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Crônicas de Mãe Por Ana Carolina Coelho. Feminista, mãe, escritora, poeta, dançarina, plantadora de árvores, pesquisadora e professora universitária
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Solidões maternas: quando falar do que dói não é conveniente para o mundo

Percebo que uma parcela bem grande da sociedade julga e culpabiliza a própria mulher que ousou falar desse sentimento negativo

Por Ana Carolina Coelho
18 abr 2022, 11h16
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  • Existem tantos tipos de solidão, eu imagino, quanto tipos de pessoas. Há alguns anos, algumas mães corajosamente têm escrito sobre suas “solidões maternas”, e percebo que uma parcela bem grande da sociedade julga e culpabiliza a própria mulher que ousou falar desse sentimento negativo. Eu me vejo em muitos daqueles textos e tenho certeza que muitas das mulheres que estão ali, ativamente comentando e julgando, também se identificam.

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    Quando falamos do que dói, o mundo convenientemente decide que esse não é um assunto que a maternidade deve abordar, a menos que seja para “tratar”, “curar” ou terminar com um “mas tudo vale a pena para ser mãe”. Se você espera isso, por favor, pode parar de ler essa crônica agora: ela não terá um “final idílico”.

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    A “patologia” da solidão materna é, ao contrário, fruto desse não falar honesto e franco sobre o amaternar, seus dilemas e desafios. O silêncio do patriarcado alimenta as frustrações maternas para nos manter culpadas, dóceis e sempre responsáveis pelas dores que nos causam. A rebeldia de FALAR sobre o que dói é revolucionária porque liberta os sentimentos das feridas, mas sobretudo deixa exposto quem são os algozes em nossas estruturas sociais e culturais.

    A solidão materna acontece com a criança no colo, uma sala cheia de pessoas e a ideia de que você deveria estar satisfeita e totalmente feliz, mas você não está e ninguém pergunta do seu cansaço, do seu dia, da sua vida e dos seus projetos porque, aparentemente, para todos ali, a razão da sua existência está agora em seus braços.

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    A solidão materna acontece no meio das inúmeras madrugadas em que a criança chora, a gente chora, o dia amanhece e nenhum café resolve a falta de braços que suportem o dia de trabalho, as cobranças e as falas inquisitórias sem nenhuma empatia que retalham o pouco de dignidade que resta em nossas almas.

    A solidão materna acontece às três horas da tarde quando você tem uma série de compromissos, a criança adoece, a escola te liga e, mesmo que tenha alguém para auxiliar na ida para o pronto socorro, sua concentração fica como alguém que está escutando uma reunião embaixo d’água sem equipamentos. O relógio se demora, muitas vezes é impossível ir embora e seu coração pulsa em uma oração silenciosa.

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    A solidão materna é olhar para os sapatos comprados com amor e saber que os pés que a eles pertenciam nunca irão calçá-los, mesmo que a gente use em todas as crianças do mundo. Quando eu converso com as mulheres sobre esse assunto, TODAS sabem dizer quantos anos a(s) criança(s) em questão teria(m) hoje. A vida seguiu adiante e elas reconstruíram suas histórias, mas a perda permanece.

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    A solidão é esse lugar de tantas pequenas linhas de faltas de apoio, empatia, perdas, culpas, julgamentos e uma falta de espaço que não cabe em uma única crônica. A próxima vez que vocês ouvirem uma mulher falando sobre solidão, o que posso dizer é: ouçam! E se puderem, perguntem: eu posso fazer alguma coisa por você? A vida pode e é sempre melhor quando estamos juntas! É possível sermos melhores, sempre! Dias Mulheres virão! Vamos conversar?

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    Vamos conversar?

    O “Crônicas de Mãe” vai virar livro e quero pedir o seu apoio para esse projeto se tornar realidade e termos uma publicação inédita sobre maternidades na literatura nacional brasileira. Posso contar contigo nessa? Entra no site do Catarse e garanta além do livro, recompensas e brindes exclusivos!

    Se quiser entrar em contato comigo, Ana Carolina Coelho, mande um e-mail para: ana.cronicasdemae@gmail.com ou mensagem pelo Instagram: (@anacarolinacoelho79). Será uma honra te conhecer! Quer conhecer as “Crônicas de Mãe”? Leia as anteriores aqui e acompanhe as próximas!

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