Alanis Guillen: “Meu jeito de amar é livre”
De volta ao horário nobre, a atriz consolida sua carreira e encara a desafio de encarnar (e se diferenciar de) uma personagem com quem se identifica
Após dar vida à icônica Juma Marruá, na novela “Pantanal”, Alanis Guillen está de volta ao horário nobre. A atriz agora interpreta Michele no enredo de João Emanuel Carneiro, “Mania de Você”. Dessa vez, o desafio vai além de brilhar nas telas: trata-se de conseguir separar a ficção da realidade e, ao mesmo tempo, mostrar a si mesma que, apesar da pressão, é possível se soltar e aproveitar o momento do processo criativo. “Fazer uma novela é encarar um ano de trabalho intenso e diário, viramos monotemáticas”, brinca. “Tenho um jeito muito duro comigo mesma, mas, agora, quero confiar na entrega para conseguir ser mais serena.”
Diferente de Juma, Michele é uma mulher contemporânea e, em muitos aspectos, reflete a própria Alanis. “Experimento no corpo todas as emoções dela”, revela. Apesar de não ser a protagonista, a jovem desempenha um papel central na trama. De origem humilde, ela parte com o marido para Portugal em busca de uma vida melhor, mas logo se vê diante de uma realidade muito diferente do que imaginava.
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Em meio a um lugar completamente novo, o casal precisa lidar com dificuldades inesperadas, incluindo a presença de grupos criminosos envolvidos em exploração sexual, com os quais sua personagem vai entrar em contato.
No processo de estudo para o papel, a atriz conversou com pessoas que revelaram as dificuldades da imigração. Essa troca ajudou a construir uma atuação sensível e, acima de tudo, responsável. Afinal, seu ofício tem o objetivo de gerar empatia no telespectador. “Quem escolhe sair do país sem nada é porque está passando por dificuldades extremas e deseja viver com dignidade. Quando caem em golpes, muitos precisam lutar pela própria vida. Morar em um lugar estranho, sem referências e sem apoio por perto é muito difícil”, diz.
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“Nessa situação, há uma busca instintiva pela sobrevivência.” Para piorar, a mocinha ainda enfrenta dores familiares – é irmã da vilã Ísis, interpretada por Mariana Ximenes. “Por mais que ela seja firme e saiba o que quer, ainda carrega traumas”, define Alanis.
A equipe viajou para gravar, marcando sua primeira visita às terras lusitanas. Os destinos incluíram Porto, Lisboa e Linhares da Beira, uma vila pitoresca na encosta noroeste da Serra da Estrela. “Encontrei pessoas maravilhosas e de coração aberto. Vi paisagens lindas e, além disso, visitei minha irmã, que vive lá há dez anos. Pude aproveitar a viagem através do olhar dela e entender sua escolha de morar fora do Brasil”, descreve, com um sorriso no rosto. A lembrança favorita da região envolve os colegas de cena, que ela considera verdadeiros amigos: “Gravamos em um castelo, um lugar que parecia estar em ruínas. Em uma das noites, sentamos no topo para admirar a vista ao nosso redor e terminamos o dia cantando karaokê pelo celular. Foi super divertido!”
O tamanho do sucesso
Alanis começou sua carreira ainda na infância, participando de comerciais. Aos 15 anos, mergulhou em cursos livres de teatro e dança, e mais tarde se formou em artes cênicas. A estreia na televisão veio com a protagonista Rita em “Malhação: Toda Forma de Amar” (2019), na Globo. Hoje, aos 26 anos, ela olha para sua trajetória de forma crítica e acredita que está em um momento de reestruturação, avaliando o que funcionou e o que precisa ser ajustado, sempre com a vontade de melhorar sua comunicação com o público.
