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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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Os premiados figurinos de ‘The Great’, assinados por Sharon Long

Figurinista conversou com exclusividade com CLAUDIA uns dias antes de ser indicada novamente ao Emmy, revelando segredos dos lindos modelos

Por Ana Claudia Paixão
14 jul 2023, 12h16

Para quem ama cinema e moda, ter a chance de conhecer Sharon Long era igualmente intimidador e incrível. Quem acompanha a coluna, sabe o quanto presto atenção no trabalho dos figurinistas, afinal, o que a personagem veste e como se apresenta é muito importante na narrativa. A designer inglesa tem uma carreira incrível desde que começou sua carreira. Seus créditos (como assistente) a colocam nos sets de filmes como Guardiões da Galáxia, Fantasma da Ópera e Emma, sendo que também esteve nas equipes indicadas ao Oscar por Gangues de Nova York e Em Busca da Terra do Nunca, assim como no time vencedor da Academia por Elizabeth: A Era de Ouro. Há alguns anos Sharon tem liderado sua própria equipe, sendo que seu trabalho em The Great, que volta para uma terceira temporada na Lionsgate Plus, é simplesmente estonteante.

Sharon entrou na 2ª temporada e de cara foi a vencedora – merecidamente – do Emmy Awards por seu trabalho na série. Conversamos por zoom antes que fosse indicada novamente em 2023, mas era uma aposta segura de que estaria entre as finalistas. Cercada de seus desenhos e tecidos, Sharon tentou evitar spoilers (porque seu vestido favorito entregaria um) e já estou na torcida por ela novamente.

The Great - figurinos 3a temporada
Um dos vestidos criados para a terceira temporada. (Divulgação/Divulgação)

CLAUDIA: Antes de mais nada, como fã, queria parabenizar pelo Emmy Awards 2022 por seu trabalho. Aposto que ganhará novamente em 2023! [o nosso papo foi antes das indicações ao prêmio, que foi confirmada em 12 de julho]. Então, a partir da 3ª temporada foi mais fácil pensar nos figurinos de The Great?

SHARON: Por um lado é obviamente muito mais fácil quando você conhece os atores e já esteve no mundo do The Great, mas mais ainda porque conheço [os showrunners] Tony McNamara e Marian McGowan e digo ‘fácil’ porque os roteiros são fantásticos. Mas também é difícil porque chegam bem tarde para equipe que vai trabalhar os figurinos. Preparamos dois scripts de cada vez. Quando terminamos de filmar os dois, chegam os próximos dois criando uma rotatividade acelerada. O que ajuda é também já conhecer os corpos das pessoas, saber o que gostam e o que não gostam e, claro, eles também me conhecerem.

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CLAUDIA: Ia perguntar justamente sobre quanto tempo antes você tem acesso aos scripts. É mais complexo não ter conhecimento de toda história?

SHARON: Geralmente temos conhecimento do arco, que é a espinha dorsal do roteiro, mas nem sempre acaba como se espera. Por exemplo, tinham personagens que iam morrer e aí não morreram, mas eu meio que tinha comprado um tecido bem escuro pra isso e tive que usá-lo de uma maneira diferente, porque realmente não havia tempo para pedir um novo. Em geral, temos apenas oito semanas antes de começarmos a filmar para experimentar. Por isso que, às vezes, o que acontece é que podemos fazer todas as experimentações nos primeiros quatro ou cinco episódios, porque depois ficamos muito ocupados para tentar algo novo.

CLAUDIA: O fato de que a série diz que ser “ocasionalmente verdadeira” dá mais liberdade, ou os figurinos têm que ser mais fiéis ao período?

SHARON: É um equilíbrio porque Tony McNamara, que é o showrunner, não está interessado que seja uma série “de época”. Ele está contando uma história que é sobre um período histórico, mas a fala é completamente moderna, eles fazem coisas que não têm nada a ver com o século 18. Ainda assim, sou eu que preciso mantê-los em algum lugar do século 18. [risos]. Por isso digo que é uma espécie de equilíbrio. Posso manter as formas clássicas e ainda conseguir torná-las modernas ao mesmo tempo. Já aconteceu de perceber que não ia funcionar, que ia parecer muito moderno ou muito enfadonho, muito século 18 ou não teria humor nem mesmo drama. Por exemplo, nesta temporada Elizabeth [a tia do Imperador, Peter] está ficando um pouco menos exigente e um pouco mais aberta, pode estar se apaixonando. [pausa tentando evitar o spoiler]. Pode ou não, você sabe! [risos]. Portanto, há um pouco desse tipo de mudança gentil que também precisa entrar nas roupas para contar a história da personagem.

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The Great - figurinos 3a temporada
Figurinos são inspirados no século 18, mas com um toque moderno. (Divulgação/Divulgação)

CLAUDIA: Tudo bem, não revelamos muito. [risos] Uma coisa que nem sempre fica claro para quem não trabalha com moda são as texturas. Os tecidos que também estão relacionados com o período da história. Quanto tempo leva para toda essa pesquisa?

