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Mulheres que passaram por problemas financeiros ensinam a sair do vermelho

Elas também revelam o que as fez perder o controle e como encontrar o caminho para a saúde financeira

Por Por Carol Salles
Atualizado em 16 abr 2024, 11h04 - Publicado em 24 jul 2018, 12h53
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  • Se você se sente perdida no labirinto da insolvência e acredita que não há saída, precisa saber que não está sozinha. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas mostram que 38% dos consumidores brasileiros se encontravam no vermelho no final de 2017. “Os gastos por impulso são a maior causa do endividamento”, diz Kelly Carvalho, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo. “Há um bombardeio de apelos, principalmente sobre as mulheres. Por isso, é necessário que se atenham ao planejamento para não cair em tentação.”

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    Mas outro fato aumenta a esperança de alcançar a saúde financeira. São elas que mais colocam o orçamento em dia. Em fevereiro, as mulheres correspondiam a 52% dos que quitaram seus débitos, ante 48% dos homens.

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    Cinco entrevistadas explicam como encontraram a receita de equilíbrio depois de se verem no sufoco. E revelam o que as fez perder o controle – sinal de alerta para quem está à beira do caos.

    1. Descontava as frustrações em compras

    Patricia Poyatos, 46 anos, empresária, de São Paulo 

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    “Quando eu era adolescente, tinha compulsão alimentar. Adulta, o foco passou para as compras. Estava acostumada a viver com dívidas, que eram quitadas com o 13º salário e o dinheiro das férias. Em 2001, perdi o emprego e meu namorado terminou comigo. Pedro, meu filho, tinha apenas 2 anos.

    A ansiedade causada pela instabilidade era compensada com gastos. Estourei o limite de três cartões de crédito e comprei um carro financiado. Meu nome ficou sujo e cortaram meu limite no banco. Notei que meu comportamento era repetitivo e decidi procurar terapia para me tratar.

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    Alguns meses depois, já estava empregada novamente e aceitei serviços autônomos para aumentar a renda. Recusei o cheque especial e descartei os cartões. Também criei uma planilha de entrada e saída do dinheiro.

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    Aos poucos, paguei as dívidas e financiei um apartamento. Quando conheci meu atual marido, vendemos esse imóvel e usamos uma parte, cerca de 15 mil reais, para quitar o que ainda faltava do débito. Foram oito anos até zerar tudo – em uma jornada na qual expandi minha autoconsciência. Hoje tenho cartão de crédito e cheque especial, ambos com limites muito baixos. Só que já estou vacinada e não caio mais nas armadilhas.”

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    Dicas da Patricia

    2. Investiu todo o dinheiro em um negócio que deu errado

    Fábia Máximo, 35 anos, personal shopper, de Santo André (SP)

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    “Abri um salão em um bairro nobre da minha cidade, mas estava sempre vazio. Os profissionais diziam que era culpa da localização, do preço… Tive problemas com a administração das manicures e dos cabeleireiros. Queimei minhas reservas tentando manter o funcionamento normal.

    Em um curso voltado para empreendedores, me disseram que eu deveria considerar a possibilidade de vender o negócio. Sete meses depois da inauguração, passei o ponto por 38 mil reais. O dinheiro quitou 80% do que eu devia ao meu pai – ele havia me ajudado com o investimento inicial. Ainda pesava o prejuízo de 12 mil reais com cartões de crédito e cheque especial. Sem enxergar saída, entrei em depressão. Um dia, surgiu a ideia de vender produtos de beleza de catálogos.

    Também arrumei um emprego com salário baixo, que usava para fazer um pequeno estoque. As vendas me permitiram negociar as dívidas e pagá-las em dois anos. Hoje, não vendo mais os cosméticos, mas atuo como consultora de compras.”

    Dicas da Fábia

    3. Pediu demissão e não conseguiu emprego após a gravidez

    Dayane Vieira, 43 anos, empreendedora, de Curitiba

    “Sou enfermeira e, ao ficar grávida, deixei o emprego. Quando minha filha completou 1 ano, participei de vários processos seletivos. Nunca olhavam meu currículo. Só perguntavam quem ficaria com a criança e se eu sairia do trabalho para levá-la ao médico.

