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Conheça 8 fatores que aumentam as chances de infarto nas mulheres

Pesquisa indica que o coração da mulher anda maltratado e as razões são inúmeras: pressão no trabalho, acúmulo de responsabilidades e má alimentação estão entre elas.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 14h40 - Publicado em 20 jul 2014, 22h00
Suzane G. Frutuoso
Suzane G. Frutuoso (/)
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Foto: Corbis

O nosso coração anda maltratado e as razões são inúmeras: as mulheres enfrentam pressão no trabalho, acumulam responsabilidades com a família e a casa. Acabam engolindo alimentos gordurosos às pressas, estão cansadas e não encontram tempo para a vida afetiva e sexual. A bebida ou o cigarro – muitas vezes ambos – entram como antídoto para a solidão e a ansiedade. Há ainda enorme desinformação sobre o que agride a saúde cardiovascular, o que coloca 21 milhões de brasileiras sob a ameaça de infartar.

O leque de equívocos sobre um problema tão sério está na pesquisa Sinta Seu Coração, realizada com 5 318 brasileiras das cinco regiões pela área de Pesquisa Inteligência de Mercado da Abril Mídia, como parte de um movimento de conscientização puxado por CLAUDIA e pela revista SAÚDE em parceria com a Nestlé e a Socesp. Veja as descobertas da ampla investigação e orientações dos experts.

1. Tudo em nós é diferente

As artérias femininas são 15% mais estreitas e estão mais sujeitas aos fatores de risco relacionados a entupimentos. “Uma vez lesionadas, as veias suportam menos a agressividade de um infarto e logo se rompem”, diz o cardiologista Leopoldo Piegas, do Hospital do Coração de São Paulo.

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Quando a dieta é rica em gorduras saturadas, as consequências são piores para elas. No homem, as placas adiposas acabam inflando a veia e demoram a obstruí-la. Nas mulheres, a ação é a de fechar rapidamente. Isso faz os médicos acreditarem que, após um infarto, mulheres têm risco mais elevado de morrer que os homens. ]

Também por causa das artérias finas e tortuosas, elas estão mais propensas à hipertensão. De novo em desvantagem: o risco de desenvolver cardiopatias aumenta cinco vezes na mulher que tem pressão alta em comparação à não hipertensa. No homem, duas vezes.

2. Diabetes, menopausa, obesidade…

A maioria das pesquisadas por CLAUDIA e SAÚDE não tem consciência de que o excesso de glicose no sangue é implacável sobre as artérias delgadas das mulheres. Apenas 18% veem na doença um fator de risco, sem saber que quatro em dez diabéticas morrem de males do coração. Entre os homens são três óbitos.

Já a obesidade figura entre as preocupações de 80%. Mas é raro associar a medida da cintura às complicações. Nessa região, as estruturas celulares adiposas se multiplicam rapidamente – e essas células interferem nos processos inflamatórios e de resistência à insulina. Quanto maior a quantidade delas, mais desprotegido o coração.

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“É papel do médico deixar claro que lipoaspiração não reduz o risco de infarto”, explica Otavio Gebara, livre-docente em cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Precisamos disseminar a cultura de medir a cintura (que deve ter em torno de 80 centímetros) e, dependendo do caso, dar mais valor a ela do que ao número da balança.”

Também a menopausa é pouco relacionada: apenas 3% a mencionaram. No período, a possibilidade de infarto é duas vezes maior se comparada com a das mais jovens. Nossa pesquisa mostra que 73% das mulheres que têm mais de 50 anos nunca fizeram o exame nem mesmo para prevenir a osteoporose.

Outro alerta é sobre inflamações, como a periodontite, que afeta a gengiva. Compostos inflamatórios invadem a circulação quebrando a proteção das artérias. “Placas de gordura se rompem induzindo a entrada do colesterol nas células e a formação de coágulos, que obstruem o fluxo do sangue”, afirma a cardiologista Denise Hachul, da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas. Podem ocorrer infarto e acidente vascular cerebral.

3. O peso das emoções

O médico Álvaro Avezum, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, costuma dizer que dívidas, desemprego, separação e morte de familiares fazem parte da vida, mas, como são situações traumáticas, causam impacto na saúde. “Somadas ao stress diário, podem acabar em depressão”, avisa.

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A psicóloga Heloisa Galan, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), estabeleceu a relação entre depressão e infarto ao analisar os sentimentos de dez enfartadas entre 37 e 60 anos. Todas se sentiam desvalorizadas. Algumas haviam sido traídas pelo parceiro ou acumulavam questões emocionais mal resolvidas.

Para o psiquiatra Renério Fráguas Junior, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o mal atinge mais as mulheres porque as oscilações hormonais as tornam vulneráveis diante dos sentimentos. “No stress intenso, o sistema vascular recebe uma sobrecarga de noradrenalina que acelera o coração, contrai os vasos e aumenta a pressão arterial”, explica Denise Hachul.

