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Mulheres malham às escondidas na 2ª maior cidade do Afeganistão

Ativista funda 1ª academia para mulheres na cidade controlada pelo Talibã há sete anos e que é extremamente conservadora

Por Da Redação
Atualizado em 13 out 2020, 16h08 - Publicado em 13 out 2020, 14h58

Kandahar, a segunda maior cidade no Afeganistão, serviu por muitos anos como capital do governo do Talibã. Atualmente, a cidade é palco de grandes conflitos e ataques do grupo, além de ser extremamente conservadora e hostil com as mulheres, que sofrem com muitas restrições. Elas não podem, por exemplo, frequentar as mesmas academias de ginástica que os homens e não tinham nenhum local para se exercitarem.

No fim do ano passado, a ativista pelos direitos das mulheres Maryam Durani, de 36 anos, abriu, às escondidas, o primeiro centro esportivo exclusivo para as mulheres da cidade. O projeto faz parte da Associação para Mulheres Khadija Kubra, fundada por ela em 2004, e que conta com aulas de inglês e literatura, uma estação de rádio e uma loja de roupas. Desde então, ao lutar pelos direitos das afegãs, ela já foi alvo de inúmeras ameaças de morte, dois atentados com bomba e mais uma tentativa de assassinato.

As academias e piscinas para mulheres já são mais comuns na capital, Cabul, mas ainda são muito mal vistas em cidades mais conservadoras, como é o caso de Kandahar. “Essa cidade é um ambiente muito difícil para as mulheres. Temos que ser cuidadosas e discretas. A academia foi criada muito mais como uma maneira de cuidar da saúde mental dessas mulheres do que da saúde física. Quase todas as mulheres que chegam aqui estão com depressão”, explicou a ativista em entrevista ao The New York Times.

Segundo Maryam, mais ou menos 40% das mulheres que se inscrevem o fazem escondido de suas famílias. Desde sua abertura, o local sofre constantes ataques da mídia e da população, sendo inclusive chamado de “centro de prostituição”. Os homens dizem que as mulheres que se exercitam querem ficar mais atraentes para os homens. Algumas vezes, a academia, que funciona dentro de um porão, teve de ser fechada e as mulheres sofreram ameaças ao deixar o local.

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Em geral, as mulheres se exercitam de burca ou, pelo menos, cobrindo a cabeça, como um ato de modéstia e tradição, segundo Maryam. A academia conta com uma professora, que ajuda nos treinos, e uma nutricionista para cuidar da alimentação das alunas. Homa Yusafzai, de 27 anos, tinha diabetes e pressão alta e, por isso, resolveu se inscrever para as aulas. Atualmente, se exercita seis vezes por semana e conseguiu controlar seus problemas de saúde, além de perder mais de 20 quilos.

Em alguns casos mais raros, as mulheres foram incentivadas pelos próprios maridos a começar a se exercitar. Mumtaz Faizi, de 32 anos, foi uma delas. “Me sinto livre e relaxada dentro da academia. Todos os problemas dessa sociedade são criados pelos homens. É a nossa cultura, e não só o Talibã”, disse ao The New York Times.

A maioria dos homens que se diz contra a academia afirma que não é um local seguro para que as mulheres se exercitam. Caso fosse, eles dizem que apoiariam a iniciativa. “Se o ambiente fosse seguro para as mulheres, OK. Acho válido desde que elas fiquem longe de vista enquanto se exercitam. As mulheres precisam de mais exercício do que os homens porque elas ficam em casa e ficam gordas, o que pode causar doenças”, disse o afegão Abdul Wafa, que vive próximo à academia.

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Antes da pandemia, a academia chegou a ter 60 alunas, mas, como teve que ficar mais de três meses fechada, perdeu 50% do público. Hoje, são 30 inscritas. Apesar de todas as críticas e ameaças, Maryam pretende manter o projeto, que custa 250 afeganes por mês, aproximadamente 18 reais, pelo tempo que for possível.

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