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Como lidei com os vários banhos de água fria na adoção do meu filho

Neste Dia dos Pais, o executivo Omar Ghanem compartilha os detalhes do processo que enfrentou para adotar o pequeno Theo

Por Omar Ghanem*
9 ago 2020, 14h00

“Minha vida sempre foi pautada pelo planejamento. Procuro me organizar para as diversas tarefas e momentos. Não poderia ser diferente em uma das mais importantes épocas: a de adotar uma criança e construir um laço familiar. 

Sempre tive um sonho de vida que era ser pai, mas esse desejo ficou ainda mais forte e perto da concretização quando Reges e eu decidimos ter um filho. Na época ele estava com 30 anos e eu, com 34, e chegamos à conclusão de que o momento oportuno para essa nossa nova fase seria quando eu chegasse aos 40. Partimos então para ação, para que o nosso sonho e desejo se tornasse realidade. 

Quem nos conhece sabe um pouco da história de como o pequeno Theo entrou na nossa vida, porém nunca contamos abertamente como foi o processo de adoção. O Ricardo Dalbosco, nosso grande amigo e excelente estrategista de marca pessoal para executivos e executivas no Brasil e no Mundo, e a jornalista Juliana Fernandez ficaram curiosos sobre como tudo isso aconteceu e nos vimos contando a eles, pela primeira vez, todo o início da nossa vida ligada ao Theo. 

(Max Schwoelk/Arquivo pessoal)

 

Para você ter ideia, nós mergulhamos tanto nos detalhes e nas memórias que essa nossa conversa acabou virando episódios do meu podcast e ainda uma série com sete episódios do meu canal no YouTube. Depois que contamos aos dois o que aconteceu durante o processo e em nossas rotinas, percebi que precisava compartilhar essa nossa história.

Não apenas porque eu tenho a maior gratidão do mundo por ter o Theo em minha vida, mas também para falar sobre um tema que ainda é bastante complexo em nossa sociedade: a adoção de uma criança por um casal homossexual. Mas antes de contar como tudo aconteceu, conheça um pouco sobre a realidade de adoção no Brasil. 

De acordo com o painel online do Sistema Nacional de Ação Escolha (SNA), disponível no portal do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no Brasil existem atualmente**: 

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– 2.701 crianças em processo de adoção

– 5.040 à disposição para serem adotadas

– 33.969 crianças acolhidas

– 36.437 pretendentes

– 4.296 serviços de acolhimento 

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Como pode ver ainda são muitas crianças aguardando um lar, uma família, pessoas que deem amor e carinho. O processo não é fácil e muito menos rápido. Vou contar para você como tudo aconteceu e os vários banhos de água fria que tomamos no meio do caminho. 

Como amadurecemos a ideia de ter um filho 

Planejamos ter um filho quando eu e Reges estivessemos na casa dos 40 porque sabíamos que cerca de cinco anos seriam suficientes para nos prepararmos. Além disso, estaríamos em um momento de nossas vidas que proporcionaria mais tempo e organização. 

Decidimos que queríamos um menino entre dois e quatro anos de idade. Não pretendíamos ter um bebê pelo fato deste demandar outras necessidades que poderiam não se encaixar à nossa realidade e rotina. A escolha pelo sexo masculino foi baseada na questão de que teríamos como auxiliá-lo em viagens e até mesmo com acontecimentos que só acontecem com o homem. 

Viajamos muito, então imagine como seria a situação se tivéssemos uma filha e ela precisasse ir ao banheiro. Ainda pequena não teria problema levarmos no masculino, mas e quando estivesse um pouco maior? Claro que não é um desafio impossível de ser resolvido, mas concorda que seria mais complicado? 

Bom, depois que amadurecemos a ideia e decidimos esses primeiros detalhes, tivemos que lidar com outro desafio: não sabíamos por onde e nem mesmo como iniciar o processo de adoção. Por isso, buscamos a Vara da Infância no Fórum da Comarca de Joinville em Santa Catarina. 

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(Max Schwoelk/Arquivo pessoal)

Ao chegarmos lá vimos que seria um super desafio. Nos apresentamos para a senhora que estava no atendimento, ela nos recebeu de uma forma não muito amistosa porque rapidamente declaramos que queríamos iniciar um processo de adoção. Era uma questão pessoal, mas como profissional que busca a excelência no atendimento, sempre estou atento a isso. E embora o atendimento tenha sido bom, nem eu e nem o Reges nos sentimos confortáveis, pois a conversa e perguntas não eram acolhedoras, eram frias e burocráticas. 

