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Love Cabaret: por dentro da fabulosa casa de shows adultos em SP

Passamos uma noite no Love Cabaret, casa de espetáculos adultos recém-inaugurada em São Paulo. Aqui, você descobre os detalhes mais quentes da experiência

Por Kalel Adolfo
Atualizado em 29 set 2023, 15h28 - Publicado em 12 ago 2023, 09h00

Em meio a um salão retrô onírico, uma plateia troca olhares inquietos. Assim como eu, a maioria tinha pouca, ou talvez nenhuma, ideia do que estava prestes a vivenciar naquela noite. Até meados de 2021, o local abrigava a Love Story, casa noturna que fechou as portas após ter falência decretada na justiça.

Naqueles tempos, as festas liberais e as trocas quentes eram a marca registrada da boate. Mas, agora, com o surgimento no mesmo lugar do Love Cabaret, a pergunta era: o que vai acontecer aqui? Será que, em alguns instantes, o local se transformará numa grande orgia? Tal dúvida foi respondida prontamente quando, sem avisos, Indra Haretrava, coordenadora artística do Cabaret, surgiu no alto de uma escadaria vestindo um terno vermelho, com um microfone na mão.

Indra Haretrava realiza o número de abertura do Love Cabaret.
Indra Haretrava, coordenadora artística do cabaret. (Julia Magalhaes/Divulgação)

Meus olhos estavam fixos nela. Surpreendendo a todos, ela entoa um ponto de umbanda, dedicado às pombagiras, entidades que regem a liberdade existencial e sexual: sim, Love Cabaret é sobre desejo, arte, expressão e liberdade. Finalizada a abertura, um instrumental de jazz tomou conta do espaço. Luzes cor-de-rosa preenchem o ambiente. Desta vez, adentra a performer burlesca Jelly Bunny. Ela interage com a plateia, pede aplausos, retira as suas roupas de maneira bem-humorada e cobre o corpo com algumas plumas e cristais.

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Tudo num pique irreverente, digno de cabaré hollywoodiano dos anos 1950. O público, um tanto tímido no começo, decide engajar e chega ao final da performance aos gritos, quando Bunny remove todo o figurino e chacoalha os seios em um movimento clássico das apresentações do gênero.

Jelly Bunny realiza um número irreverente, regado à jazz, no Love Cabaret.
Jelly Bunny, artista burlesca do cabaret. (Julia Magalhaes/Divulgação)

Com o clima esquentando, uma barra de pole dance é posicionada no centro da pista. A iluminação escurece. Ao som de “Closer”, do Kings of Leon, Isis Maia Bello inicia acrobacias fisicamente surpreendentes, que envolvem abrir espacates no ar e girar incontáveis vezes de ponta cabeça enquanto se mantém fixa no pole — tudo isso usando saltos gigantescos à la Lady Gaga.

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Love Cabaret possui decoração onírica e extravagante.

Enquanto recuperávamos o fôlego, pinta no horizonte um número de shibari (técnica japonesa de amarração). Argolas começam a descer de uma plataforma presa ao teto. Entram em cena Amauri Filho e sua parceira de palco, Kate. Ao lado deles, há um compartimento com cordas. Rapidamente, Amauri passa a amarrar a jovem nas posições mais variadas possíveis, dando nós apertados em seu corpo — apesar de ser algo feito com consentimento e segurança entre os praticantes, confesso que senti um certo incômodo ao assistir.

Em seguida, ele amarra os braços e as pernas de Kate nas argolas, que são erguidas novamente pela plataforma, deixando-a suspensa a alguns centímetros do chão. Como se tudo isso não fosse o suficiente, o performer segura o cabelo da parceira e a empurra para longe, fazendo com que seu corpo pendule no ar. É desse jeitinho family-friendly que o primeiro bloco do espetáculo chega ao fim, deixando evidente que a experiência se torna mais picante a cada apresentação.

