Alimentação lúdica ajuda crianças a comerem mais alimentos nutritivos
Consumir comidas saudáveis pode ser um desafio quando se trata dos pequenos, mas figuras e cores diferentes ajuda nesse processo
Parede rabiscada, desenhos espalhados pelo quarto e cérebro inventivo. Não falta cor na infância, exceto pelo prato ‒ às vezes, monocromático demais. A introdução de verduras, legumes e frutas pode ser desafiadora, mas a criatividade é uma mão na roda quando o assunto é trazer nutrição para o cardápio infantil. É nesse sentido que pais têm apostado na alimentação lúdica, recheando a comida de cores e figuras.
Cerca de 80% das crianças brasileiras de até 5 anos costumam consumir ultraprocessados, como biscoitos, farinha e refrigerantes, em detrimento de vegetais e frutas, segundo estudo feito em 2021 pela UFRJ. Criar formas de aproximar os pequenos da vida saudável definitivamente é um desafio, mas atrelar esse momento ao prazer pode ser uma solução.
“Transformar a refeição em um momento especial e de interação familiar estabelece muito mais prazer do que a própria comida, sendo fundamental para facilitar o processo”, diz Priscilla Montes, educadora parental. Fazer figuras e transformar as cores, então, é uma saída possível.
“Comemos com os olhos, antes de qualquer coisa, independentemente da idade. É interessante que os pais vejam o prato como uma tela em branco e desenhem para os seus filhos, principalmente a partir dos 6 meses de idade, na fase de apresentação alimentar. Fazer carinhas, bichinhos, formas geométricas e paisagens torna o alimento muito mais atrativo para a criança nesse período de descoberta”, pontua Luna Azevedo, nutricionista.
Com tantas novidades, trazer os personagens que eles amam para o prato, inclusive, é um incentivo. “Incentive-os a brincar com a comida, a se aventurar. Esse é um recurso terapêutico muito eficaz, pois cria conexão”, completa a educadora parental.
“As refeições podem se tornar caóticas quando exigimos dos nossos filhos aquilo que exigiam de nós: ficar sentados o tempo todo, raspar o prato e não falar. A criança, assim como os adultos, pode ter o direito de ter seus gostos e elencar o que gosta ou o que não gosta. E não podemos invalidar as crianças nesse processo”, acrescenta. Algumas outras estratégias são:
A participação da criança é fundamental
Uma dica da nutricionista é levar a criança às compras e à cozinha. “A inclusão na escolha e no preparo dos alimentos traz muito mais prazer, justamente pela participação”, comenta.
Sem castigos e recompensas! Aposte no exemplo
“Não castigue ou ofereça recompensas, pois isso afasta e dificulta ainda mais o processo. O principal é dar o exemplo! Não tem como você querer que o seu filho coma bem se ele nunca te viu comendo um vegetal sequer”, afirma Luna.
Não engane a criança
“Ocultar os vegetais não é uma boa ideia. Apresente o alimento de diferentes modos, dialogue e ensine a importância, com paciência para descobrir se ele de fato gosta daquilo ou não”, termina a nutricionista.