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Festa em CLAUDIA! 59 anos da maior revista feminina do Brasil

No mês do aniversário de CLAUDIA, aproveitamos para destacar os avanços para as mulheres e na sociedade nas últimas décadas

Por Da Redação
Atualizado em 22 out 2020, 14h23 - Publicado em 16 out 2020, 10h00
 (Getty Images//Dedoc)
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Em seus 59 anos, CLAUDIA já presenciou grandes acontecimentos mundiais e se orgulha de ter feito parte de diversas lutas pelos direitos das mulheres. Aproveitamos o mês de aniversário para apresentar uma pequena retrospectiva e refletir sobre o que mudou ao longo dessas quase seis décadas

 

Igualdade de gênero

1961 No ano em que CLAUDIA foi publicada pela primeira vez, as mulheres brasileiras casadas ainda não podiam abrir conta em banco ou trabalhar fora sem a autorização do marido. Isso só mudaria no ano seguinte, com o Estatuto das Mulheres Casadas. E apenas na Constituição de 1988 a igualdade entre os sexos seria formalizada.

2020 Hoje, as lutas são outras. Mulheres já podem abrir negócios e muitas delas são chefes de família – 45%, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Contudo, ainda brigamos por igualdade salarial, pelo acesso a posições de liderança e, principalmente, pela redução dos índices de violência em consequência do machismo.

 

“Desejo que nos próximos 59 anos nos escutemos mais em nossas diferenças como pontas cheias de energia explosiva por mudanças; que nos fortaleçamos com isso, rompendo silêncios, implodindo barreiras e construindo pontes. Que sejamos donas do nosso corpo; que não existam mais hierarquias raciais e desigualdades sociais; que as nossas vozes sejam reconhecidas na arena pública de debate como qualquer outra. E que CLAUDIA esteja junto de todas nós, como essa amplificadora de vozes, orientando nosso autocuidado e projetando nossos desejos.”

Juliana Borges, escritora e colunista de CLAUDIA

 

Cinema

1961 Tivemos lançamentos brilhantes e muitos filmes daquela época acabaram se tornando clássicos. É o caso de Bonequinha de Luxo e Amor, Sublime Amor, com Audrey Hepburn e Natalie Wood como protagonistas, ícones até os dias atuais.

2020 Não é o melhor ano para falar de cinema. Afinal, com a pandemia do novo coronavírus, as salas ficaram fechadas por muitos meses. Hollywood, que continua sendo uma grande potência da indústria cinematográfica, pausou produções e adiou lançamentos. Contudo, ainda deu tempo de estrear, em janeiro, Adoráveis Mulheres, um remake de 1933, e foi para o Oscar O Escândalo, filme que retrata abusos sexuais em série no canal Fox News. Só que, mais uma vez, nenhuma mulher foi indicada ao prêmio de melhor diretor.

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“Espero que daqui a 59 anos as mulheres não saibam o que é diferença salarial baseada em gênero ou em raça. Que elas pensem nisso como uma situação inconcebível que existia na época dos bisavós delas. O papo vai ser mais ou menos assim… ‘Você sabia que sua bisa ganhava menos que o biso porque era mulher? E que ela recebia menos do que a metade do salário dele porque ela era negra e ele branco?’ E a menina responderia: ‘Que absurdo! E quando isso acabou?’. ‘Na época dela, muitas empresas começaram a fazer programas para inclusão de negros e para equidade de gênero. Foi a maior polêmica’, diria a mãe. ‘Tenho certeza de que é por isso que essas companhias são fortes até hoje’, concluiria a menina.”

Rachel Maia, executiva e colunista de CLAUDIA

 

Moda

1961 Segundo João Braga, historiador de moda e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), foi nesse ano, na coleção da Maison Courrèges, que apareceram as saias com bainha acima dos joelhos, chamadas de silhuetas curtas. Pouco tempo depois, as criações de André Courrèges dariam origem à minissaia. Mas a miniskirt, como era chamada pelos ingleses, só ficou mesmo famosa quando a modelo Mary Quant passou a usar a peça, que nunca mais saiu dos nossos guarda-roupas.

