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Etarismo nos cabelos: A terceira idade pode adotar estilos inovadores

O cabelo na terceira idade não precisa se restringir aos cabelos grisalhos e tintas de cabelo semanais, pode significar inovação e criatividade

Por Adriana Marruffo
Atualizado em 26 nov 2023, 09h09 - Publicado em 26 nov 2023, 09h08
A terceira idade não deve ser sinônimo de parar de ousar e se achar bela (Instagram/Reprodução)
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A beleza dos cabelos na terceira idade é frequentemente associada a duas únicas possibilidades: cabelos grisalhos ou correr para esconder a passagem do tempo com tintas para cabelos.

Essa é apenas mais uma prova do contínuo etarismo dado ao cabelo das mulheres da terceira idade, cujas opções para cortes de cabelos parecem ir se limitando cada vez mais, isolando-as das recentes tendências porque elas são “apenas muito velhas”.

cortes cabelos brancos
Descubra cortes que valorizam os fios brancos e dicas de como cuidar bem deles. (Reprodução/Instagram)

“Isso é uma coisa do passado que colocaram por muito tempo na cabeça das mulheres, que quando elas envelhecem elas não podem usar ‘maquiagem forte, cabelos curtos’, não podiam ser sexy”, reflete Celso Kamura, beauty artist e embaixador criativo da Wella Pro.

Hoje, as pessoas da terceira idade não precisam se limitar às convenções estabelecidas pela sociedade para os seus cabelos, podendo decidir suas preferências e os visuais que as deixem não somente confortáveis, mas confiantes. Você gosta do grisalho? Trabalhe com ele!

Mas se você pensa em experimentar com cores e penteados, a terceira idade não é o fim da sua criatividade, é mais uma oportunidade de ampliar os limites.

O etarismo nos cabelos

Vamos ser sinceras, lidamos (e banalizamos) com o etarismo nos cabelos desde jovens. Desde a primeira vez em que alguém disse “Olha, o primeiro cabelo branco, está ficando velha”, e corremos para arrancar e entramos em uma crise existencial, afinal, a tão demandada juventude vai acabando. Já na terceira idade, o etarismo vem em diferentes maneiras, desde não poder experimentar ou ousar nos cabelos até o julgamento de quem deixa seus cabelos grisalhos serem os protagonistas da imagem.

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“Raspar a cabeça, por exemplo, pode ser visto como um ato de rebeldia e aí você imagina que uma mulher da terceira idade já tem amadurecimento suficiente para não ser rebelde. Então quando esse ato acontece, choca. O mesmo com as cores vibrantes. E aí cabe uma reeducação da sociedade”, pensa Rodrigo Cintra, hair stylist e colunista da CLAUDIA

A verdade é que, desde o início da vida, os próprios cabelos jamais pertenceram às mulheres, e suas decisões, poucas vezes, consideram o espírito das mesmas. Sempre pensamos: O que é melhor visto? Como posso me mostrar sem que haja julgamento? Poucos anos atrás, as jovens se rebelaram contra os estereótipos da “menina certinha” e mandaram nos próprios fios, mas esquecemos as mulheres da terceira idade para trás. 

“Você não tem idade para isso”

Quantas vezes a gente já ouviu isso ao longo da vida? Parece que jamais temos a idade para fazer o que queremos, o que amamos. Mas o etarismo no mundo do cabelo vai muito além de não se sentir confortável para pintar os fios ou fazer cortes ousados, podendo assim acabar com a autoestima dessas  mulheres. 

“Pode afetar a autoestima por vários motivos. A mulher na menopausa tem uma rarefação capilar – algumas mais, outras menos. Isso pode impedir que ela faça alguns cortes e até penteados. Os cabelos brancos pedem mais cuidados, muito mais, pois eles são naturalmente ressecados. Então o esforço para ter um cabelo branco brilhante e macio é maior, precisa de mais produtos e tratamentos”, aponta Cintra.

Além disso, as mulheres que se conformam com o estereótipos dos cabelos da terceira idade poucas vezes se sentem identificadas com o mesmo, dando uma sensação de perda de identidade e, em alguns casos, da própria noção de beleza. A beleza, assim, se restringe novamente à juventude, fazendo com que as mulheres com mais de 60 anos se sintam perdidas dentro do próprio corpo.

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“As mulheres da terceira idade precisam aparecer cada vez mais com cores vibrantes e cortes de cabelos considerados audaciosos para criarem essa nova visão, para inspirarem outras. Se isso acontecer com frequência vamos conseguir mudar essa visão ultrapassada”, reflete o colunista. 

O medo de testar

“Talvez as próprias mulheres não se sintam confortáveis. Faltam mais exemplos de mulheres da terceira idade com os cabelos coloridos. Precisa saber qual é a imagem que a mulher quer passar e porque não quer assumir esse colorido, ou porque cabelos coloridos, falando em cores fortes, como o vermelho, por exemplo, demandam de mais cuidados, uma vez que o fio branco é ressecado e a coloração/descoloração. Quando o cabelo não é cuidado, vai acentuar mais o problema”, comenta Cintra sobre o medo constante de testar na terceira idade.