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Por se entregar completamente ao trabalho, ela reconhece que precisa aprender a respirar fundo para lidar com a pressão que impõe a si mesma. “Em todo novo projeto, sinto uma urgência em organizar rapidamente uma linha de pesquisa e ensaios. Além disso, é essencial aprender a separar a vida pessoal da ficção, porque você passa muito tempo sendo outra pessoa.” Com essa consciência, Alanis busca uma nova abordagem para equilibrar o dia a dia: “Neste momento, estou priorizando o relacionamento com os colegas, o olho no olho, uma boa noite de sono e a rotina. Sei que consigo porque já vivi isso antes”, avalia.
Como uma boa taurina, a estrela nunca deixa de planejar o futuro. Mesmo nos momentos de incerteza, seu propósito de contar boas histórias permanece inabalável. O amor pelo que faz é mais forte do que qualquer dúvida. “Espero trabalhar muito ainda, pois o trabalho me engrandece e me ensina sobre a relação com a vida e com o mundo. É ele que me mantém em movimento e exercita meu olhar. Quero seguir atenta e atuante.”
O resultado não poderia ser diferente: Alanis é considerada um dos grandes destaques de sua geração. A dimensão do sucesso, no entanto, foi sendo compreendida de maneira gradual e introspectiva, à medida que mais portas se abriram e pessoas que ela admirava passaram a aprender seu nome. “Tento manter os pés no chão para não cair em ilusões.” Quando começou a receber um bom salário, sua prioridade não foi mudar-se para uma casa maior ou adquirir itens de luxo, mas sim ajudar sua família, por quem nutre um amor profundo.
Nesse processo, também percebeu que a verdadeira alegria só é plena quando compartilhada. Durante nossa conversa, ela recorda como, ao receber prêmios, muitas vezes se via tomada por uma sensação de solidão e tristeza, isolada em um quarto de hotel, longe das pessoas que ama. “Eu ligava para a minha mãe porque queria tê-la por perto”, confessa.
Toda forma de amor
A narrativa de Michele vem com outra surpresa: um triângulo amoroso. Seu coração ficará dividido entre o marido, Cristiano (interpretado por Bruno Montaleone), e Daniel (personagem de Samuel de Assis). “Não controlamos nossos sentimentos”, avalia a intérprete. “Por mais que tentemos ser racionais, a vida sempre surpreende.” Nesse contexto, o propósito é que o público enxergue a vulnerabilidade humana. “Esse é o papel da arte: mostrar que nem tudo tem uma resposta simples.”
Alanis acredita ter uma maneira única de se relacionar. Com a sexualidade fluida, ela vê em cada encontro uma oportunidade de autodescoberta e de aprendizado sobre o outro. Nos seus relacionamentos, não impõe regras ou amarras — o diálogo é sempre o principal ingrediente.
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“Meu jeito de amar é livre. O amor não tem fórmula. Sou honesta e estou sempre experimentando, descobrindo e redescobrindo. Me permito sentir e viver.” No entanto, ela não se entrega facilmente a um namoro, pois precisa sentir segurança antes de dar o próximo passo. “Para mim, o amor é aquele sentimento que te atravessa e dura para a vida inteira — independentemente de estarmos juntos ou não.”
A voz de uma geração
Assim como grande parte da geração Z, a atriz demonstra uma consciência aguçada em relação às lutas sociais, como o feminismo, a importância do voto e os direitos LGBTQIA+. Por isso, sempre que possível, ela se posiciona — seja nas redes sociais, em campanhas públicas ou em entrevistas. “Percebo que, quando falo, meu alcance é enorme. Mas ainda sinto que preciso aprimorar minha interação com a internet.”
Alanis também alerta para os desafios de viver em uma era dominada pelo digital, onde a comparação constante pode minar a autoconfiança e gerar ansiedade. Para ela, é fundamental preservar a autenticidade e se desconectar do mundo virtual de tempos em tempos. “Quanto mais a gente puder ser honesto e não se perder nas comparações que o online nos propõe, é melhor. Precisamos nos cuidar e estar perto de quem amamos para encarar os desafios que o mundo traz”, ressalta, destacando a importância de cuidar da saúde mental e das conexões reais.
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