2020 A moda passa por um momento crucial. Com a pandemia, teve que repensar seu propósito e também a questão da sustentabilidade – é uma das indústrias mais poluentes do mundo. Questionou-se o calendário rígido de desfiles, e muitas marcas verdes ganharam destaque, reutilizando materiais ou propondo formas de produção menores e mais conscientes.

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(Getty Images//Dedoc)

“A austríaca Hedy Lamarr tornou-se atriz em Hollywood. Durante a Segunda Guerra Mundial, porém, ela desenvolveu, com o compositor George Antheil, um sofisticado aparelho de interferência de rádio para despistar radares nazistas, que patenteou em 1940 com seu nome. O método foi recusado pelo Departamento de Guerra dos Estados Unidos, mas, em 1962, vencida a patente, passou a ser usado pelas tropas do país. Só foi creditado a Hedy em 1997. Serviu também de base para a criação de celulares e das tecnologias de Bluetooth e Wi-Fi. Teria sido outro o curso da guerra se Hedy tivesse sido reconhecida por sua mente brilhante – e não somente pelo rosto bonito? Décadas se passaram e as negativas que recebemos, como mulheres, seguem existindo. Espero que, em 59 anos, a verdadeira igualdade seja alcançada.”

Stephanie Habrich, fundadora do jornal Joca e colunista de CLAUDIA
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Música

1961 Doris Monteiro estourava com o álbum Palhaçada. O hit homônimo dizia: “Quero tudo o quanto é meu/nada, nada do que é seu/vou me mandar agora”. Elvis Presley gravou nesse ano Can’t Help Falling in Love, canção que fazia parte da trilha sonora do filme Feitiço Havaiano, estrelado por ele.

2020 Nos meses de quarentena, a música fez companhia para muita gente. Não só nas horas de faxina ou de exercícios na sala de casa mas também nas noites e fins de semana em que as lives se tornaram grandes eventos. A sertaneja Marília Mendonça bateu recordes de audiência com suas aparições sem grandes estruturas. Teresa Cristina virou “a rainha das lives”, ao promover apresentações diárias com convidados estrelados. Aos poucos, mais artistas foram se rendendo e até Gal Costa celebrou seus 75 anos online. Nos streamings, Anitta ocupou posições de prestígio nas listas nacionais com diversos lançamentos. Para dar ânimo ao isolamento, divas pop, como Lady Gaga e Taylor Swift, liberaram novos álbuns.

 

Direitos femininos

1961 A Food and Drug Administration (o equivalente à Anvisa nos Estados Unidos) aprovou em 1960 o uso de anticoncepcionais via oral, que começaram a ser distribuídos no ano seguinte em vários países. No Brasil, as pílulas foram liberadas em 1962 e representaram uma revolução na vida da mulher.

2020 São vários os métodos anticoncepcionais, mas é forte também o movimento contra o hormônio, sob alegação de riscos para a saúde. Alas feministas questionam por que a contracepção masculina ainda não é uma opção. Apesar de a discussão ser muito válida, é inegável o avanço da mulher no mercado de trabalho e em sua autonomia após a chegada da pílula.

“Quando eu era menina, queria ser homem. O sentimento me acompanhou até meus 30 e poucos anos. Aquela liberdade imensa. Sem camisa. Sentar de perna aberta. Inventei uma masculinidade que virou marca registrada. Metia o pé na porta, espancava para depois explicar. Suavizei não tem muito tempo. Hoje, liberta de mil neuras, estou melhor dentro do próprio corpo – corpo este castigado por cicatrizes de um câncer violento, duas lindas cesáreas, estrias e celulites que teimam em ser tatuagens. O que esperar dos próximos anos? Muito. Sou zero econômica em meus desejos. Quero babado, porrada e bomba. Quero mais ousadia, mais liberdade, mais representatividade. Menos muros e mais abraços. Se as próximas gerações de meninas não tiverem desejos pela liberdade do homem e se CLAUDIA puder contribuir ainda mais para essa explosão de amarras, estarei vingada.”

Kika Gama Lobo, jornalista e colunista de CLAUDIA
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