Mas o que eu quero deixar registrado é que ela não agiu dessa maneira por sermos um casal homossexual em busca de um filho, mas porque os profissionais que trabalham ali foram treinados a atender assim. Entendemos que era o modo que encontraram para evitar que as pessoas tenham a percepção de que o processo de adoção é fácil e rápido. 

Ela nos entregou um formulário com diversas perguntas, inclusive de antecedentes criminais, e pediu que retornássemos com ele preenchido e com os documentos ali solicitados. 

Esse início no Fórum foi bem frustrante. Nossa empolgação nos fazia acreditar que tudo seria mais fácil. Havíamos passado os últimos cinco anos pensando em cada detalhe e na felicidade em sermos pais. Não achávamos que seria tão burocrático assim e acabamos tomando um banho de água fria nesse primeiro momento. Mas apesar de não ter sido como imaginávamos, saímos de lá dizendo ‘Vamos vencer esse desafio, está tudo certo, é o que queremos’. 

Com o tempo, entendemos que todo o processo de adoção é delicado, que precisa ser feito com muito cuidado. Existem regras e ações que devem ser respeitadas para preservar todos os lados. Essa passagem na Vara da Infância serviu para nos trazer à realidade e mostrar que todo o procedimento requer seriedade, consciência, prudência e, claro, paciência. 

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Primeiro desafio concluído. E agora? 

Passadas todas as etapas iniciais no Fórum, fomos para casa com o formulário em mãos. A ansiedade nos fez responder rapidamente para entregar o documento o quanto antes. Assim que devolvemos a papelada, perguntamos: “Quando virá nosso filho?”. É uma sensação única e incerta, pois não tínhamos ideia do que viria pela frente. A resposta que recebemos foi a de que estávamos grávidos e que uma hora ou outra a ‘bolsa iria romper’. 

Acontece que aqui tomamos o nosso segundo banho de água fria. Nós gostamos de planejar nossas ações e não tínhamos nenhuma previsão de quando teríamos o nosso filho. Ficamos praticamente um ano sem receber algum tipo de contato sobre o processo. Começamos a achar até que tinham nos tirado da fila. 

Depois desse período, fomos contactados pela Vara de Infância e descobrimos que ainda nem participávamos da fila para adotar, ou seja, não havíamos sido sequer qualificados como potenciais pais. Terceiro banho de água fria. 

Começamos então mais uma etapa do processo. Durante muito tempo, que mais parecia uma eternidade, participamos de entrevistas bem organizadas com diversos profissionais e realizamos cursos de qualificação. Essas experiências foram importantes para mostrar o quão decidida a pessoa precisa estar para adotar uma criança. 

O curso, por exemplo, foi muito importante, porque nos fez entender que realmente era um menino que queríamos. O mais legal é que fomos muito caprichosos. Fizemos as aulas de forma bem efetiva e verdadeira. Respondemos às perguntas de um modo direto e objetivo, mostrando os nossos argumentos e a vontade de nos tornarmos pais. 

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Mais um teste para a nossa paciência 

 

(Max Schwoelk/Arquivo pessoal)

Depois de transcorrido todo esse processo moroso, mas de muita seriedade e profissionalismo, é que entramos efetivamente na fila para a adoção. Aí veio mais um teste para a nossa paciência. Tínhamos de esperar um novo contato da Vara da Infância e nem sabíamos em qual posição na fila estávamos. Era como estar no vácuo, sem nenhuma informação. 

Até que em um belo dia recebemos uma carta do Fórum. Quando a abrimos, outra decepção. Nós nos encontrávamos no final da fila e havia muitas pessoas na nossa frente. Concluímos que pela quantidade de candidatos com prioridade levaríamos de oito a 10 anos para adotar nosso filho. Mais uma vez foi um balde água fria. Não esperávamos por isso. Havíamos feito todo um planejamento para que a criança entrasse em nossas vidas em um momento que eu estivéssemos com a saúde em alta e com energia para cuidar dela. 

Mas decidimos que isso não iria nos abalar. Combinamos de focar em nossas vidas e continuar cuidando da saúde para estarmos ainda mais capazes quando a criança viesse. 

A ligação que nos encheu de alegria 

Lembro que estávamos mergulhados em projetos e focados nas nossas atividades profissionais quando recebemos a ligação de que a nossa hora havia chegado. Naquele dia, uma quarta-feira, enquanto Reges participava de um curso sobre como buscar ainda mais a felicidade, eu presidia a ExpoGestão, um grande congresso de negócios de Joinville (SC), no mesmo complexo. 