Mesmo com as artérias perfeitas, há risco de infarto ou AVC, já que, sob stresse, falta oxigênio. No organismo da deprimida, a concentração de cortisol é maior, afetando a frequência cardíaca e elevando a coagulação sanguínea. Sem contar que, desmotivada, ela se cuida menos, come mal, não se exercita, ganha peso. Podem decorrer do quadro o diabetes, a hipertensão e o colesterol alto.

4. Hábitos e mais equívocos

Sobre comidas: 25% almoçam na rua e 8% pulam refeições. Do total, 91% sabem (embora possam abusar) que alimentos industrializados são prejudiciais por causa do excesso de gordura e sal – isso aumenta o volume de sangue e eleva a pressão, o que passa a comprimir as veias. Depois, vêm refrigerantes, apontados como danosos por 81%; doces, por 80%; e carne vermelha, por 74%. O café está na rotina de 84% e o hábito é saudável: a bebida tem poder antioxidante, combate os radicais livres e, assim, preserva as estruturas arteriais. Já 37% condenam o ovo sem saber que ele carrega gordura monoinsaturada, capaz de blindar o coração. A falta de pique para a academia ou qualquer modalidade de ginástica é assumida por 67%. “O exercício associado à reeducação alimentar é a maneira mais eficaz de reverter os marcadores negativos”, diz Gebara. Junte-se à dupla o cuidado com o equilíbrio emocional e tudo ficará perfeito. Os especialistas recomendam às mulheres dar aos problemas as devidas dimensões, culpar-se menos e ser um pouco egoísta de vez em quando.

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5. Vida agitada e colesterol alto

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Foto: Alexandre Severo

“Nada indicava que eu sofreria um infarto. Mantinha o peso com caminhadas, não havia sinal de hipertensão ou diabetes. Só o colesterol andava alto. Minha maratona diária era de 15 horas de trabalho e, nos fins de semana, corrigia provas e preparava aulas. Vivia sobrecarregada. Há seis anos, um estopim deflagrou a crise: sofri um sequestro-relâmpago na saída de um supermercado. O bandido sacou o dinheiro com meu cartão e me deixou no carro passando mal. Senti uma dor dilacerante nas costas, como se um canivete me rasgasse. Cheguei ao hospital duas horas depois. Diminuí o ritmo de trabalho para dez horas e aprendi a me preocupar menos com as coisas. Agora, me dedico mais a mim.”

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Maria das Graças Maciel, 64 anos, bióloga e professora, de Salvador

6. A fé no ritmo cardíaco

Uma pesquisa publicada em 2012 no International Journal of Psychiatry in Medicine, com 3 936 americanos, constatou que os que rezavam ou liam literatura religiosa apresentavam 40% menos risco de hipertensão. “O que importa não é a crença ou o dogma, mas enxergar valores além das coisas materiais”, diz o cardiologista Álvaro Avezum, que coordena um grupo de estudo sobre o tema no Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo. Para ele, espiritualidade é uma postura diante da vida, com base em ética, tolerância, tranquilidade, capacidade de perdoar, resiliência, solidariedade e cidadania. “A ciência tem comprovado que sentimentos positivos melhoram a saúde, reforçam a coragem e a confiança e fazem o paciente se dedicar mais ao tratamento.”

7. Sedentarismo e stress

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Foto: Alexandre Severo

“Para me afastar do stress, resultado de muita competição no escritório, 12 horas de jornada e mais duas no trânsito, pedi férias e fui para a Irlanda. Na volta, me senti mal. A pressão caiu, o coração disparou, veio uma sensação de desmaio e as extremidades arroxearam. Os sintomas se repetiram. Consultei vários especialistas. Chegaram a dizer que era emocional. Passei por constrangimentos: as pessoas achavam que eu fazia corpo mole. Com medo de ter crises em público, me afastei de tudo. Busquei a última ajuda no Instituto do Coração (Incor), onde ouvi um diagnóstico: síncope (perda da consciência e do tônus muscular por falta de irrigação de sangue para o cérebro, causada pelo ritmo cardíaco desequilibrado, que pode levar ao infarto). A pressão no trabalho e o sedentarismo só complicaram um mal não diagnosticado antes. Tratei com remédio e terapia. Aceitei um emprego menos estressante e, com mais tempo, vou à academia, ao cinema, leio. Ganhei a vida de volta.”

Giovanna Rossetto, 33 anos, analista de recursos humanos, de Campinas (SP)

8. O cigarro como parceiro

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Foto: Alexandre Severo

“Eu estava de férias, almocei e tirei um cochilo. Horas depois, uma dor no peito, como um soco, se estendeu para o pescoço e os braços. Era um infarto. Fumei por 20 anos, estava acima do peso e entrando na menopausa. Para completar, havia enfrentado grandes tristezas: minha mãe tinha morrido de câncer, meu marido sofrido um derrame e uma amiga estivera entre a vida e a morte. As baforadas eram companheiras nas horas difíceis. Enfartar me fez mudar. Entrei na academia – é um momento para mim, antes dedicado ao cigarro. Quero aproveitar os netos que virão e ter mais alegria.”

Rosalina de Sá Marcilia, 52 anos, educadora, de São Paulo

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