Por causa da carga negativa da palavra,
muitas madrastas preferem ser chamadas
de ‘boadrastas’
Foto: Dremastime
‘E aí, vai querer o pacote?’ foi o que a atriz Juliana Veodovato, 28 anos, se perguntou quando conheceu o cineasta Vitor Vicentini, 39, há dois anos. Logo no primeiro encontro, Vitor contou que tinha um filho adolescente que morava com ele e Juliana ficou apreensiva. Na terceira semana de namoro, foi apresentada a Pedro, hoje com 17 anos, e sentiu mais timidez que o menino, que a recebeu com um sorrisão. Com o tempo, Juliana foi percebendo que ‘o pacote’ era um garoto lindo, gentil, inteligente e muito bem-educado. ‘A cada dia me apaixonava mais… pelos dois!’, diz. ‘Eu observava o jeito do Vitor tratar o Pedro e pensava: Esse homem tem que ser o pai dos meus filhos!’ Hoje, ela e Vitor estão casados e os três dividem o mesmo teto em perfeita harmonia.
O arranjo doméstico de Juliana é um exemplo da chamada ‘nova família’. Segundo estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), da ONU (Organização das Nações Unidas), até o fim desta década mais de 50% das famílias brasileiras terão formação diferente da tradicional. Isso porque de cada dez casamentos registrados no país, apenas três resistem a mais de dez anos, e as uniões que se desfazem deixam em média dois filhos pequenos. Como reflexo desse quadro, o número de divorciados que se casam novamente cresceu 122% na última década e o total de solteiras que se unem a divorciados já chega a quase 10%. Conclusão: jovens madrastas são personagens em ascensão nas histórias de amor. Com a sua multiplicação, contos de fadas como Cinderela e Branca de Neve passaram a ser considerados politicamente incorretos por divulgarem a ideia de que toda madrasta é má. A carga negativa da palavra ainda é grande e por isso muitas madrastas preferem ser chamadas de ‘boadrastas’.