Ligaram para o meu celular e o do Reges. Eu não podia atender pois nem mesmo segurava o aparelho no momento da ligação, estava completamente envolvido e concentrado para a gestão das conferências. O Reges viu o telefone vibrar várias vezes, mas acabou não atendendo para não atrapalhar os outros alunos e o palestrante tendo que sair da sala. Estávamos super concentrados e nem eu e nem ele imaginávamos que aquele número era da Vara da Infância. Até que ele recebeu uma mensagem de uma pessoa que trabalha conosco dizendo que precisava atender o telefone urgente pois o Fórum estava querendo falar conosco. 

‘Naquele momento, meu coração acelerou e parei de prestar atenção em tudo que fazia e escutava. Saí do ambiente, atendi e, neste momento, o Omar passou por mim pelo corredor. Disse para ele que precisávamos conversar e que era para ficar ali onde estava’, conta Reges. 

Nos deslocamos até a Vara da Infância dois dias depois e nos contaram que o nosso filho estava chegando. 

Um novo desafio nos aguardava 

Assim que chegamos ao Fórum, os profissionais foram muito transparentes conosco. Falaram de desafios que a criança tinha em termos de saúde. Explicaram que o menino precisava de uma cirurgia no coração e, por este motivo, muitos outros candidatos acabaram desistindo de adotá-lo. O Reges e eu falamos sobre isso em um vídeo publicado no meu canal no YouTube e na série especial sobre a Adoção também disponível no canal. 

Lembro que era uma sexta-feira e na terça da semana seguinte o Theo faria a cirurgia. Foi tudo muito rápido a partir daí. Passou-se um ano do início do processo até o dia que recebemos essa notícia. Um tempo muito menor que o que havíamos já nos preparado a esperar. Porém, um fato que gostaria de expor aqui é que o Theo só entrou nas nossas vidas nesse curto espaço de tempo por causa das variantes preenchidas naquele formulário inicial. A nossa única observação era de que, caso o nosso filho tivesse uma doença, queríamos que ela fosse tratável. Quanto mais observações e restrições forem feitas, mais demorado tende a ser o processo como um todo. 

Esse fato só nos motivou ainda mais. Visitamos o hospital para conhecer todos os detalhes e conversar com o médico responsável pelo caso. Para nossa alegria, o especialista era um amigo e ficou super emocionado com a situação, pois ele não fazia ideia de que o paciente dele estava em um processo de adoção. 

Nos relatou que a cirurgia, embora fosse no coração, não era das mais complicadas. Mas o processo de recuperação era muito delicado e precisava de cuidados. Porém, nada disso foi um desafio para nós e não mudou nossa decisão. 

Com praticamente tudo resolvido, faltavam os trâmites finais no processo. O Theo ainda ficou 15 dias com a família social após a cirurgia. E esse foi um cuidado muito grande que o Fórum teve, o que o Reges e eu achamos muito legal. Deixaram ele aos cuidados da família acolhedora mesmo após o procedimento para que ele ficasse mais confortável, pois já tinha confiança neles, e não tivesse que lidar com muitas emoções ao mesmo tempo. Só depois, quando já estava em uma fase de recuperação mais estabilizada, é que ele foi apresentado a nós. 

Neste meio tempo, o Fórum pediu para separarmos fotos nossas, dos avós, tios, tias e até do cachorro. É algo muito importante para ajudar na adaptação da criança ao novo lar e aos novos pais. Atrás das fotografias escrevemos quem era cada um e essa atitude nos emocionou muito. 

Aproveitamos essas semanas até a chegada dele para viajarmos. Esse tempo foi especial tanto para o babymoon (lua de mel antes que o filho venha ao mundo) como para comprarmos o enxoval, pois não tínhamos nada de roupas e outros artigos de menino. 

Quando retornamos de viagem, preparamos para nos apresentarmos ao Theo pessoalmente. O encontro foi em uma casa de integração. Um terreno neutro tanto para ele como para nós. O objetivo era eliminar qualquer barreira que possa vir a ter. Lembro que fomos em silêncio dentro do carro até o local, pois sabíamos que a nossa vida iria mudar para sempre. 

Ao comparecer na casa, estávamos emocionados, mas não poderíamos chorar. O Theo estava brincando sozinho com os brinquedos no chão, sentava de costas para a entrada e quando virou, nos viu e falou ‘Oi papai’ e olhou para o outro e disse ‘Oi papai’. Nós nos olhamos e desmontamos. Foi algo mágico, pois ele nos conhecia apenas pelas fotos e naquele momento vimos que a conexão que precisaríamos ter com ele já estava estabelecida. 

