As redes sociais são ferramentas poderosas para se potencializar o alcance do discurso. Já tivemos vários exemplos de como o conceito de ligação entre pessoas pode gerar um movimento real – e offline. Quem se lembra da Primavera Árabe? E das manifestações de junho de 2015? E da campanha Meu Primeiro Assédio? Em suas esferas particulares de temática e alcance, um ponto em comum: a mobilização através da comunicação.
No último mês, em que tivemos o estupro sofrido pela jornalista Clara Averbuck e o ataque de um homem dentro de um ônibus, dois casos horríveis de violência contra a mulher em pauta dos noticiários, o Scup, que é uma plataforma de monitoramento das redes sociais, preparou um levantamento para entender o que as mulheres estão discutindo sobre o tema.
Entre as mulheres, o sentimento predominante foi raiva: entre os dados analisados entre 29 e 31 de agosto, no ápice das repercussões acima, a proporção chegou a ser de 79% – contra 21% de “medo”. Um dos motores para a fúria é, sem dúvidas, a impunidade. Prova disso é que o personagem mais citado dos casos foi o juiz José Eugenio do Amaral Souza Neto, que liberou o agressor que ejaculou na vítima após sentenciar que não houve constrangimento.
Já nas menções relacionadas às vítimas, o termo “vergonha” figura o topo da lista dos sentimentos relacionados. Não à toa, os casos de estupro (assim como os de violência doméstica) são subnotificados. Estima-se de que o número de ocorrências possa ser 70% maior do que as que são de fato registradas. Há muitos fatores que corroboram para essa constatação assustadora: mulheres violentadas são desacreditadas por suas famílias e pelas autoridades competentes, obrigadas a passar por perguntas vexatórias, às vezes nem ajuda encontram.
Confira abaixo os posts classificados como mais relevantes durante o período, bem como as hashtags mais citadas:
Autora: Antonia Pellegrino, curadora do blog #AgoraQueSãoElas na Folha de S.Paulo.
Autora: Clara Averbuck, escritora e ativista pelos direitos das mulheres.
Autora: Nath Araujo, ilustradora.