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Verdadeira Natureza, por Mariana Ferrão

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Mariana Ferrão é jornalista, palestrante e CEO da Soul.me, empresa especializada em bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento humano. Aqui, marca um encontro quinzenal com as leitoras - e consigo mesma
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Recomeço natural: você já passou algum réveillon sozinha?

Mariana Ferrão escolheu estar sozinha na virada do ano. Sentiu medo, mas não se esquivou de suas emoções e descobriu espaço para ser quem é de corpo e alma

Por Mariana Ferrão
15 mar 2022, 08h46
Ilustração
 (|Ilustração: Ksenika Purpisa/Getty Images)
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Bem-vinda! A partir deste mês, temos um encontro marcado em claudia.com.br a cada 15 dias, querida leitora. Quero compartilhar com você minha alegria de integrar o time de colunistas de agora em diante. Vou iniciar nossa primeira conversa com a seguinte pergunta: você já passou algum réveillon sozinha? Eu tive essa experiência pela primeira vez em 43 anos na noite do último dia 31 de dezembro.

Não, eu não estava com Covid-19, nem influenza. Passei sozinha por opção, porque queria apenas estar comigo. Chegar a esta decisão não foi fácil: toda escolha implica em renúncias. Durante vários dias cogitei ir às festas que amigos me convidaram ou à casa do meu irmão para ficar com a família. Mas algo aqui dentro me pedia: se dê a chance de estar apenas com você.

Mariana
@marianaferrao é jornalista, palestrante e CEO da Soul.me, empresa especializada em bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento humano. Na seção Verdadeira Natureza, marca um encontro quinzenal com as leitoras – e consigo mesma. (|Foto: Mariana, Rafaela Duarte/Divulgação)

Pensei em como seria ouvir os fogos de artifício e não ter com quem brindar. Pensei que não teria ninguém para compartilhar o sorriso e a esperança de um ano melhor em 2022. Sentia medo de encarar a solidão e medo de começar o ano triste. Durante a semana que antecedeu a noite do Ano-Novo, ouvi todos os meus medos lembrando de uma história que li certa vez no livro Quando Tudo se Desfaz, de Pema Chödrön, na qual uma aluna pergunta ao mestre como ele se relaciona com seus medos: “Eu concordo, eu concordo”,explica com simplicidade.

Dei espaço para que meus medos se manifestassem e apenas concordei com todos eles. Desde 2019, tenho vivido processos importantes de desconstrução e reconstrução da minha identidade: um pedido de demissão, um divórcio, a criação de uma empresa e de uma equipe, a mudança para um novo bairro, uma nova casa e um relacionamento diferente de tudo que já havia vivido que também chegou ao fim em dezembro de 2021.

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Eu precisava de espaço para sentir e de tempo para permitir que todos os sentimentos pudessem, pelo menos, se manifestar dentro de mim. E este era o compromisso que queria firmar comigo na virada do ano: não me distrair de mim, poder me acolher e me aceitar cada vez mais. Foi com isso em mente e especialmente no coração que dei início às celebrações do meu ano novo: de manhã, tirei toda a roupa e tomei um banho de sal grosso no pequeno gramado que tenho no quintal, varri e limpei a casa, acendi velas, fiz um escalda-pés com gerânio e rosas, coloquei um belo vestido, e depois usei um lindo jogo de chá chinês que estava guardado há muito tempo para servir chá para mim, para os meus ancestrais, meus anjos da guarda e mentores – que não vejo, mas sinto que me acompanham.

Agradeci à Natureza e à minha natureza. No meio da tarde, mandei mensagens cheias de amor para pessoas próximas e distantes a quem quero muito bem e novamente agradeci à possibilidade de me relacionar e de compreender o quanto isso é precioso. Quando anoiteceu, ainda antes da meia noite, peguei o espumante que havia colocado para gelar e fui novamente para o gramado. Olhei para o céu e me perguntei: vou brindar a quê? Brindei a mim mesma e à minha coragem de estar apenas em minha companhia!

Foi potente e revelador. Estar comigo me nutriu. No mundo corporativo, uma ferramenta simples que ajuda a priorizar tarefas é a matriz “esforço x impacto”. Fica fácil perceber se devemos ou não investir tempo e dinheiro em uma determinada ação quando a colocamos nesta equação. Entendo que o compromisso consigo mesma exige bastante esforço, mas pode ter impacto gigantesco em todas as áreas da vida.

E este é o convite que quero fazer para você, nesta primeira coluna de CLAUDIA: que tal aproveitar este mês para se comprometer com você? Para a astrologia, o ano novo começa em março, com a entrada do Sol em Áries, o primeiro signo do zodíaco. Em 2022, isso acontecerá às 12h33min do
próximo dia 20.

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Se você anda sentindo que o ano ainda não engrenou, você não está sozinha. O calendário gregoriano, que marca a chegada do ano no dia primeiro de janeiro, foi criado pelos homens e está desconectado dos ciclos planetários naturais que regem a grande engrenagem cósmica.

O ritmo da natureza e da nossa natureza é diferente. Nosso corpo sente, nossa alma sabe. Dê uma pausa para si e reforce a caminhada com o tempo natural. A entrada do Sol em Áries marca também o equinócio, a chegada de uma nova estação. Aqui no Hemisfério Sul, é o começo do outono, as folhas das árvores caem nos lembrando de que o antigo se enfraquece para que o novo possa começar a se formar.

A força de Áries, signo do elemento fogo, impulsiona novas ações e o Sol, mais perto da linha do Equador, iluminando por igual os dois hemisférios da Terra, traz harmonia e equilíbrio entre as energias Yin e Yang, fazendo desta data um momento auspicioso de conexão desde a antiguidade.
Aproveite esta energia para deixar ir aquilo que não faz mais sentido e sinta-se abençoada por estar cada vez mais perto de você. Que possamos acolher nossa luz e nossas sombras. Feliz ano novo!

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