Finalmente Theo chegou e já se sentia em casa 

 

(Max Schwoelk/Arquivo pessoal)

Estava tudo tão perto de ser concretizado que não aguentávamos de tanta alegria. A fascinação era tamanha que descobrimos que havíamos até esquecido de comprar a cama para o quarto do Theo. Saímos desesperados e nem sabíamos que era preciso encomendar uma. Olhamos para o vendedor da loja e pedimos uma do mostruário mesmo, afinal, nosso filho estava chegando. 

Um dia antes de buscarmos nosso menino, porém, o telefone tocou de noite. Era o psicólogo da Vara da Infância dizendo que ainda não estava 100% convencido de que o Theo poderia ficar conosco já naquele dia, pois no encontro ele não havia ‘buscado’ por nós por vontade própria. Lembro realmente que a empolgação era grande naquele primeiro contato que nós é quem chamávamos pelo Theo para brincar e se divertir. 

Fomos para a segunda reunião perto do fim de semana e decidimos esperar o nosso filho nos chamar. Ele nos puxou e brincamos muito. Foi quando o profissional nos confirmou que tudo estava certo. Informou que poderíamos apanhar o Theo na escola na segunda-feira seguinte e levá-lo para casa. 

Conforme o combinado, pegamos-o no horário marcado. Quando ele entrou em casa, deu oi para o cachorro, foi para o quarto dele – só perguntou onde era – e parecia que já morava ali faz tempo. Tudo transcorreu de forma orgânica e natural. Ele ficou conosco por algumas horas e depois o levamos para a casa da família social a pedido do psicólogo. Apenas no dia seguinte ele estaria oficialmente no novo lar. 

Era uma segunda-feira quando o Theo de fato passou a morar e estar conosco 24 horas por dia. No final de semana seguinte íamos a casa dos avós comemorar o aniversário do meu pai que completava 70 anos. No caminho já fomos conversando com ele, explicando quem iríamos encontrar, as tias, avós, madrinhas. Ele estava muito ansioso. Já tinha falado por telefone, mas ainda não os tinha visto pessoalmente, apenas pelas fotos e vídeo. 

Quando estávamos chegando, todos já estavam do lado de fora esperando. Eu estava dirigindo e comecei a buzinar assim que viramos na rua da casa. Abaixei os vidros, o Theo se inclinou a cabeça na cadeirinha e começou a gritar ‘Vovó! Vovô! Eu cheguei!’ sendo que ele não os conhecia pessoalmente. Quando o carro parou já estavam todos chorando e ao abrirmos a porta, o Theo desceu e deu um abraço nos avós muito forte e disse ‘Eu te amo’. Foi um momento muito emocionante para todos nós, foi uma festa só. O Theo e todos da família criaram um vínculo e um amor muito grande. 

Não lembramos como era nossa vida antes 

Já faz três anos que Theo está conosco. Nem sabemos como era a vida antes. Com a vinda dele nasceu o espírito paterno em nós. Muitos amigos nos questionaram se iríamos encarar mais esse desafio (adoção). Dissemos que sim e o bacana é que as pessoas não nos veem mais como um casal e, sim, como uma família. 

Nós já tínhamos obviamente testemunhado aos nossos familiares lá atrás que esse relacionamento traria sim um neto e que nós formaríamos uma família de três e não mais só de dois. Uma coisa legal é que no aspecto empresarial, o que me chama a atenção é que hoje na metade da minha rotina de trabalho, eu paro e penso ‘Putz, tem dois agora esperando por mim em casa’. Isso me dá um gás, um ânimo bastante grande porque a nossa conexão familiar é bastante grande também. E isso me provoca, obviamente, a entregar um serviço com mais qualidade para logo mais caminhar para casa e estar com eles. 

No aspecto pessoal, obviamente, a rotina que muda é a rotina do dia a dia, das brincadeiras, dos jogos, do estar presente, do sentar a mesa, do ter uma refeição obviamente em três e não mais somente em dois. Mas uma coisa que quero contar é que o Reges e eu buscamos não mudar a nossa vida em função do Theo, e sim fazer com que ele estivesse efetivamente se moldando ao nosso dia a dia, ao nosso cotidiano. Então, nós temos as nossas diversões, saímos para jantar, para comemorar com amigos na presença ou na ausência dele, como já era praticamente no passado. Temos uma estrutura que nos oportuniza fazer com que ele fique em casa quando nós queremos também sair e ir a eventos. Ou seja, nesse sentido praticamente não tivemos mudança alguma. 

