A sogra real
Doria Ragland tem 61 anos. Madura, vivida, deve ter passado poucas e boas. Com ela, o mundo pode conhecer uma anti-holofote em formato de mulher madura
Aquele olhar disse muito. Sozinha, em meio a Família Real britânica, a afrodescendente de dreads e piercing no nariz parecia não acreditar. Eu, grudada na TV, pouco prestei atenção ao fausto anglo-americano. Só tinha olhos para ela. Chic, reservada, muda.
A imagem da mãe batalhadora, assistente social, professora de ioga, que criou uma filha única para ser digna, liberta, auto-suficiente transformada agora em princesa, duquesa, personagem de conto de fadas. Meio borralheira, com cara de excluída aos olhos da sociedade careta e covarde -ela emocionou aos que têm coração.
Ali naquela capela faraônica, habitat de deuses míticos e reis de verdade, a vimos emocionada com tamanho ato político. Sim, porque aquilo não foi um casamento. Foi uma revolução. Ao sair, de braços dados com Charles, me belisquei. Quando, em qual tempo, veríamos essa cena?
Doria Ragland tem 61 anos. Madura, vivida, deve ter passado poucas e boas. Os Estados Unidos alavancam as Oprahs, Obamas da vida… Com ela, uma zero celebridade, a zero glam, o mundo pode conhecer uma anti-fama; anti-holofote; anti-mídia em formato de mulher madura.
A foto mais antiga –ela com sua marmita, ao lado da filha, andando pelas ruas da Califórnia, era à semelhança de tantas mães pelo mundo. Não concordo com Maria Ribeiro que o casamento vai dar ruim. Que eles serão infelizes. Acho que o jogo de cintura de Meghan é grande. A mãe a criou para o mundo.
Também ouvi que Harry está de quatro por ela e que a noiva não derramou uma lágrima: fria, atriz, cerebral? Não quero nem saber. Me interessei mais pela progenitora. Divido com elas as dores e sabores de criar uma filha (no meu caso, duas). E bato palmas para a sogra do ano. Do céu, Diana daria likes.