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    Meu marido assumiu as parcelas do financiamento da nossa casa – o valor de cada uma equivalia ao salário que perdi. Foi um impacto. Cortamos viagens, passeios, restaurantes… Sem dinheiro, entrei no cheque especial.

    Um dia, vi objetos de crochê em uma revista e tive um insight. Na infância, havia aprendido os pontos com minha mãe. Comprei 100 quilos de linhas, porque era a quantia mínima permitida. Fiz um cesto e um jogo de tapetes. Postei as fotos no Facebook, e a reação foi incrível.

    Em uma semana, consegui dez encomendas. No começo, tive prejuízo por não saber precificar os produtos. Então fui atrás de cursos. Hoje, além dos pedidos e das vendas para lojas, dou aulas de crochê. Ganho o dobro do que recebia como enfermeira, meu padrão de vida melhorou e estou livre do pesadelo.”

    Dicas da Dayane

    4. Perdeu o emprego e torrou as economias de anos

    Tais Gonçalves, 37 anos, designer, de São Paulo

    “Em 2015, eu morava sozinha e tinha um salário que cobria todos os meus gastos, inclusive o aluguel. Tudo ia bem até que fui demitida. Procurei frilas na minha área, mas não consegui nada. Como havia passado muitos anos contratada, não tinha bons contatos. Recorri à quantia que juntara na poupança.

    Cortei gastos, mas, mesmo assim, entrei no cheque especial para pagar contas básicas e sobreviver. O rombo foi crescendo com os juros e chegou a 8 mil reais. Minha mãe sugeriu que eu voltasse a morar com ela até me estabilizar. Não era exatamente o que eu desejava, mas não encontrei outra opção. Foi ela quem me orientou dali em diante.

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    Conseguiu um empréstimo consignado, que tem juros mais baixos, para me ajeitar. Sem a despesa do aluguel, aos poucos paguei o que devia, até mesmo o último empréstimo, e recuperei minha poupança. Arrumei outro emprego e hoje aplico 30% da minha renda para dar entrada em um apartamento.”

    Dicas da Tais

    5. Vivia apertada, mudou de cidade, de atividade e faliu

    Cristiane Cintra, 39 anos, empresária, de São Paulo

    “Eu e meu marido sempre tivemos uma situação financeira apertada. O que ganhávamos não era suficiente para nos manter. Mudamos para o interior na tentativa de reduzir gastos e decidimos virar corretores de imóveis. Não deu certo. Então arranjei um emprego, mas o salário não pagava nem o aluguel. Ficamos sem fundos, com o nome sujo e os cartões estourados.

    Voltamos para São Paulo e passei a ajudar minha mãe no salão de beleza dela. Reparei no modo como trabalhavam os representantes das marcas que iam vender os produtos e resolvi me dar uma chance. A essa altura, já acumulava 10 mil reais em dívidas. No início, ganhava apenas 20% sobre o valor de cada venda, mas me dediquei muito e, aos poucos, deslanchei. Limpei meu nome, juntei capital e me tornei distribuidora.

    Meu marido, que estava atuando como taxista, foi trabalhar comigo. Tudo parecia um sucesso até começarem a falsificar os produtos e a vendê-los por um valor bem mais baixo. Perdi clientes e fiquei devendo 100 mil reais para a fábrica. Isso me abalou emocionalmente; senti medo de entrar em outro poço profundo. Sem muita opção, vendi um terreno que tinha comprado e cobri o valor do débito. Com o pouquinho que sobrou, investi na minha marca de cosméticos.

    Havia guardado os contatos dos clientes, sabia das necessidades e reclamações em relação aos produtos antigos. Adaptei as fórmulas e o negócio deu certo. Um dia, recebi um e-mail de um egípcio interessado em importar o que eu oferecia. Com a oportunidade, expandi para Egito, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Iraque. Além de pagar as dívidas, consegui uma reserva e estou à frente de um negócio que me traz orgulho e autoconfiança.”

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    Dicas da Cris

     

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