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Itália faz pressão para que mulheres engravidem e causa polêmica

A ideia do #FertilityDay é conscientizar os italianos - e, pelas imagens, principalmente as italianas - a respeito da importância e "beleza" de ter filhos.

Por Giovana Feix
Atualizado em 21 jan 2020, 05h29 - Publicado em 5 set 2016, 08h37
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O Ministério da Saúde Italiano vai promover em setembro de 2016 um evento inédito: o Fertility Day, ou Dia da Fertilidade. Com eventos em Roma, Bolonha, Catânia e Pádua no dia 22, a ideia é conscientizar o público sobre o perigo das baixas taxas de natalidade nacionais, sobre a “beleza” de ter filhos e sobre as doenças (e seus respectivos remédios) que podem impedir essa linda “magia” de acontecer.

Para promover o dia, o ministério lançou uma campanha com 12 imagens um tanto polêmicas, que deram muito o que falar na internet.

“A beleza não tem idade. A fertilidade, sim”, diz uma delas, acompanhada da foto de uma mulher segurando uma ampulheta. “Pais jovens. A melhor maneira de ser criativo” e “Apresse-se! Não fique esperando a cegonha”, dizem outras. Ao lado do ventre de uma mulher, outra imagem diz “Prepare um berço para o futuro”.

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A imagem que se refere à “criatividade” dos pais jovens é especialmente questionada pelos italianos – afinal de contas, a taxa de desemprego entre os jovens do país foi de 42% no ano passado. E como se já não bastasse a pressão de familiares e conhecidos, agora o governo faz pressão para que as mulheres engravidem? 

>>> 8 coisas que mulheres que não querem ter filhos estão cansadas de ouvir

O foco da campanha como um todo pesa, no entanto, principalmente para o lado das mulheres – e isso pode de fato causar uma baita confusão. Apesar de a legislação do país contar com uma licença maternidade generosa, as italianas sofrem muito preconceito no mercado de trabalho, quando o assunto é ser “criativa” o suficiente para ter filhos. Dentro de uma dinâmica chamada por eles de dimissioni in bianco, ou “demissão em branco”, em português, já foi solicitada a centenas de milhares de italianas a assinatura de cartas de demissão sem data – para que, em caso de gravidez, seus empregadores pudessem demiti-las sem ter de pagar nada.

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“A minha gravidez ocupa grande parte do meu contrato” – campanha em resposta ao Fertility Day.

Em um texto no Medium, uma blogueira italiana comenta a campanha do Fertility Day: “O que esta campanha esconde é a completa incapacitação do governo de lidar com a baixa nas taxas de natalidade e subsequente baixa na entrada de dinheiro no já esgotada máquina pública do país. Se as mulheres escolherem não ter filhos – seja por motivos pessoais ou financeiros, ou então pelos dois – quem vai pagar a insana quantidade de impostos necessária para que o sistema continue funcionando? Não serão os filhos de imigrantes, que não recebem cidadania imediatamente mesmo que tenham nascido em solo italiano. Cabe às italianas a missão de repopular a Itália, cumprindo seu destino biológico e fazendo seu dever patriótico“, ironiza.

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