fato isolado? E o mais importante: como a queda do dólar afeta a nossa rotina? Para entender todos esses questionamentos, Claudia bateu um papo com André Perfeito, economista-chefe da NECTON, e Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP. Confira:

Comprar ou vender dólar: o momento é propício?

Apesar do cenário ser positivo, devemos ter cautela no momento de vender ou comprar dólares.
Apesar do cenário ser positivo, devemos ter cautela no momento de vender ou comprar dólares. (Alexander Mils (Pexels)/Reprodução)

A minha projeção é que o real fique mais forte ao longo de 2022. Com o dólar caindo, as pessoas que querem viajar terão mais facilidade nos próximos meses. Isso está acontecendo porque os preços das commodities — petróleo, trigo e soja — atingiram um bom patamar.  Nós exportamos essas mercadorias intensamente, o que gera um superávit comercial. Portanto, mais dólares entram no país e, consequentemente, ele fica mais barato”, explica André Perfeito.

O especialista também esclarece que, por conta do aumento nas taxas de juros implementadas pelo Banco Central, a moeda americana acaba ficando levemente desvalorizada. “Se o preço do dólar continuar em queda, você pode esperar para comprá-lo mais barato lá na frente, não precisa ser agora”, afirma. O mesmo raciocínio serve para a venda, já que a cotação pode subir inesperadamente.

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Mas por que devemos ter paciência mesmo quando o contexto é positivo? Segundo André, tudo tem a ver com o cenário que nos aguarda no segundo semestre: “Os períodos eleitorais trazem volatilidade. Não dá para sugerir que você venda todos os seus dólares. Mas o que eu posso falar é que, dada a elevação das taxas de juros e dos commodities, podemos ter a sugestão de que o real ficará ainda mais forte ao final do ano”, pontua André.

Uma boa dica para quem vai viajar nos próximos meses é adquirir os dólares aos poucos: “Imagine que você precise comprar mil dólares. Eu aconselho que você pegue duzentos agora, e o restante com o passar dos meses, para tentar conseguir preços melhores”.

Em contrapartida, Claudia Yoshinaga aconselha que as pessoas adquiram dólares pensando em consumo particular, não em aumentar a renda: “É útil ter uma parte das finanças protegida por câmbio, tendo uma conta em dólares ou investindo dinheiro em fundos cambiais. Isso faz com que você diminua os seus gastos, caso tenha o hábito de comprar muitos produtos importados. Todavia, ela alerta que até mesmo os especialistas erram as previsões de câmbio. “A menos que a pessoa queira especular e ganhar grana fazendo apostas, é sempre muito difícil dizer exatamente se está na hora de vender ou comprar”.

Como podemos sentir a baixa do dólar em nosso dia a dia?

De acordo com a coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP, o dólar está presente em vários aspectos do nosso dia a dia, desde as coisas mais óbvias como viajar para o exterior e comprar produtos importados, até a outros aspectos rotineiros, como a alimentação.

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“Quando pensamos no mundo do agronegócio, que envolve commodities como arroz, feijão, soja, café e açúcar, sabemos que esses produtos têm produção em solo brasileiro. Porém, como eles são vendidos para o mundo inteiro, a cotação acaba sendo estabelecida em dólares. Portanto, se a moeda americana aumentar ou baixar, veremos um reflexo direto disso nas prateleiras dos supermercados“, revela a economista.

Portanto, um dólar mais barato deve dar ao menos uma “segurada” nos preços. “Em partes, a forte inflação no ano passado aconteceu pela alta na cotação do dólar, que fez com que os produtos ficassem mais caros. O nosso combustível também é um item atrelado à moeda americana e, agora, o seu valor deve estabilizar um pouco”, aponta Claudia.

Queda do dólar é um acontecimento isolado ou uma tendência real?

Mas e aí: podemos ficar animadas com essa tendência de queda ou a felicidade vai durar pouco? Segundo André Perfeito, a valorização do real poderá ser constante a partir de agora: “O Banco Central vai continuar subindo as taxas de juros. O grande risco são as eleições, porque algo inusitado pode acontecer e fazer com que os outros países enxerguem o país como um local de investimento arriscado. Mas eu não acredito que esse seja o caso, porque as coisas parecem estar bastante ajustadas”, esclarece.

“O Brasil exporta duas coisas: commodities e taxa de juros. Em 2022, os dois aspectos estão num patamar adequado. O viés é para baixo do câmbio ao longo do ano e mesmo uma eventual alta dos juros nos EUA mais forte que o projetado não deve reverter o fluxo em direção ao país”, declarou o economista-chefe da NECTON em entrevista à Veja.

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