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Entenda o caso contra Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell

O processo que investiga uma rede de pedofilia liderada pelo milionário e a empresária, usada por políticos e famosos nos Estados Unidos e Europa

Por Da Redação
10 ago 2020, 11h05

Na manhã de 10 de agosto de 2019, o milionário Jeffrey Epstein foi encontrado morto em sua cela, em Nova York. Ele estava preso há poucas semanas, encarando uma sentença mínima de 55 anos a perpétua por, entre outros crimes, explorar sexualmente menores por mais de 20 anos.

O caso em torno de Epstein não acabou com sua morte. Pessoas associadas a ele, seja por parceria, como a ex-namorada, Ghislaine Maxwell, e outras, ainda estão soltas e sem responder pelos crimes que cometeram.

Quem foi Jeffrey Epstein

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Jeffrey Epstein era um ex-professor de matemática, que virou professor universitário (mesmo sem diploma) e que entrou para o mercado financeiro de Wall Street, virando milionário em poucos anos. Amigo de políticos como Bill Clinton, Donald Trump e famosos como príncipe Andrew e atores de Hollywood, dono de casas em Nova York, Paris, Miami e uma ilha no Caribe, Epstein era uma figura enigmática, mas muito influente. Como gostava de dizer, “colecionava amigos famosos”.

A primeira denúncia sobre os abusos sexuais foi feita em 1996, mas o FBI interrompeu as investigações antes de concluí-las. Em 2005, ele foi alvo de duas outras investigações sobre atividades ilegais com menores em sua mansão em Palm Beach, Florida. Ele contratava meninas, todas menores de idade, para “massagens” que passavam rapidamente para abusos em uma pirâmide sexual explorando dezenas de meninas. Em um acordo surpreendente e secreto com a promotoria da Flórida, Epstein concordou em se declarar culpado por solicitação de prostituição e deu imunidade à suas comparsas (Ghislaine Maxwell, entre elas). O fato de ter relações com menores, que garantiriam a prisão perpétua, foi omitido do processo. Depois de 13 meses de sentença, onde tinha a permissão de sair da prisão durante o dia para trabalhar, Epstein deixou a Flórida e ignorou a obrigação de se apresentar anualmente à Justiça. “Epstein tinha um exército de advogados poderosos que ajudaram a dar essa imagem para essas meninas adolescentes, de prostitutas”, disse Lisa Bryant, diretora do documentário Jeffrey Epstein: Poder e Perversão. “O que eu queria com esse documentário era mostrar para as pessoas que isso acontecia abertamente e que nenhuma autoridade ou nenhum milionário deveria ter liberdade para fazer isso”, disse a CLAUDIA.

O milionário retomou sua vida “normal” por mais dez anos, até que  o movimento #metoo deu força à novas denúncias, agora em Nova York. Um dos fatos que o expôs dessa vez foi o fato de ter levado menores de idade para outros estados americanos e fora país, o que é um crime federal. Preso quando voltava de uma viagem à Paris, Epstein tentou responder à Justiça em liberdade, alegando que teria recebido ameaças de morte. O pedido foi negado e ele teria tentado suicídio uma vez antes de conseguir – oficialmente – tirar sua própria vida por enforcamento.

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A polícia localizou grande material pornográfico com menores em sua casa em Nova York. Segundo as sobreviventes, Epstein teria um vasto material de vídeo e fotos de seus amigos e convidados participando de orgias com menores, que usava para conseguir se manter intocável. Com o suicídio de Epstein, as sobreviventes perderam a oportunidade de vê-lo pagar judicialmente. O processo segue para definir indenizações a serem tiradas dos bens que ele deixou e que estão à venda.

Ghislaine Maxwell, a ex-namorada e sócia que estava desaparecida

 

(Patrick McMullan/Getty Images)

Ghislaine Maxwell é uma herdeira de um conglomerado de jornais, revistas e rádios inglesas. Seu pai morreu, Robert Maxwell, em circunstâncias misteriosas poucos anos antes dela ressurgir, em Nova York, como namorada do milionário Jeffrey Epstein.

Os dois não eram mais namorados há muitos anos, mas Epstein dizia que ela era sua “melhor amiga”. Por unanimidade, todas sobreviventes apontam que Ghislaine era quem recrutava as menores, selecionando as meninas de acordo com o perfil que Epstein gostava. Era ela quem se aproximava, se apresentava e as trazia para Epstein. Ainda segundo as vítimas, Ghislaine tinha relações sexuais com as menores também.

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Ghislaine era a pessoa, segundo o processo, que tinha as conexões com as pessoas de influência política (por conta de sua família), incluindo o príncipe Andrew. Ghislaine esteve em vários eventos oficiais da Família Real.

“Nós não éramos pessoas para eles”, disse a sobrevivente Virginia Giuffre ao 60 Minutes. “Nós éramos objetos para serem divididos com seus amigos”, ela disse.

Ghislaine Maxwell estava desaparecida há um ano, desde que Epstein foi preso. Seu paradeiro foi localizado no início de julho, pelo FBI, em uma mansão isolada em uma pequena cidade americana.  “Estou muito emocionada pelas sobreviventes”, disse Bryant quando recebeu a notícia da prisão. “Ela merece ser julgada. Espero e torço que Ghislaine Maxwell seja apenas a primeira dos outros conspiradores ainda livres a ser presa e responsabilizada por suas ações”, comemorou.

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Ghislaine insiste que é inocente, mas os depoimentos e provas têm dificultado sua posição. No início de agosto, a Justiça quebrou o sigilo do depoimento de Virginia Giuffre, de 2005, assim como o rascunho de um livro que ela começou a escrever descrevendo os abusos que sofreu e testemunhou. Nos documentos, Virginia descreve em detalhes as orgias e preferências sexuais de cada um.

O julgamento de Ghislaine Maxwell está marcado para 2021. Várias sobreviventes estão se encorajando a contar a verdade. Há muito mais que ainda não foi revelado e a expectativa é que Ghislaine comece a falar. Ela, certamente, sabe muito mais do que admitiu até o momento. Ela pode ser condenada a mais de 30 anos de prisão, se condenada.

“Isso é apenas o começo”, disse Virginia. “Há outras mulheres na órbita de Epstein que se beneficiaram da doença dele, Ghislaine é a mais nociva, mas há outras que merecem a mesma punição”, disse.

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