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Temperatura subindo no Love Cabaret

Cerca de quarenta minutos — e muitos drinques depois —, o show é retomado. A essa altura da noite, alguns casais excitados trocam beijos intensos nas mesas, enquanto outros visitantes circulam pelo local em busca de algo a mais. Hellena Borgys, drag queen criada pelo artista Uátila Coutinho, surge em meio ao clima de sedução para realizar um número de dança, com as nádegas completamente expostas.

Diversos homens, acompanhados de suas namoradas, tentam desviar o olhar, mas são incapazes de não admirar o físico do bailarino. Toda a cena foi maravilhosa, pois nos faz refletir sobre o quão alto grita o desejo em determinadas ocasiões. Ali, naquele ambiente, estávamos seguros o suficiente para observar, fantasiar (e por que não cobiçar?) todos os corpos e identidades presentes, sem pensar muito no que éramos ou deixávamos de ser.

A última atração, comandada por Preto Fetichista, é o paraíso para os adeptos do BDSM. Primeiro, o dominador profissional convida uma de suas submissas para uma sessão de chicotadas: a cada vez que o chicote encosta na pele da colega, gemidos e gritos inundam o salão, nos deixando perplexos e instigados.

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Número de Preto Fetichista é o mais extremo da temporada.
Preto Fetichista: número de BDSM tem chicotes e fogo. (Julia Magalhaes/Divulgação)

Contudo, nada nos prepara para o Fire Bubble, momento mais hardcore do espetáculo: nele, o dominador, com o auxílio de uma espuma especial, ateia fogo no corpo (incluindo seios, nádegas e vulva) de sua assistente. Nem é necessário dizer que a situação gerou um enorme falatório, com direito a suspiros e expressões de espanto. Por mais extrema que aparente, a dinâmica não soa apelativa ou ofensiva. Muito pelo contrário. A experiência no Love Cabaret, de maneira geral, nos relembra da potência sexual e imaginativa que habita em cada um de nós. Saí de lá aberto ao novo (independentemente do que isso representa).

Por trás do Love Cabaré

“O Love Cabaret é uma casa de espetáculos e performances que tem o desejo como ponto de partida. É sobre desmistificar tabus, pessoais ou impostos, que giram em torno do sexo e de nossos corpos. É sobre amor, potência, descobertas e arte”, declara a empresária Lily Scott, uma das fundadoras da casa, ao lado de Facundo Guerra e Caire Aoas.

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O Love Cabaret foi fundado por Lily Scott.
Love Cabaret tem como principal norte a diversidade e liberdade dos corpos. (Julia Magalhaes/Divulgação)

Ela explica que, nesta primeira empreitada, a principal mensagem é celebrar a pluralidade de nossas existências. “Não podemos mais resumir a representatividade a um corpo branco, magro, hétero e cis. E para alcançar a máxima potência disso, precisamos abraçar a diversidade de cores, tamanhos, sexualidades e gêneros.”

Lily Scott, uma das fundadoras da casa

“A casa de espetáculos e performances tem o desejo como ponto de partida. É sobre desmistificar tabus que giram em torno dos nossos corpos. É sobre amor, arte, potência e descobertas.”

Aberto inicialmente de quarta a sábado, os ingressos custam entre R$ 40 e R$ 420, podendo ser adquiridos através do aplicativo PixelTicket. “Em breve, começaremos a funcionar às terças-feiras; e terá uma pista de dança exclusiva às sextas e aos sábados. Também faremos uma noite do ‘Proibidão’, que compreenderá números mais ousados e explícitos. Mas, quando for acontecer, deixaremos claro em nossas comunicações que será um evento paralelo à programação”, conta Lily. E aí, bateu aquela vontade de visitar?

*Nota da Edição: anteriormente, as fotos de Julia Magalhaes receberam os créditos incorretos. Em 29/09, atualizamos este conteúdo para constar o nome da profissional e nosso agradecimento.

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