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Novo museu e exposição de fotos – digitais – destacam conexões africanas

Museu Virtual Itamar Assumpção revela obras inéditas organizadas por filha do artista, Anelis. Coletivo MFON agrega fotógrafas afro espalhadas pelo mundo

Por Letícia Paiva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
23 nov 2020, 14h00

Um desejo da cantora paulistana Anelis Assumpção é que a casa da sua família, na Penha, em São Paulo, se torne um museu em homenagem ao pai, o músico e escritor Itamar Assumpção. Foi o último endereço do artista, que morreu em 2003, aos 53 anos, e é ali que as produções e memórias dele foram mantidas.

Pouco depois do adeus ao pai inspirador, Anelis iniciou a preservação da obra dele – lançou uma coletânea de partituras, textos de cadernos do músico e discos remasterizados. “Tomei a iniciativa porque sentia saudades dessa pessoa importante que o mundo não conheceu por completo, mas notei que essa história não era só minha. Itamar espelha muitas vidas”, diz ela.

Os figurinos marcavam as performances de Itamar Assumpção, como mostra esta foto da década de 1990. A instituição ressalta que a estética foi precursora do afrofuturismo nacional (Alexandre Milito/Divulgação)

Esse trabalho é coroado agora com a inauguração do Museu Virtual Itamar Assumpção, sob direção-geral da cantora. “Cada vez que encontro um novo item, redescubro meu pai por outra faceta”, conta ela, que achou inclusive gravações inéditas. Todas as obras são catalogadas e conservadas sob critérios museológicos.

Algumas revelações da filha surpreenderiam até Itamar. Descendente de africanos escravizados, ele supunha ter origem angolana, mas Anelis constatou raízes nigerianas em um teste de DNA. Assim, ela propôs a tradução dos textos descritivos sobre o trabalho do artista para a língua iorubá, da região. “O museu não é de Itamar apenas, mas irá mostrar produções e contextos paralelos a ele.”

(Gloria Flugel/Divulgação)

 

Retratos da diáspora

A trajetória da fotógrafa Mfon Essien, nascida na Nigéria e criada nos Estados Unidos, foi interrompida em 2001, quando tinha apenas 34 anos, em decorrência de um câncer de mama. Na época, uma série de autorretratos dela após a mastectomia estavam expostos no Museu do Brooklyn, em Nova York, consagrando a artista, que já era referência para uma geração de fotógrafas afro-americanas.

Portanto, parece que Adama Delphine Fawundu e Laylah Amatullah Barrayn fizeram uma escolha bastante intuitiva ao nomear como MFON (@mfonfoto) o projeto audacioso de reunir e fortalecer fotógrafas negras da diáspora. Também leva o nome da colega delas o livro com trabalhos de 118 mulheres de 27 países, lançado em 2018. Desde então, elas buscam aumentar a visibilidade de cada vez mais artistas.

Pendurando fotografias de sufragistas negras em um varal de roupas, Deborah Willis faz referência aos trabalhos domésticos que dividiam espaço com a busca por direitos (Deborah Willis/Divulgação)

“Quando tivemos essa ideia, há mais de 15 anos, não imaginávamos que o trabalho se tornaria tão grande. Hoje é uma tarefa difícil a seleção para um segundo livro. Queremos incluir mulheres de mais países”, diz Adama. Ela nasceu no Brooklyn, mas seus pais são de Guiné Equatorial e Serra Leoa.

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Obras de integrantes do grupo estarão disponíveis no SP-Foto Viewing Room, feira online, com produção fotográfica e de videoarte, que acontece entre 23 e 29 deste mês. Entre elas, há uma série de Deborah Willis retratando mulheres negras no movimento sufragista dos Estados Unidos. Outra artista afro-americana presente é Toki Rome-Taylor, que reforça a ancestralidade em retratos com crianças. “Temos levado o projeto para debates em instituições de arte para que chegue mais longe”, conta Adama.

Obra de Toki Rome-Taylor (Toki Rome-Taylor/Divulgação)

 

Estou com câncer de mama. E agora?

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