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Terrorismo Nutricional: o que é e como prejudica a saúde

Entenda o conceito que classifica alimentos entre bons e ruins e descubra o que dizem os especialistas

Por Lorraine Moreira
Atualizado em 18 set 2023, 14h30 - Publicado em 18 set 2023, 10h16
Fita métrica ao redor de uma maça
Discursos que pregam quais alimentos são ruins e bons pode impactar na relação da pessoa com a comida. (Andres Ayrton/Pexels)
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Basta poucos minutos na internet para encontrar vídeos onde uma simples receita de bolo termina com o influenciador analisando o suposto resultado de ingerir o doce: alzheimer, obesidade e infarto. Nutricionistas, porém, defendem que esse alarme é terrorismo nutricional e prejudica a relação com a comida e com o corpo. Aqui, a gente explica o conceito que e mostra alternativas mais eficientes.

O terrorismo nutricional se baseia na classificação superficial dos alimentos — bons ou ruins, saudáveis ou não saudáveis —, criando regras sobre o que comer, sem considerar particularidades, como fatores sociais, econômicos, políticos e afetivos.

Essa forma radical de abordar a alimentação, muitas vezes vinculada a dietas restritivas, gera consequências nefastas, como a pressão psicológica que eleva as chances de desenvolver um transtorno alimentar. A discussão é atual, mas o termo foi cunhado pelo pesquisador Gyorgy Scrinis, da Universidade de Melbourne, na Austrália, nos anos 2000.

Família comendo macarrão junta
(August de Richelieu/Pexels)

A importância da alimentação saudável

“Uma alimentação adequada fornece ao corpo os nutrientes essenciais para o funcionamento correto do nosso organismo. Isso inclui a manutenção da saúde dos órgãos, sistemas e tecidos, e a regulação de processos metabólicos”, explica o nutricionista Eric Sakata.

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Além disso, influencia na prevenção de doenças crônicas, incluindo diabetes, hipertensão arterial e doenças cardíacas. “Alguns nutrientes atuam positivamente na saúde emocional, equilibrando quimicamente o cérebro e influenciando o humor e a função cognitiva. Outro ponto importante é em relação à autoestima, com o fato da pessoa se sentir bem por fazer escolhas positivas para a saúde e comendo o que gosta”, acrescenta o especialista.

As restrições alimentares podem estar associadas ao desenvolvimento de transtornos alimentares, embora nem todas as restrições alimentares levem necessariamente ao desenvolvimento desses transtornos. “Restrições alimentares moderadas e saudáveis, como evitar certos alimentos devido a alergias, intolerâncias alimentares ou preferências pessoais, geralmente não estão associadas ao desenvolvimento de transtornos alimentares”, inclui. “Além disso, o ambiente social e cultural desempenha um papel na promoção ou prevenção de transtornos alimentares. Pressões para atender a padrões de beleza irreais e normas alimentares podem contribuir para a ocorrência”, completa.

Ter as dietas restritivas sem embasamento médico também pode ser um grande desastre: “As dietas restritivas podem desencadear uma série de problemas para pessoas que não estão prontas para esse tipo de dieta. Os riscos são enormes, como cansaço, fraqueza, enjoos, mal-estar, desmaios e vários problemas psicológicos como ansiedade, irritação e compulsão alimentar”, diz ele.

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“Alguns métodos radicais podem trazer resultados muito rápidos, mas na maioria das vezes as pessoas não conseguem manter essa dieta e no fim voltam para a etapa inicial ou até pioram por conta das séries de problemas”, analisa Sakata.

Conteúdos apelativos x terrorismo nutricional

Casos envolvendo recomendações nutricionais sem que o responsável pelo vídeo seja um nutricionista chamam atenção pelo perigo de ser influenciado por conteúdos produzidos por pessoas não aptas. Mais de 3 mil denúncias de exercício ilegal da profissão de nutricionista no Brasil por meio das redes sociais foram feitas nos últimos dois anos, de acordo com o Conselho Nacional de Nutricionistas.

É preciso estar atento aos discursos que demonizam um grupo de alimentos ou propõe padrões alimentares extremamente rígidos. Isso pode influenciar as escolhas alimentares das pessoas de forma errada”, defende Sakata, que termina dizendo: “Ficar atento também aos discursos ligados à autoestima ou que julgam a moralidade com base nas escolhas alimentares das pessoas. Isso pode levar a sentimento de culpa, ansiedade e transtornos alimentares. É importante que os discursos promovam uma relação saudável com a comida, evitando os extremos e se baseando com informações precisas e científicas.”

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