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Juliana Borges é escritora, pisciana, antipunitivista, fã de Beyoncé, Miles Davis, Nina Simone e Rolling Stones. Quer ser antropóloga um dia. É autora do livro “Encarceramento em massa”, da Coleção Feminismos Plurais.
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Até mais, Quino!

"Se me perguntarem de onde vem parte do meu olhar crítico sobre o mundo, você já imagina como vou responder: culpa do Quino e da Mafalda", diz a escritora

Por Da Redação
2 out 2020, 22h09

São Paulo, 02 de outubro de 2020

 

“No seria mas progresista preguntar dónde vamos a seguir, em vez de dónde vamos a parar?”

Mafalda

Com o devido atraso do tempo para sintetizar as coisas, eu escrevo o meu obrigado ao Joaquín Salvador Lavado Tejón, o Quino.

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A gente tem a equivocada mania de achar que pessoas são eternas. Mesmo quando elas já estão doentes, afastadas da vida pública, a gente alimenta essa ideia de que elas ficarão ali, que é algo passageiro, quando é a vida que está de passagem.

O Quino me ensinou que uma garota “perguntadeira” era um bom sinal. Quando pequena, não eram raras as vezes em que questionavam minha mãe sobre porquê eu “falava tanto” e porquê eu “perguntava sobre as coisas o tempo todo”. Mãe e tias se envolveram em discussões acaloradas por isso: “Deixa a menina perguntar! Qual é o problema?”. Só pode ter sido por conta desse meu temperamento que comecei a ganhar livros e ser remetida ao universo da personagem Mafalda pela minha família. Se me perguntarem de onde vem parte do meu olhar crítico sobre o mundo, você já imagina como vou responder: culpa do Quino e da Mafalda.

A personagem icônica foi criada nos anos de 1960, em plena ditadura na Argentina. Imagine só falar de contestação e, mais, sobre uma menina questionadora sob um regime autoritário e conservador? Pois foi o caminho de Quino. Seu sucesso foi tremendo, talvez pelo que significa a ingenuidade infantil, e Mafalda ganhou o mundo em traduções e pelas telas dos cinemas.

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No começo dos anos de 1970, Quino decidiu não mais desenhar Mafalda. Como protesto diante da demanda do jornal em relação a entregas. É preciso espaço para criar. Mesmo assim, Mafalda seguiu encantando gerações.

Na minha última ida para Buenos Aires eu, enfim, consegui tirar uma foto com a estátua de Mafalda, no bairro de San Telmo. A fila não diminuía nunca, repleta de pessoas com memórias das infâncias, com alusões aos seus cotidianos de deslumbre com Mafalda e sua turma. Eu era só alegria e gratidão por aquele momento, mesmo sendo apenas um monumento.

Por isso, meu mais profundo obrigada a Quino por ter me garantido uma infância sem me sentir tão deslocada, aprendendo que ter personalidade forte, que querer saber sobre cada aspecto do mundo, do porquê das coisas serem como são e como podemos mudá-las era uma qualidade importante e não um demérito. E que meninas contestadoras são necessárias e podem, também, ser símbolo para muita gente.

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