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Porque a obesidade é um fator de risco para a disfunção renal

A presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Dra. Carmen Tzanno, explica a importância da prevenção quando se trata da doença renal crônica ou aguda.

Por Débora Stevaux Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 mar 2017, 17h31 - Publicado em 9 mar 2017, 17h00
Dor nos rins
Dor na região lombar que irradia para o abdômen é um dos sintomas dos cálculos renais (Reprodução/ThinkStock)
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Esta quinta-feira (9) marca o Dia Mundial do Rim, data criada há mais de uma década pela Sociedade Internacional de Nefrologia para alertar a população mundial sobre os riscos que o mau funcionamento do órgão pode trazer para suas vidas. Em 2017, o tema da campanha que realiza várias ações anuais com enfoque no comportamento preventivo é “Doença Renal e Obesidade – Estilo de Vida para Rins Saudáveis“. De acordo com estimativas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025, 18% dos homens e 21% das mulheres de todo o globo terão obesidade.

Este dado preocupante apenas reforça a maior causa de morte no Brasil nos dias de hoje: as doenças crônicas não transmissíveis, entre elas, a renal. Para discutir sobre a importância de cuidados preventivos para evitar a disfunção renal, CLAUDIA conversou com a primeira presidente mulher da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Dra. Carmen Tzanno.

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CLAUDIA: O que caracteriza a doença renal?

Dra. Carmen Tzanno: Há vários tipos de doença renal e apesar de acometer mais homens do que mulheres, a patologia pode aparecer em qualquer faixa etária, desde a infância até a velhice. A insuficiência renal aguda é caracterizada pela perda da função dos rins de uma forma súbita e geralmente é reversível. Pode ocorrer por vários motivos. São várias as situações, por exemplo: após picadas cobras venenosas; devido a uma desidratação grave ou a um acidente em que você perdeu uma quantidade significativa de sangue, ou a um pós-cirúrgico complicado; após complicações de doenças infecciosas. Nestes casos, você pode precisar da diálise (feita sob a forma de hemodiálise ou de peritoneal) ou não. Mas nestes casos, geralmente o procedimento não é necessário. Para uma pessoa que teve uma desidratação grave, às vezes uma hidratação é o suficiente. Mas quando a insuficiência é muito grave, talvez esse procedimento seja fundamental, porque levará um período prolongado de tempo para que a pessoa consiga se recuperar.

Já a doença renal crônica pode ser identificada com uma perda progressiva da função renal. Geralmente a enfermidade ataca silenciosamente, isto é, o indivíduo vai perdendo a função ao longo do tempo. A doença renal crônica pode ser desencadeada por várias outras, entre elas a hipertensão arterial. Diabéticos também devem ficar muito atentos, principalmente aqueles que não têm controle da glicemia e fazem tratamento irregular, ou seja, não tomam a medicação corretamente e apresentam uma oscilação considerável da glicemia.

Outros fatores de risco que também devem ser considerados são os antecedentes familiares. Isto é, caso algum membro da sua família possua o que chamamos de rim policístico, uma doença hereditária, é imprescindível um cuidado maior. Isso também vale para aqueles que possuem uma idade mais avançada que são portadores de alguma dessas patologias, ou que precisam ingerir diariamente uma quantidade significativa de remédios. Anti-inflamatórios usados de maneira indiscriminada também podem causar, a longo prazo, a doença renal. A obesidade, tema da campanha deste ano, também é um fator de risco gravíssimo e pode levar, por si só, a uma lesão renal. Porém, caso a pessoa faça uma dieta ou seja submetida, quando necessário, a uma cirurgia bariátrica, há uma grande possibilidade de reversão do quadro. Infecções urinárias podem se estender para os rins, alterações imunológicas resultantes de alguma patologia também.

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Quais são os sintomas?