Celso conta que dentre as principais preocupações que vê dentro do salão, estão clientes que não querem ter o cabelo branco de jeito nenhum, tendo medo do que as pessoas poderão falar delas e de seu visual.

“Tenho outras que tiveram que ter muita coragem para deixar os fios brancos na época da pandemia, tiveram que peitar muita gente em casa”, relembra. Assim, ele observa que, muitas vezes, as próprias mulheres colocam um etarismo em si mesmas, tendo ouvido que uma de suas clientes não pode ter seu cabelo grisalho porque o marido não permite. “É cada uma que a gente ouve no salão”, critica.

Inspirações para o cabelos

Cintra conta que, como visagista, ele sempre recomenda ter uma avaliação dos fios para que o estilista possa explicar os possíveis resultados e ir um passo por vez. Além disso, ele destaca a importância de lembrar que a mulher pode mudar: “A graça é essa, poder brincar com os seus cabelos. Essa é a mensagem que fica, independentemente da idade, a mulher pode ser e ter o cabelo que quiser”, reflete.

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E Kamura também quis trazer sua própria mensagem, lembrando que não somos obrigada a nada. “A única regra é ser feliz. Faça isso porque você quer e não porque outra pessoa disse que você precisa ser assim. Nada mais empoderado que uma mulher feliz e segura de si”, coloca Celso.

A criatividade pode ser interior, e você pode muito bem querer um cabelo rosado hoje e raspar os fios na semana seguinte, tudo vem do que você quer mostrar para si mesma. Mas é claro que não poderíamos deixar de pedir algumas inspirações para os dois hairstylists, que com tanto talento, só podem nos deixar preparadas para arrasar. 

De olho no branco

“Um dos comentários mais comuns é que a mulher não pode ter cabelo longo porque envelhece ainda mais. Ela não somente pode como deve! Mas precisa de um corte moderno, o mesmo para a cor.

O branco amarela com o tempo e precisa de produtos roxos (como shampoo), por exemplo, que ajudam a mantê-lo bonito. É sempre importante lembrar que os cuidados para a mulher da terceira idade são diferentes”, recomenda Cintra para aquelas que adoram seus cabelos brancos. 

Se você assumiu seus cabelos grisalhos e esbranquiçados, não se esqueça do poder deles. Mas para deixar eles ainda mais radiantes, o colunista da Claudia aponta a possibilidade de fazer uma tonalização dos fios ou investir em luzes.

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Astrid Fontenelle, capa de CLAUDIA em outubro de 2023 (Caia Ramalho/CLAUDIA)

Dentre suas inspirações para os grisalhos, Cintra destaca os cabelos de Astrid Fontenelle, que usa seus cabelos longos e platinados com orgulho. Suas estratégias? Muitos penteados e babyliss!

O estilista também relembra os jogos que a atriz Samara Felippo já fez com os cabelos brancos, tendo aparecido com a raiz branca enquanto o resto do cabelo estava castanho. Mas Felippo já apareceu com os cabelos completamente brancos, em um estilo pixie.

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Vamos de colorido?

Se você sempre quis experimentar com cores, agora é a hora. “Existem várias técnicas de coloração interessantes para as mulheres na terceira idade. Poderia, por exemplo, fazer mais mechas platinadas ou passar um tonalizante de um cor fantasia, podendo ser um rosa ou azul”, aposta Kamura sobre os estilos de coloração para cabelos grisalhos. 

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E esse mito de que colorir o cabelo faz mal a partir dos 60 anos? Celso desmente, apontando que não existe nenhuma contraindicação para a prática, e sim uma vida inteira ouvindo que não podemos ser sexy.

“Minhas clientes grisalhas estão todas na pista, casadas ou solteiras, estão belíssimas! E claro, com a autoestima em dia”, brinca o estilista. Entre as inspirações pensadas por Cintra, ele destaca a icônica Vivienne Westwood, ícone fashion que sempre ousou nas cores dos cabelos. 

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Rodrigo também aponta Madonna como um possível caminho de inspirações, que já apostou bastante nos cabelos ruivos, além de Cindy Lauper: “Ela é uma verdadeira camaleoa e está com um roxo mais claro, além de apostar bastante nos curtos. O seu diferencial é a franjinha, que traz um toque de jovialidade ao visual”.

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De volta aos clássicos: pixie cut

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Ambos estilistas concordaram em um estilo perfeito para as mulheres nessa jornada: o pixie cut – que ainda foi aposta de Cintra para os cabelos de verão. “O pixie é ousado e um clássico, combina com várias texturas e formatos de rosto, basta fazer algumas adaptações como uma franja mais longa, por exemplo”, aponta. 

Pronta para ser você mesma?

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