A carreira da atriz Valentina Herszage, de apenas 26 anos, está decolando! Seja no cinema ou nas novelas, ela consegue mostrar sua versatilidade – já interpretou uma jovem com problemas emocionais profundos, uma patricinha mimada e até a Hebe Camargo em sua cinebiografia. No recém-lançado Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, Valentina dá vida a uma garota marcada pela perda de um ente querido e o luto que a acompanha. O resultado é sensível e intenso, já que reflete as cicatrizes que a ditadura militar deixou no país — e também na sua história pessoal.
Na edição de novembro de CLAUDIA, sentamos para bater um papo com a estrela em ascensão. Confira a entrevista completa:
O que você quer comunicar ao público?
Que ser uma mulher no meio artístico e poder ter a sorte de exercer tantos papéis diferentes é importante porque mostra que podemos ocupar qualquer espaço.
Você já dividiu produções com Mateus Solano, Fernanda Torres, Andréa Beltrão e Fernanda Montenegro. O que eles te ensinaram sobre o ofício?
A liberdade criativa. Lembro que uma grande virada na minha carreira foi com Andréa Beltrão, quando estávamos fazendo o filme Hebe. Eu estava muito tensa, porque achava que a personagem era muito distante de mim, e é muito difícil interpretar alguém que já existiu. Até que, em um dos ensaios, Andréa disse: “Quando você tiver certeza de que está se divertindo, o público vai se divertir também.”
Ainda Estou Aqui é um dos filmes mais aguardados do ano. Como foi o processo de gravação?
Esse filme foi muito especial desde o primeiro momento, quando recebi o roteiro em casa. Contar essa história delicada, forte e triste tem sido muito importante. O Walter Salles é um ser humano excepcional e muito generoso. As gravações duraram muito tempo, o que permitiu que o elenco convivesse junto. Sinto que esse lançamento vai marcar a história do cinema nacional.
Há alguma curiosidade dos bastidores?
Todo mundo fez bronzeamento com airbrush; estamos 100% praianos [risos]. Além disso, de duas em duas semanas o Walter nos convidava para assistir a um filme relacionado ao que estávamos tratando. Isso demonstra que, apesar do protagonismo maravilhoso da Fernanda Torres, esse é um filme coletivo. Recentemente, também viralizou uma foto minha e dela no set fazendo crochê. Ela fez um vestido e eu, uma camisa enorme — era um jeito de manter a concentração.
Além desse, você trabalhou em outros dois filmes que tratam sobre a ditadura militar: O Mensageiro e A Batalha da Rua Maria Antônia. O que você aprendeu?
Meu bisavô foi preso durante a ditadura por ter sido contra o golpe em 1964. Naquela época, a minha avó tinha 18 anos e acabado de ter o primeiro filho. Ela sempre contou como foi a experiência dos militares entrando em casa e as visitas ao marido, preso em Niterói. Ou seja, são histórias que fazem parte da minha vida.
É preciso dar nome a essas pessoas e dizer como esse período afetou milhares de vidas. Uma das coisas que mais me chamou a atenção nesse processo é que havia médicos dentro dos centros de tortura. Eles eram responsáveis por dizer até onde uma pessoa aguentaria — isso foi o que mais me assombrou. Quando escancaramos essas histórias, construímos um grupo vigilante.
Você pensa em partir para o outro lado das câmeras?
Estou escrevendo um roteiro sobre o meio artístico — que abarca a vaidade e os exageros que o envolvem. Com essas mudanças do meio digital, não fazemos só nosso trabalho, mas precisamos nos preocupar com seguidores e posicionamento o tempo todo. Quero falar sobre como isso nos afeta.
Qual é sua percepção sobre o momento do cinema nacional?
Ele tem uma personalidade que impressiona as pessoas. Nós sabemos como ninguém exprimir a nossa cultura e a nossa vivência. Temos uma mistura de ficção com documentário que é muito boa; conseguimos olhar para os interiores do país e criar narrativas incríveis.
Acompanhe o nosso Whatsapp
Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp.
Acesse as notícias através de nosso app
Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.