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Sabrina Sato: “Quando parei de amamentar, voltei a menstruar e a ter libido”

A chegada de Zoe fez a apresentadora repensar sua personalidade. Ela quer dividir os aprendizados com outras mães para ajudá-las a sentir menos culpa

Por Bárbara dos Anjos Lima
Atualizado em 17 fev 2020, 10h34 - Publicado em 3 jan 2020, 07h00

Nada une mais as mulheres do que a maternidade”, diz Sabrina Sato enquanto pede para ver mais fotos da minha filha e mostra algumas da Zoe, a sua bebê. “Depois da maternidade, não tem como você olhar para outra mulher, outra mãe, e não se colocar no lugar dela. A gente cria uma conexão direta.” Impossível não concordar com ela. Para ter uma ideia, estávamos num quarto de hotel com um “circo” armado para fazer este (lindo!) ensaio de fotos que estampa as páginas a seguir – entre maquiador, stylist, assessora e outros integrantes da equipe de CLAUDIA e de Sabrina, somávamos 20 pessoas. Numa mesa, maquiagens. Ao lado, uma arara cheia de roupas de grife. Uma cena bem glamourosa mesmo. Mas, quando a apresentadora sentou-se para dar esta entrevista, éramos apenas duas mulheres de 38 anos, com filhas de 1 ano e pouco, com os celulares na mão comentando a cada nova imagem de bebês rechonchudas que surgia na tela: “Ai, que fofa”. A conversa até migrava para outros temas – afinal, a vida da mãe contemporânea é mais do que a maternidade –, mas, vira e mexe, voltávamos para alguma história das pequenas ou troca de figurinhas: “Como a sua dorme à noite?”, “Ela já está na escolinha?”, “Como foi desmamar para você?”.

O assunto da semana era a festa de aniversário de 1 ano de Zoe, que tinha acontecido poucos dias antes. A celebração teve números um tanto megalomaníacos. Foram 800 convidados, três trocas de roupas, decoração com cerca de 150 mil balões. Na falta de um tema, a festa teve quatro: Decoração dos Ursinhos Carinhosos, shows de Mundo Bita, Patati Patatá e até um final “para adultos”, com a Carreta Furacão. Pela grandiosidade, poderia ser festa de casamento ou formatura. A “festinha” da filha da apresentadora e do ator Duda Nagle foi definitivamente um evento social, que recebeu famosos de todos os meios, de Marina Ruy Barbosa a Ivete Sangalo.

(Karine Basílio/CLAUDIA)

Tempo de celebrar

Por incrível que pareça, a primeira ideia de Sabrina era não fazer festa nenhuma. A celebração foi um presente dos irmãos dela, Karina e Karin, para a sobrinha. “Eu pensei em desistir várias vezes. Ainda mais depois que li uma nota na imprensa especulando quanto a festa iria custar. Mas minha irmã me convenceu”, conta. Os argumentos de Karina, que também é empresária e grande amiga de Sabrina, foram bem persuasivos. “Ela me disse: ‘Você não pode deixar de viver esse momento de celebração com a sua filha por ser famosa ou por ter medo de ser criticada. O Felipinho e a Manu (sobrinhos de Sabrina, filhos de Karina) adoram ver as fotos de 1 aninho deles. A Zoe vai perguntar e querer ver também’.”

