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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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The Great: Charity Wakefield comenta os desafios da 3ª temporada

Atriz que brilha como a divertida e inteligente Georgina revela seus momentos favoritos, e conta como será interpretar a Princesa Beatrice no filme “Scoop”

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 7 jul 2023, 14h23 - Publicado em 7 jul 2023, 10h05
Georgina Dymov - The Great
Charity Wakefield como a divertida Georgina Dymov, em 'The Great'. (Divulgação/Divulgação)
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A primeira vez que vi Charity Wakefield foi na versão da BBC de 2008 para Razão e Sensibilidade, de Jane Austen. Depois da interpretação definitiva de Kate Winslet, mesmo que com uma distância de 10 anos, era um dos papéis mais difíceis de trazer algo efetivamente novo. E ela foi brilhante, menos passional, mas ainda assim entregue a um dos papéis mais românticos da literatura, Marianne Dashwood. Desde então venho tentando acompanhar sua carreira, que culminou na impagável e incrível Georgina Dymov em The Great, que vem se destacando nos últimos anos. A terceira temporada fica disponível na Lionsgate Plus a partir do dia 14 de julho.

Charity nasceu na Inglaterra, mas depois que seus pais se separaram, passou seus primeiros quatros anos na Espanha, com sua mãe e avós. Depois que voltou para Londres, estrelou uma produção da escola de A Bela Adormecida, e aos sete anos decidiu seguir uma carreira profissional. Entre teatro, TV e filmes, Charity foi construindo uma carreira sólida e respeitada, e foi no trabalho que conheceu seu marido, o ator David Newman, quando trabalharam juntos na peça A Primeira Noite de Um Homem, em 2005.

The Great é uma paródia da vida de Catarina, a Grande, “ocasionalmente” relatando a verdade. Georgina, por exemplo, não é uma personagem verdadeira, bem diferente do próximo trabalho de Charity, que viverá a Princesa Beatrice no filme Scoop, da Netflix (que vai recontar os bastidores da entrevista do Príncipe Andrew (Rufus Sewell) para a BBC sobre sua amizade com o pedófilo Jeffrey Epstein). De Londres, via zoom, Charity conversou rapidamente e exclusivamente com CLAUDIA sobre os dois projetos. E vou confessar, sua simpatia me confirmaram que a admiração por ela não era infundada!

3ª temporada de The Great
3ª temporada de The Great chega em 14 de julho. (Divulgação/Divulgação)

CLAUDIA: Já começo nosso papo tietando, porque adorei sua Marianne Dashwood no Razão e Sensibilidade, onde nos fez chorar e, agora, como Georgina Dymov, me faz rir com frequência, além de tantos outros papéis. Seria Georgina uma combinação de muitas mulheres que existiram em seu tempo?

Charity: Eu nem sei! Ela é uma combinação de muitas, mas na verdade acho que é uma criação de Tony McNamara [showrunner de The Great]. Eu a acho realmente fascinante! Existem caminhos definidos para esse tipo de personagem que podem ser pesquisados facilmente. Por exemplo, curiosamente fui à reabertura da National Portrait Gallery em junho, e me lembrei de como costumo ir lá justamente para olhar as pinturas da época [como parte da pesquisa para The Great] porque nessas pinturas é possível ver como eram os relacionamentos das pessoas, como eram os relacionamentos aristocráticos ou pessoas em casa, esse tipo de coisa. Informações que não costumam estar nos livros de história. Se pode aprender muito com as pinturas. Mas voltando à Georgina, diria que ela pode ser fictícia, mas também muito real porque havia muitas amantes como ela. Achei muito interessante quando interpretei Mary Bolena em “Wolf Hall”, outro papel de amante, como era algo completamente normal para um imperador ou um rei ter várias amantes e que as pessoas as aceitassem e também aceitassem seus filhos, em sua maioria. As crianças inclusive eram legalizadas e herdavam fortunas, mesmo que não estivessem na linha da sucessão.

CLAUDIA: Uma coisa que se pode dizer de Georgina é que ela é prática…

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Charity: Sim, exatamente. Essencialmente historicamente preciso. Ela é real, fala sério e se sente muito confortável em sua posição [de amante], que quer manter (inicialmente).

CLAUDIA: Ela começa como uma antagonista de Catherine e é ligada a Peter, o imperador. Não posso dar spoilers sobre a temporada, por isso evitarei entregar o rumo da história, mas o que você pode compartilhar sobre o arco de Georgina, desde onde ela começou e para onde está indo? Porque muita coisa aconteceu com ela.

