Mesmo com as identidades protegidas, as quatro vítimas que denunciaram Felipe Prior por estupro encaram ataques frequentes, além das consequências mentais e físicas sofridas pelas agressões.
“Para elas, a decisão de acatamento da denúncia foi um alívio em relação à injustiça cometida pelo relatório policial”, diz uma das advogadas das vítimas, Juliana Valente, a CLAUDIA.
Nesta quinta-feira (1), o Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou uma acusação de estupro contra o ex-BBB, que se tornou réu. Ele já tem uma audiência de instrução e julgamento marcada para o dia 10 de maio de 2021.
O Tribunal aceitou as denúncias apresentadas pelo Ministério Público de São Paulo, após a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Paulo encerrar o inquérito policial e arquivar o caso no mês de agosto.
O relatório policial, assinado pela delegada Maria Valéria Pereira Novaes de Paula Santos, apontava que a “laceração de primeiro grau no lado esquerdo da vagina” da vítima poderia acontecer em “acidentes, durante partos, inclusive em uma relação sexual intensa”.
Juliana define que a conclusão do inquérito fez com que “a palavra de quatro mulheres fosse desconsidera apenas pelo réu negar a autoria do crime. Não teve nenhuma testemunha do réu capaz em refutar os fatos denunciados pelas vítimas”, afirma.
A quarta vítima chegou a protocolar declarações sobre a agressão no dia 16 de abril deste ano, porém o relato não foi considerado no relatório policial, apenas na denúncia feita pelo MP. Além disso, segundo informações da advogada, a polícia não entrou em contato com a vítima, que apresentou um relato detalhado de violência sexual sofrida.
A denúncia do Ministério Público aponta que esse caso aconteceu no dia 8 de agosto de 2014, em São Paulo, após uma festa realizada na Cidade Universitária. A vítima, que já conhecia Prior por ter estudado na mesma instituição no ensino superior e morar no mesmo bairro que o acusado, encontrou o arquiteto na festa em um momento que ela já havia ingerido bebida alcoólica. Segundo relato, Prior teria oferecido carona para a vítima e uma amiga dela.
No trajeto, Felipe deixou a amiga da vítima primeiro. Em seguida, estacionou o carro, tirou o cinto de segurança dele e da mulher para então realizar o ato de estupro, que foi acompanhado por puxões no cabelo. A vítima pediu para que ele parasse, porém não foi respeitada.
Para as advogadas das vítimas, Juliana e Maira Pinheiro, ao receber a denúncia de estupro, o Tribunal de Justiça de São Paulo dá “o primeiro passo em direção ao reconhecimento e à responsabilização criminal pela violência absolutamente cruel sofrida pela vítima”, informaram por meio de uma nota à imprensa.
“Os elementos colhidos durante as investigações são robustos e incluem laudos periciais, diversos relatos testemunhais e farta demonstração documental que foram determinantes para que o Ministério Público do Estado de São Paulo, titular da Ação Penal, identificasse a manifesta justa causa necessária à deflagração de um processo criminal”, aponta o comunicado da defesa das vítimas.