Tive um momento de recolhimento depois do nascimento da Zoe. Não conseguia sair. E ninguém me pressionou, foi muito importante para mim

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Depois de mudar de ideia, Sabrina decidiu que era o momento de unir todas as pessoas importantes da sua vida – várias ainda nem conheciam a Zoe. “Eu me isolei muito durante o puerpério. Enrolava todo mundo (risos). Dizia: ‘Ah, vem amanhã ou depois’. Então, me apeguei às palavras da minha irmã e resolvi fazer uma festa como forma de agradecer à vida, às pessoas, celebrar a Zoe. Queria que fosse um marco de superação de tudo o que passei, desde o início da gravidez, que foi complicada.” E foi assim que a lista de convidados ganhou esse ar megalomaníaco. “Faltando quatro dias para a festa, recebi uma mensagem da minha irmã: ‘Crianças confirmadas: 250’ (risos). Mas fiz questão de convidar muita gente mesmo. Minhas amigas de infância de Penápolis, com marido e filhos, minhas amigas da faculdade de jornalismo, amigos da moda, da dança, da TV…” A festa foi gigante? Com certeza. Só que, de alguma maneira, Sabrina deixou tudo a sua cara. “A minha casa vive cheia de gente. A comemoração foi um reflexo do que é minha vida. E no fim foi um clima tão divertido, tão gostoso, que valeu a pena.”

(Karine Basílio/CLAUDIA)

Fase de reflexões

A festa de aniversário da Zoe é só uma das coisas que a apresentadora pensou que não iria fazer, mas fez. Essa é uma constante para mães, da série “quando você for mãe, vai entender”. “Eu sempre achei que seria uma mãe independente, corajosa. Falava que a minha era muito grudada nos filhos, só se preocupava com a gente e esquecia dela.” Corta para a apresentadora movendo mundos e fundos para, de última hora, levar a filha com ela para a Semana de Moda de Milão. “Quando aceitei a viagem, dois meses antes, falei para a Karina: ‘Vai ser bom me separar da Zoe por uns dias’. Porém, dois dias antes da viagem, me desesperei. Não consegui. Já estavámos com todas as passagens fechadas, mas fiz de tudo pra levar a Zoe comigo”, lembra.

Sabrina vem, aos poucos, aprendendo a se reconhecer e a entender essa nova mulher que ela é agora. “Tive vários momentos. Primeiro eu falava: ‘Nossa, me tornei a mãe da Zoe, e é isso’. E estava amando a fase. Mas ainda não sabia quem era essa Sabrina. Com um filho, a gente renasce, se transforma. Não é da noite pro dia, mas a gente vai se redescobrindo.” Ela reconhece que teve a sorte de passar por esse processo no tempo dela, privilégio que muitas não têm. Trabalhava um pouco de casa e até pediu para sua médica visitá-la em vez de ir ao consultório. “Eu tive esse período de recolhimento muito grande no início. Não conseguia sair de casa. E ninguém me pressionou; isso foi muito importante para mim.”

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(Karine Basílio/CLAUDIA)

Esse processo de se se reencontrar depois de ter um filho passa pela individualidade da mulher, do homem e, também, claro, pelo transformação da relação do casal. É comum que leve um tempo. O relacionamento com o ator Duda Nagle, seu noivo e pai de Zoe, também teve reformulações. No final do ano passado, em entrevista para a revista TPM, a apresentadora abriu o jogo e foi muito sincera sobre as dores e delícias do puerpério, como é chamada essa fase pós-maternidade. As declarações sobre o baixo apetite sexual e as mudanças na dinâmica do casal viraram notícia. De acordo com ela, o pós-parto foi complicado e a dedicação à filha tirou o foco da vida a dois. Sabrina disse que a vida sexual deles era inexistente e que não sentia vontade de transar.

