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Inspiração: conheça a mulher que mudou o conceito de voluntariado no país

Aos 68 anos, Maria Elena Johannpeter luta pelo aumento da produtividade das ONGs brasileiras e vive instigando mulheres a assumir a política. Conheça sua história!

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 26 out 2016, 11h07 - Publicado em 11 fev 2014, 22h00
Patrícia Zaidan
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Maria Elena: “O brasileiro é pouco voluntário. Doa dinheiro, roupas… e pronto”
Foto: Otavio Castedo

Num dia, Maria Elena Pereira Johannpeter, 68 anos, pintava casinhas e muros de Porto Alegre. No outro, microfone em punho, instigava mulheres a enfrentar as urnas e se eleger a cargos públicos: “Do contrário, nunca mudaremos nosso país”, discursou inflamada e foi ovacionada pela plateia. A primeira cena ocorreu na ruela que desce da favela Vila Gaúcha até o estádio Beira Rio, onde haverá jogos da Copa do Mundo. A segunda, em um jantar com poderosas da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, que lhe concediam um prêmio. Aliás, ela tem vários, como a medalha Pacificador da ONU Sergio Vieira de Mello, oferecida pelo Parlamento Mundial para Segurança e Paz.

Décima filha de uma família pobre de Gravataí (RS), que arrendava uma terrinha para plantar, Maria Elena perdeu o pai aos 8 meses. Casou cedo, ajudou o primeiro marido a estudar e não pôde ir à faculdade. “A vida é minha universidade”, lembra essa leitora voraz e aprendiz atenta dos grandes administradores. Casada há 22 anos com Jorge Gerdau Johannpeter, um dos empresários mais ricos e hábeis do Brasil, ela preside a Parceiros Voluntários, que movimenta 3,8 milhões de reais por ano, possui 51 unidades, impacta 1,5 milhão de pessoas, 2,8 mil organizações não governamentais e 2 mil escolas.

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O ponto forte do seu trabalho é capacitar instituições de diferentes estados. “O país tem 290 mil ONGs. A maioria não sabe captar recursos e prestar contas. Elas precisam atingir a autossuficiência, ter uma gestão ousada e entender que, como unidades de negócios, devem se preocupar com produtividade e transparência”, afirma. Desde 1997, sua agenda é dedicada à ONG que criou. “Nas férias, procuro saber como outras nações resolvem os problemas e de que forma a sociedade se envolve com eles.”

Para Maria Elena, o brasileiro é solidário, mas pouco voluntário. “Ele doa dinheiro, roupas… e pronto. Lancei a ideia de disponibilizar tempo, conhecimento e emoção.” A diferença: “Ao oferecer algo tão valioso, trago a causa para a minha vida, para dentro de casa”. Ela costuma dizer que o voluntário põe olho no olho. “A emoção do que ajuda desperta um sentimento parecido no outro, transforma ambos e traz ganho social.”

Coautora de três livros, defende o conceito da Responsabilidade Social Individual, a RSI, “que ressalta talentos e aviva o verdadeiro valor interno”. Um maior envolvimento pode gerar também mais recursos. No Brasil, são aplicados no terceiro setor apenas 2 bilhões de reais por ano. “O volume cresceria se, como nos Estados Unidos, o cidadão doasse como pessoa física. Ainda esperamos que o governo faça tudo. A cultura precisa mudar e as leis devem incentivar isso.” Com discurso afiado e mobilizando plateias, há sempre alguém que lhe pergunta se não disputará eleição. Ela se esquiva: “Já faço política. Chamo as pessoas para o autodesenvolvimento e a cidadania participativa. Só não estou atrelada a partidos. Nem quero”.

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