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God save the Queen: Entrevistamos o elenco de “Rainha Charlotte”

Golda Rosheuvel, Ruth Gemmell e Adjoa Andoh em entrevistas exclusivas sobre a minissérie da Netflix

Por Raíssa Basílio
6 Maio 2023, 11h20
Cena de "Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton"
Golda Rosheuvel, Ruth Gemmell e Adjoa Andoh em "Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton" (Netflix/Divulgação)
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Tons pastel, vestidos pomposos e boas intrigas: o universo Bridgerton conquistou o mundo desde a sua primeira temporada, em 2020. A beleza que gerou encantamento também veio acompanhada de um jeito diferente de falar da realeza europeia. Entre os highlights dos episódios, baseados na série de livros da autora Julia Quinn, estava ela, Rainha Charlotte, interpretada por Golda Rosheuvel), cheia de personalidade e carisma. Sua presença (e importância) foram tamanhas que os fãs clamaram para a Netflix por uma temporada só sobre ela. Sorte a nossa que, agora em maio, esse spin-off saiu.

Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton traz a figura da monarca Sophie Charlotte de Mecklenburg Strelitz, casada com o Rei George III e rainha consorte do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, de 1761 até sua morte – registros históricos indicam que ela foi primeira soberana da Inglaterra com ascendência africana. Apesar da contextualização factual, a série foca na relação entre ela, Lady Danbury (Adjoa Andoh) e Lady Violet (Ruth Gemmell), personagens da série original. Um vínculo que reforça representatividade, poder feminino e diversidade nas telas.

Cena de
Cena de “Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton” (Netflix/Divulgação)

“Hoje, o ato de contar histórias necessita de mais inclusão. É preciso representar o mundo em que vivemos para que as pessoas se vejam ali”, diz Golda. A história de época, portanto, vem propositalmente acompanhada de uma aristocracia miscigenada. “Gostaria que a nossa presença ali fosse suficiente, mas só porque ocupamos esse espaço, pre- cisamos explicar o porquê”, rebate ela sobre as polêmicas que circularam durante as temporadas da série original, questionando atores negros no elenco. “Pense no filme Não! Não Olhe, de Jordan Peele: é uma ótima ficção científica protagonizada por uma família. Em nenhum momento [a cor deles] é o assunto. Gostaria de ver mais coisas nesse sentido.”

Apesar disso, Golda fica feliz que na história da série exista uma “narrativa fascinante que gera uma reflexão”. “Eu amo a forma como passamos a mensagem de que não importa se você é gay ou hétero, qual é a sua cor; não importa se você está ali apenas pelos vestidos e perucas, você sempre será bem-vindo. Há intrigas e complexidades elaboradas de forma inteligente”, pontua Adjoa Andoh, a Lady Danbury. Outras camadas também são atingidas, com personagens LGBT+ e empoderamento feminino. “Existiram mulheres negras importantes ao longo da história, mas não falamos sobre elas na cultura. É muito bom poder trazer isso para o ocidente”, diz.

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No contexto de Bridgerton, as mulheres sequer podiam escolher seus maridos. Entretanto, a forma como Shonda Rhimes (Grey’s Anatomy, How To Get Away With Murder e Scandal) conduz a narrativa dá espaço para que a história seja reescrita de acordo com a sociedade de hoje. A versão mais jovem de Rainha Charlotte (vivida por India Amarteifio) é um bom exemplo: ela sabe se impor e consegue expressar suas ideias e gostos, independente do que o Rei George pensa.

O mesmo acontece com Lady Violet. “Minha personagem é alguém que pode navegar por essa sociedade dominada por homens e, praticamente, moldar as regras para que se adequem a ela. É algo que nos faz pensar: posso trabalhar com isso”, diz Ruth Gemmell (no canto superior desta página). E não é só sobre poder, há também uma forma natural de tratar a sexualidade feminina. “É maravilhoso ver mulheres falando e explorando isso, mais ainda saber que a audiência percebe que nós temos uma abordagem que não é aproveitadora.”

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Sem esquecer, claro, do romance. Em Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton, a descoberta do amor entre os personagens faz a gente suspirar. “Há espaço para fragilidade e dilemas de um relacionamento. Você acompanha essa monarca se entendendo como mulher ao longo dos anos, em uma situação que não foi idealizada por ela. A partir disso, Charlotte e George precisam fazer funcionar entre eles, sabe?”, diz Adjoa Andoh. Na vida real, o casal ficou junto por muitos anos e teve vários filhos. “Essa era uma época em que as famílias reais se casavam por acordos e alianças [políticas]. Mas é possível ver a rainha desenvolver a sua própria sabedoria dentro do relacionamento. Eles tiveram um casamento alegre e fiel. Por isso, acre- dito que o público vai achar essa história realmente comovente.”

Adjoa Andoh como Lady Danbury em
Adjoa Andoh como Lady Danbury em “Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton” (Netflix/Divulgação)

Brilhos nos olhos

Empoderamento e diversidade são temas importantes na série da Netflix, mas Rainha Charotte tem também um cuidado especial com os figurinos, maquiagem e trilha sonora. Golda, que, inicialmente, tinha feito o teste para ser Lady Danbury, acredita que Shonda Rhimes “adicionou uma bela experiência em contar histórias para nós e para pessoas brancas” com esse universo de puro glamour. “Existe esse senso de importância nas narrativas dela.”

A moda se torna um personagem à parte, como fonte narrativa para além das palavras. “Sinto que tenho grande privilégio de usar perucas e trajes incríveis e estar próxima dos artistas que criam esses looks – eles são pessoas extraordinárias.” Uma relação com o visual que surge bem antes da fama. “Eu poderia ter menos de cinco libras no banco, mas estava sempre impecável. Sabe, é uma maneira de se colocar no mundo. Afinal, o jeito que eu me apresentava para as pessoas também era algo relevante nesta indústria”, compartilha Golda.

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O clima de sonho e divertimento é compartilhado por Ruth Gemmell. “Nessas séries [de época], consigo me vestir de um jeito que nunca experimentei na minha vida. Ter roupas feitas sob medida para você é algo indescritível. A cada episódio, um traje diferente… E isso só vai ficando mais maravilhoso com o passar do tempo. Mas acho que sou muito preguiçosa fora das telas”, brinca ela, aos risos. Em comparação com as personagens, quem não seria? Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton já está disponível na Netflix. Dê o play!

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