A apresentadora teve coragem de falar o que muita gente tem vergonha e, com isso, prestou um serviço muito importante para casais. É comum e, se você tem filhos, é bem provável que tenha acontecido isso na sua casa também. Nada mais natural que, com essas declarações, ela tenha ganhado o apoio de muitas mulheres. O curioso foi que Duda não recebeu o mesmo apoio. “Eu acho que eles são bem mais cobrados do que a gente nesse sentido. É muito machismo. Porque, quando saiu essa entrevista, as pessoas zoaram muito o Duda. Eu via os amigos dele mandando mensagens do tipo: ‘Como assim você tá casado com a Sabrina Sato e não tá pegando?’. Mas entre nós ficou tudo tranquilo. Conversamos muito. Ele sempre me passou segurança. Dizia: ‘A gente tá junto nessa, é uma fase’.” Por outro lado, esse momento serviu para aumentar a conexão entre os dois. “Nós precisamos conversar mais, entender mais um ao outro, nos unirmos para cuidar da Zoe. O Duda é bastante participativo e sabe a responsabilidade dele como pai. Não falam do maternar? Eu penso que tem o paternar também. As responsabilidades dele são diferentes das minhas, e eu não posso esperar que ele faça as mesmas coisas que eu faço. Ele teve que se descobrir pai da mesma forma como eu me descobri mãe”, diz ela. A boa notícia para todos os casais com filhos pequenos é que Sabrina garante que essa fase de adaptação passa. “Para mim, teve a ver com parar de amamentar. Assim que isso aconteceu, voltei a menstruar e minha libido voltou. Agora está tudo certo (risos).”

(Karine Basílio/CLAUDIA)

É verdade

O legal de ver Sabrina falar essas coisas é que dá para enxergar a pessoa que existe para além das fotos do Instagram – na rede, todo mundo parece exibir vidas perfeitas. Sabrina até faz carão em troca de likes, mas está longe de ser fake. É zero afetação. O papo com ela vira bagunça tão rápido e flui tão naturalmente que parece que ela foi sua colega de escola. Ela é uma celebridade, ok. São mais de 23 milhões de seguidores no Instagram, um canal no YouTube com mais de 1 milhão de inscritos e um lugar de peso na TV aberta. Mas o jeitão característico que a levou a se destacar no Big Brother Brasil, no Pânico na TV e a ganhar um espaço só dela está presente em cada atitude sua. Sabrina é espontânea, engraçada, piadista. O que, lá atrás, quando ela ficou famosa, chegou a ser motivo de piada ou até confundido com burrice hoje faz dela uma das artistas mais carismáticas do Brasil. Ela brinca com todo mundo em volta, chama todos pelo nome, pergunta o que os outros estão pensando ou como se sentem.

A personalidade de Sabrina a ajudou a passar por outra pressão bem comum que recai sobre as mulheres após a maternidade. A de voltar ao corpo de antes. E olha que, três meses depois de Zoe nascer, Sabrina estava no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, assumindo o posto de madrinha da bateria da Gaviões da Fiel. Mesmo antes disso, 38 dias depois do parto, ela foi ao primeiro ensaio da escola de samba. “Minha mãe é psicóloga, e eu falei muito sobre isso com ela. Conversei também com outras mães e com meu personal trainer, que me disse: ‘Sabrina, é muito mais normal você voltar do jeito que está, ninguém vai te esperar sarada’. Emagreci o que deu caminhando na esteira. Não podia fazer mais do que isso, ainda estava doída dos pontos da cesárea. Coloquei uma roupinha mais fechadinha, fechei os olhos e fui.” Ok, vale ressaltar – e você pode checar isso dando um Google: a tal roupa fechadinha que Sabrina usou e o que ela define como não estar sarada passam longe da média das mulheres no pós-parto.

(Karine Basílio/CLAUDIA)

Círculo de Segurança

Das coisas que a gente aprende com a maternidade e fazem toda a diferença para quem tem filhos. Ter uma rede de apoio salva. Sempre foi impossível falar de Sabrina Sato sem citar a família dela. Sabrina fala tanto dos irmãos e dos pais que, depois de uns minutos de conversa, parece que você também conhece todos os Sato Rahal. “Eu sou muito privilegiada por ter uma rede de apoio. Vejo a dificuldade de amigas minhas que também são mães e não têm a mesma realidade que eu. Minha mãe praticamente se mudou para minha casa. Até a babá que cuida da Zoe é a que antes cuidava dos meus sobrinhos. Então é um clima de confiança total.” Esse apoio e estrutura serão essenciais nos próximos meses. Sabrina foi anunciada como a nova responsável pelos domingos da TV Record e se prepara para uma fase de muito trabalho. “Estamos criando esse programa novo, que não tem nada a ver com o de sábado nem com o que o Geraldo (Luis) fazia aos domingos. É outro filho que eu estou gerando. Vou começar 2020 com ritmo intenso de gravação e produção.”

