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Leitora de CLAUDIA fala sobre escolha de não ter filhos

Contadora explica seus motivos e defende o direito de levar a própria vida como bem entender

Por Da Redação
Atualizado em 26 out 2017, 09h00 - Publicado em 26 out 2017, 09h00
 (Igo Estrela/CLAUDIA)
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Seja quem for a mulher que cada uma escolher ser, CLAUDIA está pronta para dividir esse caminho com elas. A gente quer estar com você, leitora, nesta trilha pela igualdade de direitos e oportunidades. Nenhuma de nós está mais sozinha. E, juntas, somos muito mais fortes e chegaremos muito mais longe.

Nós somos as mulheres que não mais esperam pela bênção da sociedade para reivindicar o que é nosso. E nós sabemos que, não importa qual seja nosso desejo, não importa qual seja nossa escolha, nós temos direito.

Inspire-se na história de Daniela Duarte do Nascimento, 40 anos, auditora de controle externo do TCU, de Brasília.

#EuTenhoDireito de não ter filhos

Nunca me identifiquei com o papel de mãe. Não me enxergo como responsável por uma pessoa pelo resto da vida, criando-a, garantindo estabilidade emocional. Não que eu ache que iria desempenhar mal a função, mas não via motivo em assumi-la por obrigação ou convenção.

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Eu e minhas duas irmãs fomos criadas para sermos independentes, com a liberdade de fazer escolhas. Minha família inteira trabalha na área de saúde, menos eu. E não sofri pressão para cursar medicina, pois entendiam não ser essa minha vocação. Também compreenderam quando optei por ser a única das três a não ter filhos. Por mais que a vontade nunca tivesse aflorado, a decisão exigiu amadurecimento. Eu me questionei durante três anos. Estava casada havia oito, e a relação não ia bem. Achei que uma criança poderia salvar a união. Hoje vejo o engano.

Percebi que eu adiava a gravidez, colocava condições impossíveis de ser cumpridas, como se estivesse me dando um seguro de que não ia acontecer. Até tentamos, mas nunca deu certo. Resolvi admitir de uma vez por todas não querer ser mãe. A aceitação dos outros foi mais difícil, mas me disponibilizei a conversar com cada um. Quando me separei, minha ginecologista sugeriu congelar óvulos. Recusei. A proposta foi repetida nos dois anos seguintes. A essa altura, achava engraçada a resistência dela. Rimos quando falei que ela precisava aceitar o fato de que eu não teria filhos.

Ser tia de quatro crianças já é suficiente para preencher meus instintos de nutrir e cuidar. Amo meus sobrinhos e participo muito da vida deles. É por isso que me incomoda quando concluem que não tive filhos porque não gosto de crianças ou assumem que tenho um problema fisiológico e não posso ser mãe. Há ainda quem tente me convencer com argumentos absurdos, tais como: ‘Quem vai cuidar de você quando for velha?’. Filho não é plano de previdência. Já fui acusada de ser egoísta, mas esse tipo de ataque desisti de rebater.

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Quem me conhece sabe que não sou nada disso. Também não respondo a comentários sarcásticos sugerindo que minha vida é mais fácil porque posso viajar fora da época das férias escolares ou não tenho de acordar no meio da noite. Não levo a escolha como uma causa, uma bandeira. Jamais vou desencorajar uma amiga a ter filhos. Vou adorar quando ela engravidar e ainda ajudarei a cuidar! O que defendo é o respeito às diferenças.

Estou em um relacionamento há quatro anos. Quando nos conhecemos, logo abordamos esse assunto. Meu namorado também não queria ser pai e, por isso, teve outras relações frustradas. Nosso encontro foi muita sorte. Vivo tranquila com a minha decisão.”

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