Inspira: o que ler, ver, ouvir e visitar em agosto
De lançamentos no streaming a collab de moda, a curadoria da nossa editora-chefe do que tem de mais legal acontecendo neste mês
Agosto é, por piada comum, meme de internet e causos da vida, o mês do desgosto. Se ele passa devagar demais ou é só uma lembrança ruim da infância por ser “aquele que sucede as férias de julho”, não importa. O que vale é quais atividades e coisas gostosas que você pode fazer para ocupar a cabeça (a vista, o estômago etc) para sobreviver aos ditos mais longos 31 dias do ano. A seguir, a nossa curadoria do ler, ver, ouvir, visitar, vestir e todo o resto:
PROGRAMAÇÃO
Lendo Mulheres
Fomentar a leitura de autoras, independente do gênero literário, faz parte da minha vida pessoal — tenho um clube do livro há pouco mais de quatro anos — e profissional, enquanto jornalista de cultura. Isso nunca excluiu a minha admiração pelos homens que sempre amei ler, mas trouxe outros paradigmas para o repertório, com olhares que me abriram para temas jamais aprofundados antes. E esse poder transformador da literatura, mesmo que em pequena escala e a longo prazo, faz diferença quando olhamos a sociedade e conseguimos projetar mudanças. Ainda durante a pandemia, uma trend tomou conta das redes sociais pedindo às pessoas que deixassem à vista nas estantes apenas a lombada dos livros escritos por mulheres. Das maiores às menores coleções, o choque era o mesmo: “como assim só tenho esse tantinho de livros assinados por elas”. Convido você a fazer o exercício, como uma oportunidade de reflexão. Viu o resultado? Agora, te faço outro convite: que tal participar, junto com a CLAUDIA e a livraria Gato Sem Rabo, de Johanna Stein, do Circuito de Leitura de Escritos de Mulheres? Os encontros acontecem presencial e mensalmente, sempre na última quarta-feira do mês vigente (31/8; 28/9; e 26/10), para trocarmos sobre as impressões acerca de cada título. A curadoria feita por nós foi pensada para abraçar diferentes formatos e temáticas. Vamos juntas?
Gato Sem Rabo
Rua Amaral Gurgel, 352, Vila
Buarque, São Paulo (SP)
AMOR & SEXO
Combo perfeito
Duas novidades quentissímas (desculpe o trocadilho) tomam conta das prateleiras da Nuasis, sex shop feminista de Laura Magri. A primeira é a volta dos disputados e magníficos sex toys da Lelo, marca sueca fundada em 2003, referência no conceito de brinquedos eróticos de luxo. Com alta tecnologia, design minimalista e visão de que a sexualidade vai muito além do sexo (isso há anos, ok?), a marca volta ao Brasil, depois de quase seis anos, pela Himerus, importadora da qual Laura é sócia, ao lado da educadora Andréia Paro. São 16 produtos, incluindo o famoso ORA (R$ 929), simulador de sexo oral com 12 configurações, e o INA (R$ 1.120, foto acima), vibrador com dupla estimulação. Para acompanhar o ritual de autoamor, coloque uma pitada de transparência com a coleção autoral da Nuasis, Roupas Para Ficar Nua. São vestidos, bodies, lingeries e acessórios que brincam com a ideia de sensualizar por um outro caminho. “Queremos tratar o erótico com frescor e testar novos territórios de atuação”, comenta Laura sobre a primeira coleção-cápsula, já à venda. nuasis.com.br
ARTE
O Futuro é Indígena
Até 30 de outubro, o MASP exibe a mostra Joseca Yanomami: Nossa Terra- Floresta, com 93 obras do artista indígena. A exposição marca também a celebração dos 30 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami. Os desenhos com traços delicados e coloridos enaltecem os espíritos que moram na natureza e seus saberes ancestrais. Cenas cotidianas se misturam a paisagens e histórias xamânicas para convidar o público visitante a refletir sobre como se tornar um aliado da luta em prol da preservação da cultura originária — em seu amplo significado. “A humanidade precisa olhar para os povos indígenas, porque proteger a natureza significa proteger os espíritos que ali habitam. É um chamado para o compromisso”, diz David Ribeiro, assistente curatorial. A exposição é um prelúdio para o ciclo de Histórias Indígenas que toma conta do museu em São Paulo durante o próximo ano. masp.org.br
STREAMING
Mundo mágico
Todos nós sabemos reconhecer Whoopi Goldberg apenas pela voz. E em Luck, nova animação da AppleTV+, não será diferente. A icônica atriz empresta seu talento para dublar a duende The Captain na história de Sam Greenfield, jovem azarada (mas valente) que precisa lidar com criaturas fantásticas na Terra da Sorte para mudar seu destino. A tarefa da dublagem pode ser desafiadora, mas Whoopi confessa que se divertiu com a experiência. “Peggy Holmes [diretora] só queria uma coisa: minha voz. E eu pensei ‘Ah, tá bom. Só vou entregar o que eu sou’”, contou ela, em meio a gargalhadas e sorrisos contagiantes, à CLAUDIA. Essa leveza que a fez aceitar participar do projeto: “É tão legal ser convidada para qualquer coisa, de verdade. Quando olhei para o time de dubladores [que inclui ninguém menos que Jane Fonda], pensei: ‘Meu Deus, eu preciso fazer parte disso’”.