SHARON: Muito tempo. Quer dizer, temos uma compradora, a Fiona, que trabalha especificamente com tecidos e nos envia amostras de todos os lugares. O que realmente tentamos fazer é manter, por exemplo, os vestidos das mulheres em seda, sempre que possível, ou materiais que se comportam como fossem seda, porque era o que as mulheres da corte naquela época usavam. Embora os padrões nem sempre ecoem os padrões do século 18, tento usar a qualidade certa de tecido para também passar o tipo certo de sentimento. Havia muitas flores e pássaros e todo tipo de coisas dentro desses incríveis tipos de seda do século 18, e tenho muitas referências dos originais. Na moda masculina usei algo mais metalizado, porque não dá para falar de lantejoulas [que usavam] porque simplesmente não temos mão de obra. Com um fio metálico se captura bem a luz e o efeito é parecido. E também combina com minha estética pessoal.

CLAUDIA: E consegue, no meio de tanta coisa linda, ter um look favorito da série?

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SHARON: Sim! Amamos o primeiro vestido de Elle [Fanning, que interpreta Catherine] no jantar do Embaixador. É um rosa pálido e super in. Nas telas não se percebe, mas era todo bordado com bichinhos e rendados. É realmente muito bonito pessoalmente e achei que ela estava deslumbrante nele.  Eu também gosto muito dos vestidos e roupas da tia Elizabeth, me diverti muito com a Tatiana, porque ela é exagerada e também nos divertimos muito com o bebê [Paul, o filho de Catarina e Peter]. As roupinhas de tricô com patos e coisas assim foram muito divertidas de fazer. Mas o meu favorito é o vestido final de Elle na temporada, que vocês terão que esperar até ver a conclusão.

CLAUDIA: E o desafio de vestir Peter e Pugachev, seu sósia, que terá um papel importante na temporada? Mesmo ator, personalidades diferentes…

SHARON: O mais assustador é que, quando Nick [Nicholas Hoult] entra em uma prova, às vezes ele entra tanto como Peter como Pugachev, então ele tem que se transformar em Pugachev, que se move de maneira diferente de Peter, e depois veste as roupas que são do imperador. Nesse caso, temos Pugachev que deveria estar tentando ser Peter e para destacar isso são apenas tecidos diferentes, ficam viscosos, mais sujos e mais escuros. Sempre é engraçado nas provas porque Nick fica, sabe, realmente oleoso e ele é tão lindo! [risos]. De repente, não é mais bonito.

The Great - figurinos 3a temporada
Personagem Peter na terceira temporada da série. (Divulgação/Divulgação)

CLAUDIA: Nicholas Hoult não ser bonito é difícil! [risos] E sobre as referências de Cat Stevens para os figurinos de Peter? Algum outro ícone?

SHARON: Temos fotos de Mick Jagger, Jimi Hendrix, mas a ideia é ter aquele tipo solto dos anos 1960s, passando pelos anos 1970s e até os anos 1990s, basicamente os tipos de ouro do rock.

CLAUDIA: E no último Emmy você e sua equipe assinaram o lindo vestido de Elle Fanning também! Foi mais tranquilo ou mais difícil?

SHARON: Passei noites sem dormir. [risos] Trabalhamos no fim de semana, foi muito estressante porque tinha que ser perfeito para ela. Não importava se era perfeito para mim, tinha que ser perfeito para ela.

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CLAUDIA: Foi para mim! [Risos]

SHARON: Obrigada! Mas Elle tinha boas ideias e sabia mais ou menos para onde queria ir. Ficou fabuloso.

The Great - figurinos 3a temporada
Mais um figurino que você verá na terceira temporada. (Divulgação/Divulgação)

CLAUDIA: Sharon, e sua equipe é toda de mulheres, não é? E antes de liderar uma equipe, foi fazendo seu caminho supervisionando, tendo mentores. Poderia falar um pouco dessa experiência e como tem sido ajudar novos artistas?

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SHARON: Acho que porque tenho esse histórico de ter trabalhado por muito tempo, ter sido assistente e supervisora, o que ajuda muito, até porque não vim direto para o design, por isso entendo o que minha equipe precisa. Tento sempre tornar o trabalho mais confortável para todos, porque fiz o trabalho deles um dia então eu sei quando as coloco em uma tarefa mais difícil. Por exemplo, talvez eu dê um vestido ou uma saia para passarem na lama, mas assumo a responsabilidade. Digo que não se preocupem ,porque depois vamos repassar e podemos limpá-lo, porque a câmera não o verá novamente. Eu não poderia dizer isso se não tivesse a vivência que tenho e saber o que a câmera vê. Às vezes, é muito importante aqui [na cintura] e menos importante na bainha. Mas, obviamente, quando você é muito jovem e está começando, você acha que os sapatos vão ser vistos o tempo todo e eles nunca são, sabe, esse tipo de coisa.

CLAUDIA: Olha, espero um dia ver todas as peças em um livro ou uma exposição porque são obras de Arte!

SHARON: Seria lindo vê-los em exposição. As pessoas fizeram algumas coisas fabulosas. Quem sabe?

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