 

(Max Schwoelk/Arquivo pessoal)

Claro que nas primeiras duas semanas tivemos um grande impacto, principalmente no sono. Ficamos duas semanas sem dormir direito. Levantávamos de cinco em cinco minutos para ver se ele estava respirando e estava bem. Se você é pai ou mãe sabe como é essa sensação, não é mesmo? 

Começamos a entender o que é ser pai. Nosso lar ficou mais alegre, mais feliz, a nossa integração com as famílias aumentou. Fez muito sentido a chegada do Theo para o nosso viver. Eu acabei aprendendo demais com ele. Nas palestras que dou pelo Brasil, levo muita coisa do que ele tem me provocado a pensar. Ele me faz muitas perguntas com porquês, entender o porquê das coisas e a vida é assim, os fatos começam pelos porquês. 

O Reges e eu passamos a viver de um modo mais intenso, dando mais valor a algumas coisas que antes não dávamos tanta atenção. E como disse um pouco acima, não lembramos mais de como era a vida sem nosso pequeno Theo. 

A educação é a base de tudo 

Nos perguntam frequentemente se não tivemos o receio perante à sociedade com relação à discriminação. Para nós não foi difícil, não tivemos tantos desafios, pois planejamos cada etapa. A família e pessoas mais próximas sempre nos apoiaram. Claro que um ou outro não compartilha esse mesmo sentimento. Inclusive já ouvimos de determinadas pessoas que não viriam a nossa casa e não trariam os filhos pois não queriam que houvesse essa ligação. 

Apesar de ser incômodo ouvir isso, buscamos colocar nosso foco no que realmente importa, como na educação e orientação do Theo para que ele saiba lidar com essas questões desde pequeno. E o mais interessante é que as pessoas nos perguntam como lidamos com isso: ‘Como é que vocês trabalharam com ele esse negócio de ser dois pais?’.

Sempre colocamos para o Theo como uma vantagem. Porque sabíamos que lá na escola as pessoas iriam perguntar: ‘Mas como assim você tem dois pais?’. E ele mesmo perguntaria em algum momento e tanto que já perguntou: ‘Cadê a minha mãe? Por que que eu não tenho?’. Desde o momento em chegou, colocamos como um benefício para ele: ‘Olha só Theo, você tem dois papais. Quantos papais o seu amigo tem?’ ‘Um.’ ‘Olha só você tem dois.’

E o Theo é tão bem resolvido com ele mesmo que para ele é muito legal ter dois pais. Esse ano escutamos uma conversa dele com os amigos e os amigos falando: ‘Theo, é muito legal ter dois pais.’ Porque eles associam com questões de jogos e brincadeiras, porque normalmente é o pai joga videogame, o pai que brinca, é o pai que faz bagunça, e ele tem dois pais. Óbvio que a mãe também faz, mas ela tem N outras características como afeto, a coisa materna mesmo.

 

(Max Schwoelk/Arquivo pessoal)

Outra situação em que vimos que ele não tem desafio com isso foi quando estava brincando na piscina na casa da avó e ele se apresentou para uma outra criança e falando assim: ‘Oi, meu nome é Theo, eu tenho dois papais, eu tenho duas cozinhouras e eu tenho uma fazenda que não é minha, é da Duda, mas também é, é da minha amiga, mas também é minha’. Então ele começou a se apresentar dessa forma e entendemos que está tudo certo para ele. 

O Theo veio para dar leveza à nossa história e ratificar o que sempre prezamos em termos de valores: ter amor, respeito e segurança. Ele nos fez tão bem que esses dias mesmo cogitamos entrar no processo novamente para aumentar a família. 

Espero que a nossa história de adoção suscite em você bons sentimentos. E se você está pensando em adotar ou está iniciando o processo, deixo aqui um recado final: faça isso porque realmente você quer ser pai ou mãe, por querer ter esse vínculo com uma criança e não pelo fato de querer ajudar a construir um mundo melhor. Queira adotar porque deseja ter mais um filho ou ter um pela primeira vez.”

*Omar Ghanem é Conselheiro Executivo da Regional Sul do Grupo Dasa, responsável pela gestão de cinco marcas privadas. Por quase 12 anos foi a linha de frente do Grupo Ghanem, liderando o Ghanem Laboratório e Saúde, Ghanemzinho Laboratório Clínico Infantil, Laboratório Popular, Ghanem Mulher e Ghanem Shopping Mueller. Para conhecer mais detalhes dessa história e processo, acesse seu canal no Youtube, onde ele e o esposo, Reges, contam outros detalhes. Siga-o também no LinkedIn e no Instagram.

**Dados atualizados em maio de 2020 

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