Além dos nomes envolvidos, o que chamou a atenção da atriz foi a identificação imediata com a sua personagem. “Às vezes, a vida te traz experiências incríveis e, em outros momentos, nada parece bom. Todos nós precisamos passar por isso para entender quem queremos ser. Você quer ser a pessoa que tenta virar o jogo ou aquela que apenas repete que nada acontece do seu jeito?”, questiona. Whoopi também ressalta a importância de se reconhecer fisicamente com o desenho. “Você já viu alguma duende negra nas animações? Nem eu, e isso é muito legal! Agora que vimos a primeira, sabemos que podem vir outras por aí, latinas, afro-americanas…” Ótimo programa para a família. Já disponível na plataforma tv.apple.com/br (KALEL ADOLFO)
BELEZA
Sobrancelha, ok
Apesar da (polêmica) sobrancelha fina estar de volta pelos revivals da estética dos anos 2000, eu sou do time que não mexe na espessura da minha tem anos. Gosto do visual com olhos bem marcados por esse contorno natural do rosto. Por isso, quando faço as maquiagens diárias, busco produtos que realcem bem a região, sem deixar com cara de procedimento estético. Para isso, há dois caminhos com resultados diferentes. O primeiro são produtos em gel, que basicamente organizam os pelos do jeito que você quiser (penteados, arrepiados, retos, desenhados) e os mantém ali durante um bom tempo. O meu queridinho de outros Carnavais é o 24H Brow Setter (R$ 179), da Benefit. Além da embalagem fofíssima, com estética vintage, ele possui um pincel de aplicação bem ergonômico, que direciona os fios. Já o Eyebrow Lipocils Expert (R$ 329), da Talika, funciona como um sérum para sobrancelhas, ajudando na proteção e crescimento dos pelos. O aplicador é ótimo para a dosagem do produto, com o pincel na ponta, e as cerdas fazem a mágica acontecer.
O segundo caminho é apostar nas versões com cores. Apesar do Diorshow On Set Brow (R$ 209), da Dior, também existir em gel, fico encantada com a colorida pela naturalidade do resultado final. Ele é infundido com microfibras que dão volume e forma para a sobrancelha. Na mesma pegada, a Pomada para Sobrancelhas (R$ 38,90), da Essence, preenche e define com ajuda do pincel chanfrado.
ROTEIRO
Pelo Centro
Em meio a notícias desanimadoras, há quem vá na contramão e persista na função de manter vivo o Centro de São Paulo. É o caso do Cineclube Cortina (foto), que traz a nostalgia de um cinema de rua à República. O primeiro andar do espaço, inaugurado há menos de um mês, foi reservado para servir as receitas das chefs Daniela França Pinto e Fernanda Camargo, além dos drinques da bartender e atriz argentina Chula Barmaid. Os coquetéis podem ser apreciados direto das espreguiçadeiras. Já o LoHi, vizinho da Praça da República, abre suas portas dentro do hotel Selina Aurora. O espaço reúne balada, coquetéis e gastronomia com toque asiático. Outro passeio possível pela região é atravessar as páginas de um livro enquanto degusta um brunch. A chef Bel Coelho escolheu o interior da livraria Megafauna, no Copan, para instalar o Cuia, misto de café, bar e restaurante. O espaço é um convite para uma refeição sem pressa, com receitas que refletem a paixão da chef pela pesquisa e resgate de ingredientes nativos. (MARINA MARQUES)
LIVRO
Feminismo hoje
“Quem decide o que é chamado de violência?” Essa foi uma das inúmeras frases que me chamou atenção na leitura de Sobre a Violência e Sobre a Violência Contra as Mulheres, novo livro da editora Fósforo, que traz ao Brasil as pesquisas e pensamentos de Jacqueline Rose. Um pequeno contexto: ela é uma acadêmica britânica de extrema importância para o pensamento feminista interseccional contemporâneo, e usa do cruzamento da literatura, psicanálise e política para seus estudos aprofundados sobre o comportamento machista-patriarcal da sociedade. Neste intenso e necessário título, ela mergulha nos difíceis terrenos do assédio (moral, sexual e psicológico) a partir das entranhas estruturais que intoxicam o ambiente privado (casa, amizades e relacionamentos), o público no âmbito macro (partidos políticos e leis governamentais) e micro (universidades, empresas e indústrias). Ela elabora sobre o #MeToo e suas consequências, assim como o papel da mídia na banalização das temáticas de gênero. Porém, não se restringe aos Estados Unidos ou Inglaterra para construir essa elaboração da violência contra as mulheres (brancas, negras, trans, indígenas, imigrantes etc): ela fala, inclusive, do Brasil. fosforoeditora.com.br
MODA
Duo de Milhões
Quando o anúncio da collab entre a Jacquemus e a Nike veio, de forma discreta nas redes sociais, o surto foi coletivo — mas justificável. Isso porque, nos últimos anos, a marca francesa tem ganhado cada vez mais destaque dentro e fora das passarelas, com clientes que vão de Bruna Marquezine a Kendall Jenner. As peças, criadas por Simon Porte Jacquemus, se destacam pelo elegante equilíbrio entre silhuetas marcadas, cores intensas e volumes espertos. Características que ele trouxe para a linha em parceria com a gigante esportiva. “Fiz uma coleção que reinterpreta o sportswear atlético feminino de um jeito minimalista, com detalhes sensuais e cores neutras”, diz o estilista.
As campanhas da Nike dos anos 90 e as peças ACG da marca (All Conditions Gear, sigla para vestimentas que unem tecnologia de alta performance com design de lifestyle) foram o ponto de partida para essa reimaginação dos esportes ao ar livre com itens que celebram a naturalidade dos corpos. Um dos maiores destaques, que faz o coração dos sneakerheads derreter, é a nova versão do Nike Air Humara (R$ 1.299,99), interpretação pessoal de Simon do modelo que é o seu favorito da marca. A coleção está disponível apenas na loja física da Cartel 011, com preços entre R$ 249,99 e R$ 1.299,99, e o tênis você pode encontrar no site da Nike. nike.com.br