São pouquíssimos sintomas, o que dificulta a percepção. Aqueles que estão sofrendo com a doença renal crônica só acabam percebendo numa fase bem avançada, que leva em média de 15 a 20 anos. Podemos dizer que na fase inicial da perda da função renal não se sente absolutamente nada. Com o progresso na perda, edemas surgem nos membros inferiores do corpo, além do cansaço e anemia. Isso acontece porque os rins são os órgãos do equilíbrio hídrico do corpo, ou seja, filtram e controlam os componentes líquidos do nosso corpo. Os sintomas também se estendem para mal estar, palidez (devido a anemia), aumento da pressão arterial, alteração do hábito urinário etc. Por exemplo, uma pessoa que não urinava à noite, passa a ir ao banheiro diversas vezes à noite. O volume da urina também muda, podendo aumentar. Essas são as manifestações mais frequentes.

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Dores na região, geralmente causadas pelos cálculos renais, chamados de urolitíase ou pedras nos rins também são um sinal. Se o indivíduo tem diabetes, pressão alta, é fundamental que ele seja submetido a exames de rotina com uma certa regularidade. Porque a perda progressiva do funcionamento dos rins é algo silencioso. Alterações na cor e no aspecto da urina, como a presença de sangue ou espuma, são fatores alarmantes. A espuma aparece quando os rins já não estão conseguindo filtrar as proteínas do corpo, por isso elas são eliminadas no xixi. Os exames que podem identificar a disfunção renal, seja aguda ou crônica são a dosagem no sangue da creatinina e o exame de urina.

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Como evitar a perda progressiva da atividade renal?

Alimentar-se de forma saudável e buscando sempre produtos naturais é uma das formas mais efetivas de prevenção. Todos sabem que ingerimos, diariamente, uma quantidade assustadora de sal, açúcar e gordura com os alimentos industrializados. Se você consome, por dia, mais de 2.000mg de sódio por dia, precisa rever seus hábitos alimentares. Verduras, frutas, proteínas magras são essenciais para manter a saúde e a qualidade de vida. Dietas malucas que encorajam as mulheres a fazer jejuns prolongados são muito perigosas e devem ser descartadas. A atividade física também é uma arma poderosa contra a doença renal.

Como funciona a relação entre a obesidade e a doença renal crônica ou aguda?

O sangue do corpo inteiro entra nos rins através das artérias renais, e os nefrônios que lá existem são responsáveis por filtrar além do sangue, o excesso de água e todos as toxinas que são formadas no nosso organismo. Quando uma pessoa está acima do peso, o volume desses líquidos aumenta, como também todas as substâncias tóxicas, então o rim precisa trabalhar muito mais para manter o equilíbrio do corpo. Isso não quer dizer que toda pessoa acima do peso não seja saudável, mas ela apresenta um risco maior. Assim como tem mais chances de desenvolver outras doenças como complicações cardíacas, hepáticas e vesiculares, diabetes, hipertensão, apneia obstrutiva do sono, osteoartrite e cancro.

No mundo inteiro, há um aumento significativo de portadores de disfunção renal. Por isso, é fundamental que as pessoas se previnam, porque além de ser um tratamento de alto custo, é muito cansativo precisar ser submetido, com regularidade, à terapia renal substitutiva também chamada de diálise.

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Em parceria com a World Kidney Day, a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a partir de hoje, uma série de evetos na capital paulista para celebrar o Dia Mundial do Rim:

Hoje, 9 de março, está previsto um passeio ciclístico com saída às 21h em frente à Pizzaria Camelo do Itaim, Av. Juscelino Kubitscheck, nº 151, São Paulo. Serão duas horas de pedalada!

E no dia 11 de março, ocorrerá uma pedalada exclusiva para as mulheres, com saída do Memorial da América Latina, prevista para às 19h.

Para participar, inscreva-se aqui.

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No próximo domingo (12), das 8h às 13h, a Sociedade Brasileira de Nefrologia promoverá no Parque Ibirapuera uma ação gratuita de conscientização sobre a importância da prevenção da obesidade como fator de risco para o desenvolvimento da doença renal.

 

 

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