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A gente se sente culpada o tempo inteiro como mãe, é impressionante. Eu tento fazer de tudo pra aliviar a culpa das outras mães. O mais importante é se inspirar, mas não se comparar

Mas até nisso ela tem um conselho legal. “A gente se sente culpada o tempo inteiro como mãe, é impressionante. Eu tento fazer de tudo pra aliviar a culpa das outras mães.” Entre manter o casamento, a carreira, ser uma boa mãe e ainda ter um tempinho para si mesma, Sabrina reforça a importância de as mulheres criarem conexões, não comparações. “A gente tem que encontrar o nosso caminho. Não é porque o filho de uma está comendo com a mão que o seu tem que fazer o mesmo. O seu filho é um, tem seu jeito, é especial, maravilhoso. Eu aprendi a não me comparar.” Sabrina compreendeu isso depois de sentir na pele como a comparação pode fazer mal. Até os 9 meses Zoe não engatinhava. Nessa época, falaram de outra mãe com filho da mesma idade que já caminhava. “E eu pensei: ‘Nossa, sou péssima então! A outra está linda, sarada, com o filho andando, e eu aqui, toda inchada, não menstruei, não estou transando com meu marido e minha filha ainda não engatinha’.” Depois de uma crise rápida, percebeu que o caminho não era esse. “Ela pode ser uma inspiração para mim, mas eu não posso me deixar abalar, não posso me colocar para baixo. Eu tenho os meus problemas, mas também tenho as minhas vitórias.” Fica a lição: o mais importante é se inspirar, mas não se comparar. “E isso é muito importante, especialmente em época de redes sociais, em que as fotos dão pouca informação sobre as outras pessoas.”

Zoe é vida

Imagina a expectativa da equipe de CLAUDIA quando a gente soube que a Zoe iria participar das fotos. Foi o carrinho de bebê adentrar pelo set para se ouvir um “own” coletivo. Zoe chegou dormindo, mas logo provou que tem a genética artística dos pais. A pequena acordou, analisou tudo à sua volta e logo se sentiu em casa, mesmo no meio de tanta gente desconhecida e em frente às câmeras. A mãe-coruja estava visivelmente orgulhosa. “A Zoe é uma criança feliz, sorridente, doce, amorosa, aventureira. E também adora passear. Desde cedo ela é assim. Duda e eu tiramos a sorte grande.” Quem estava no dia garante: uma delícia vê-la andando, rindo e brincando com todo mundo.

A maternidade muda e une as mulheres. Ensina muita coisa também. Para Sabrina, as mudanças aparecem de maneira prática – como planejar melhor a rotina para as duas terem mais tempo juntas – e também em novas atitudes. “Aprendi a ter ainda mais coragem para fazer tudo o que tenho vontade sem me preocupar com o que os outros vão achar.” Zoe, que em grego significa “vida”, veio também para ressignificar a vida da mãe. “Passei a olhar o mundo com outros olhos, um olhar de mãe mesmo, de amor, de carinho e gratidão.” Amor de mãe é mesmo emocionante.

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* Fotos Karine Basílio • Edição de moda Fabio Ishimoto • Styling Kaio Assunção • Produção de moda Annik Laviolla • Beleza Krisna Carvalho • Assistentes de fotografia Iuri Santos e Marcela Berto • Assistente de beleza Arthur Lordelo • Tratamento de imagens WM Fusion • Agradecimentos ao Hotel Transamérica São Paulo

 

 

 

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