Charity: Há muita coisa que acontece, sim! [risos]. Então, encontramos Georgina em um lugar muito confortável para ela. É casada, muito feliz assim, e tem um ótimo relacionamento sexual com o imperador, que ela afirma ser apenas o que ela quer. Isso é muito verdadeiro, mas se você olhar objetivamente, ela também está completamente sujeita a essas circunstâncias. O imperador pode rejeitá-la ou matá-la a qualquer momento e com esse conhecimento, há o elemento de tentar constantemente manter sua posição, seu estilo de vida e, em seguida, um ter pouco de sua vida real ao mesmo tempo. Quando Catherine entra, Georgina espera que ela siga a forma da maioria das esposas e apenas aceite que a amante é como parte da mobília. Mas Catherine é feita de material mais forte e muito mais idealista, tem essas ideias malucas como as primeiras ideias feministas sobre o que se deve tolerar e o que não se deve, como a sociedade deve ser. Minha personagem certamente fica feliz – no início – em concordar, mas apenas porque achava que manteria sua posição, mas é o oposto, isso justamente a torna muito mais ameaçada.

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CLAUDIA: E na segunda temporada, depois de uma passagem pela França, ela volta mais ainda “contra” Catherine.

Charity: Sim, porque ela vê o que não vemos na tela, que é que toda a França está completamente convulsionada porque houve uma grande revolução contra a aristocracia. Por isso volta com uma agenda de evitar que se repita na Rússia, caso contrário, a família dela, pode morrer. Ela sabe que o povo um dia vai sair das ruas e matar os ricos se trouxerem essas ideias europeias, por isso é contra. No entanto, ela é um pouco atriz e manipuladora, e passa a fingir que entende e se interessa pelos ideais de Catherine. O interessante é que é bastante fiel à vida, sabe? Quando as pessoas assumem outra personalidade. Ela meio que se infiltra e fica confuso.

CLAUDIA: E agora?

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Charity: Então, ela está muito em conflito internamente no início da 3ª temporada. Para ela o mais importante é apenas lutar por uma vida, mas tem que permanecer viva em primeiro lugar. Então Georgina é uma pessoa que pode abandonar qualquer um para poder viver e acho que isso é justo!

CLAUDIA: E temos uma grande surpresa no final [risos]. Você tem alguma cena favorita até agora?

Charity: Gosto de qualquer cena do grupo, mas uma das minhas favoritas, na verdade, é justamente uma cena sobre a qual não posso falar [risos] Bom, não posso falar sobre o que acontece na cena, mas é bem no final da temporada e envolve muitos personagens, assim como um bebê, que interpreta Paul [filho de Catherine e Peter]. Aliás, são dois bebês gêmeos que se alternam como Paul e na mesma cena também tínhamos um cachorro. Para piorar, havia um desafio para realizar essa cena porque sabíamos que tínhamos apenas um tempo limitado com o bebê e tempo limitado com o cachorro, é claro. E havia muito texto além de muita ação, por isso estava muito nervosa.  Eu tentava relaxar, mas quanto mais relaxados estivéssemos, mais as coisas dariam errado. Só pensava: “Tudo vai dar errado. O cão não vai olhar para este lado. O bebê vai chorar”, mas fizemos a primeira tomada e tudo correu perfeitamente.

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CLAUDIA: Estou curiosa para ver!

Charity: Sim, e o último take foi meu olhando para longe e me lembro de sentir a câmera aqui [colada nela] e ouvir todos no set [saindo do transe]. “Como assim?”. Foi perfeito. É tão maravilhoso quando tudo funciona. E isso acontece bastante no nosso set porque a escrita é bastante teatral e tem uma melodia real, uma espécie de estrutura sólida, por isso é muito agradável para nós interpretarmos.

CLAUDIA: Antes de nos despedirmos, o que você pode compartilhar com a gente sobre interpretar a Princesa Beatrice no filme “Scoop”?

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Charity: Já filmei toda minha parte e gostei muito. É um mundo à parte, em termos de estilo e tipo de trabalho [comparando com The Great]. Scoop tenta analisar e interrogar algo que aconteceu recentemente e estamos falando de pessoas que são muito significativas na vida do meu país e de eventos que são assuntos muito difíceis. Por isso interpretar alguém importante como a Princesa Beatrice foi um processo muito delicado, mas me sinto muito honrada porque é alguém que sempre admirei e ainda admiro. E o assunto que estamos questionando no filme é obviamente muito interessante, mas a intenção é recriar de alguma forma e entender de um ponto de vista diferente algo que já vimos. Então, sim, uma experiência muito diferente.

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