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“Com uma faca no meu pescoço, ele me estuprou. Não morri porque gritei”

A leitora Maria sofre calada. Nunca falou para a mãe dos abusos e nem conversa com o marido ou filhos sobre o estupro. A dor é dilacerante

Por Da Redação
3 out 2020, 09h00

“Tenho 45 anos. Quando eu era pequena, meu pai abandonou minha mãe com os três filhos. Naquela época, mulher separada era sinônimo de prostituta não importava qual fosse sua profissão. Até mesmo a família virara as costas e não gostava de oferecer ajuda.

Minha mãe teve que se desdobrar para garantir nosso sustento. Ela mantinha dois empregos às vezes par ar conta dos gastos. Depois de um tempo, ela começou a namorar e cada vez que se apaixonava, trazia um companheiro pra dentro de casa. Alguns homens moravam com a gente e era bêbados que variam em mim e nos meus irmãos. Já aconteceu da gente fugir pra rua e apanhar de mulheres que achavam que nossa mãe tinha um caso com os maridos delas.

Minha mãe namorou homens que me mostravam a genitália e que davam dinheiro para meus irmãos saírem para eles poderem ficar sozinhos comigo e me tocar. Eu nunca contei para minha mãe. Ela faleceu sem saber esse segredo obscuro do nosso passado.

Quando eu era adulta e mãe, resolvi terminar meus estudos. Eu me matriculei no período noturno da aulas. Era uma noite de setembro de 1998 quando, ao voltar para casa, eu fui abordada por um monstro que me ameaçou com uma faca e me estuprou. Ele não me degolou porque eu reagi e comecei a gritar, ele saiu correndo.

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A polícia me tratou como suspeita em vez de vítima. Perguntou se eu não conhecia mesmo o homem, se eu não tinha certeza que era um ex-namorado e outras coisas do tipo.

Ainda hoje, tanto tempo depois, ainda acordo chorando. Tenho medo de ir até o banheiro à noite. Desenvolvi síndrome do pânico, depressão, stress pós-traumático e ansiedade. Não consigo confiar nas pessoas, tenho dificuldade em me relacionar socialmente com as pessoas do meu trabalho.

Não conto para meus filhos nem para meu esposo tudo isso porque não quero que eles sofram comigo. Quero que eles pensem em mim como uma pessoa boa, legal e que essa seja a imagem que fique. Não quero ser lembrada como uma maluca que toma um monte de remédios para aguentar o dia a dia.

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Esse sentimento não vai embora, acho que eu só fingi que superei, mas é uma mentira.”

A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.

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