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Solidão e solitude: como aprender a desfrutar da própria companhia?

Diferente da solidão, a solitude é a capacidade de encontrar felicidade nos momentos em que estamos sozinhos

Por Kalel Adolfo
5 mar 2022, 08h32
Estar sozinha pode ser uma oportunidade para nutrir o autoconhecimento e autocuidado.
Estar sozinha pode ser uma oportunidade para nutrir o autoconhecimento e autocuidado.  (Samuel Theo Manat Silitonga (Pexels)/Reprodução)
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Você provavelmente já experimentou a solidão em algum momento de sua vida. Mesmo em um ambiente repleto de pessoas, podemos nos sentir sozinhos, desamparados e incompreendidos. Ou então, acreditamos ser incapazes de formar conexões significativas em nossa trajetória. A verdade é que existem inúmeras razões capazes de nos isolar do mundo que nos cerca.

Mas o que acontece quando invertemos o raciocínio e decidimos ficar a sós por vontade própria? Por mais que a cultura nos ensine a evitar estados de reclusão, é essencial saber aproveitar a própria companhia. Quando atribuímos um significado positivo à solidão, ela se transforma em solitude, que é um dos caminhos mais importantes para quem busca se conhecer melhor.

Para entendermos juntas as diferenças entre a solidão e solitude — e como mergulhar neste universo de autoconhecimento que só atingimos quando estamos desacompanhados — entrevistamos a psicóloga Adriana de Araújo (@coerenciaemocional). Dá uma olhada:

Solidão e solitude: quais as maiores diferenças?

Se estar sozinhas nos causa mal-estar, estamos falando de solidão: “O isolamento é negativo quando provoca a sensação de tristeza, abandono ou rejeição”, explica Adriana de Araújo. “Já a solitude está associada ao prazer de estar consigo mesmo”, continua. Segundo a especialista, ambas são estados emocionais bem diferentes, que dizem respeito à ausência ou presença de felicidade.

Por que nos sentimos sozinhas?

Mas antes de sair aproveitando a própria companhia, não há como escapar daquela temível reflexão: “Por que será que me sinto tão sozinha?”. Bom, os motivos podem ser internos ou externos: “Às vezes, estamos perdidas em um grande diálogo interno. Conversamos exaustivamente com nós mesmos para tentar acalmar algum problema que nos persegue e esquecemos de enxergar o que está ao nosso redor”, explica.

Também há situações em que o ambiente externo nos mantém neste estado de solidão: “Não ser acolhida ou respeitada pelo próprio círculo social pode provocar esse sentimento. Além disso, existem aqueles locais em que as pessoas estão fisicamente juntas, mas não trocam ideias ou interações. Isso traz a noção de estar isolado mesmo na companhia dos outros”, diz Adriana.

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Você não é fraca por se sentir sozinha

É sempre bom lembrar que não precisamos gostar constantemente de nossas companhias. Isso não significa que somos fracos ou que não nos amamos. Para algumas pessoas, a solitude pode ser um caminho muito mais difícil, e está tudo bem. “Nem todas nós tivemos a oportunidade de cuidar adequadamente das nossas próprias necessidades. Além disso, algumas pessoas lidam com pensamentos intensos de culpa, insegurança e arrependimento que simplesmente não passam. Portanto, estar na companhia de outros acaba as distraindo de si mesmas, aliviando as dores emocionais”. Nestes casos, é importante ressaltar que a psicoterapia é sempre bem-vinda. Não tenha vergonha de pedir ajuda.

Dicas para aproveitar a própria companhia e potencializar a solitude

Transformar a solidão em algo prazeroso não é uma tarefa simples: Adriana de Araújo explica que, acima de tudo, a solitude nada mais é do que um compromisso diário consigo mesma. “Precisamos aprender a cuidar da rotina, dos prazeres, das obrigações. Para isso, recomendo o autoconhecimento, que é a ferramenta que nos permite ser a nossa melhor companhia”, esclarece.

Para a psicóloga, tudo é uma questão de equilíbrio: estar bem conosco não é um impeditivo para estarmos contentes com o próximo. “É muito benéfico quando entendemos o momento certo de nos dedicarmos a nós mesmos e ao outro. A tão almejada felicidade também reside no bem-estar com a própria existência”, reitera.

E claro, há algumas dicas práticas — e fenomenais — para curtir a si mesma:

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  • Tenha uma agenda com você mesma, dedicando atenção às obrigações, mas também aos seus prazeres
  • Viva o agora sem esquecer de programar o dia a dia
  • Nunca se esqueça que a rotina precisa lhe proporcionar momentos de felicidade
  • Faça escolhas que lhe agradem no presente, mas também lhe beneficiem no futuro
  • Cuide da qualidade dos seus pensamentos: a terapia pode ser uma boa ferramenta para não mergulhar em introspecções destrutivas

Benefícios de abraçar a solitude

Solitude pode começar a partir de atitudes simples como reservar um tempo para escutar música.
Solitude pode começar a partir de atitudes simples como reservar um tempo para escutar música. (Cottonbro (Pexels)/Reprodução)

Você deve ter percebido que a solitude está intimamente ligada ao autoconhecimento e autocuidado, que são as bases para aprendermos a sonhar, ter metas e realizar os nossos desejos. “Estar só é um bom momento para programar a sua agenda, criar momentos de prazer e até mesmo repensar a própria vida”, afirma Adriana.

E acredite: a solitude pode começar com simples gestos, como reservar um tempo para ler um livro, ouvir um disco ou apenas tomar um vinho no tapete. Estar em contato consigo mesmo não é fácil. Mas a partir do momento em que nos compreendemos, estar sozinho pode ser um enorme prazer.

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