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Finanças regenerativas: economia que pode restaurar a saúde do planeta

As chamadas ReFi já são consideradas o despertar de uma nova economia na qual o seu dinheiro poderá ser sustentável e potencializar pessoas comuns

Por Paola Carvalho
Atualizado em 15 fev 2023, 11h37 - Publicado em 11 nov 2022, 08h21

Você não precisa saber sobre criptografia de ponta a ponta para usar o WhatsApp. Também não necessita desvendar a tecnologia blockchain para experimentar ferramentas que estão disponíveis no universo cripto. De forma geral, esses são serviços mais democráticos e descentralizados que incluem agora aqueles que fazem parte do movimento de Finanças Regenerativas (ReFi, na sigla em inglês). Em vez de motivar o acúmulo infinito de capital, a ideia aqui é permitir alocar o seu dinheiro em projetos que ajudem comunidades e todo o planeta. Num primeiro momento, pode parecer complexo — claro, é uma novidade. Por outro lado, há brasileiros focados em desenvolver soluções alternativas para quem quer impactar o mundo.

“Essa mudança de mentalidade vem causando uma revolução. Em vez do lucro custe o que custar, uma das premissas do capitalismo, agora estamos vivenciando a construção de um sistema financeiro mais consciente no qual as pessoas levam o compromisso de impacto socioambiental em consideração antes de investirem seu tempo, dinheiro e confiança”, afirma Michele Galvão, especialista em Finanças Descentralizadas (DeFi), youtuber e idealizadora do Projeto “Diversas Criptos”, que tem como objetivo trazer mais diversidade ao mercado de cripto moedas.

O ser humano tem um mecanismo natural para ajudar e servir o próximo. Mas também para se proteger. Hoje, a tecnologia permite unir esses impulsos em diferentes formas de contribuir ou investir, desde um PIX para quem segura um cartaz no sinal de trânsito, passando por crowdfunding, a nossa famosa “vaquinha”, até investimentos nos chamados “fundos verdes” e na mais nova modalidade ReFi. As plataformas que permitem a compra e venda de créditos de carbono, com a intenção de amenizar a crise climática, estão entre as mais conhecidas desse contexto. Mas as possibilidades vão além.

O ser humano tem um mecanismo natural para ajudar e servir o próximo. Mas também para se proteger.
O ser humano tem um mecanismo natural para ajudar e servir o próximo. Mas também para se proteger. (Ilustrações/Getty Images)

Agora é possível, por exemplo, alocar o seu dinheiro para uma plataforma que mantém o seu capital investido e distribui o rendimento obtido no universo cripto para iniciativas atreladas aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas. O seu dinheiro segue sendo seu, o que transborda, ou seja, o rendimento, é distribuído entre as iniciativas sociais cadastradas no sistema da plataforma global de finanças regenerativas Borderless Money.

“Acreditamos que para regenerar o mundo, precisamos regenerar a sociedade”, defende a diretora de Relacionamento e Parcerias da Borderless Money, Paula Barcellos. “Para criar as grandes fortunas, extraímos riquezas, degradamos áreas incalculáveis, seja de forma ambiental ou social. Os millennials (geração dos nascidos entre a década de 80 até o começo dos anos 2000) herdaram trilhões, viram que não dava mais para repetir a exploração, chegaram nas práticas ESG (focadas no meio ambiente, social e governança corporativa, na sigla em inglês). Estamos em outra fase: já que neutralizar não recupera o passivo que geramos na história até aqui, regenerar é pagar a conta dos nossos antepassados”, exemplifica.

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De acordo com Paula, a ideia é que o investidor aplique seu capital ocioso na plataforma e disponibilize os rendimentos para propulsão da independência financeira de causas alinhadas com a Agenda 2030 da ONU. “É o conjunto de todos os depósitos que vai gerar o rendimento a ser distribuído entre as iniciativas.”

Renovar e trazer bons impactos

Finanças regenerativas são aquelas que alteram a lógica do lucro, substituindo atividades que degradam por aquelas que agregam valor, na avaliação de Camila Rioja, líder na Celo Foundation na América Latina, blockchain carbono negativa criada há dois anos para impulsionar o segmento de ReFi. “Estima-se que ativos ESG alcancem mais de 53 trilhões de dólares em 2025, e que o mercado cripto alcance 50 trilhões de dólares em 2030. Ou seja: a intersecção dessas duas áreas é próspera e pode ativar grandes transformações já a curto e médio prazos”, calcula Camila. A principal rede de código aberto da Celo suporta hoje mais de 1 000 projetos criados por desenvolvedores e artistas localizados em todo o mundo.

“O Brasil tem todas as condições de liderar essa transformação: seja pela fauna e flora exuberantes e distintas em seus biomas, seja pela qualidade da sua produção científica e oportunidade de negócios, ou até mesmo pelo desafio da situação socioeconômica vigente”,  ressalta Camila. Um projeto de destaque é a Impacta Finance, que é um agregador de soluções e tendências da Web3 que podem auxiliar e acelerar a transição para uma nova economia 3D (digital, descentralizada e descarbonizada). Segundo levantamento da Impacta, liderada por duas mulheres, Paula Palermos e Rafaela Romano, o país conta atualmente com cerca de 400 iniciativas de ReFi na Web3. É um indicador de que é possível usar o potencial tecnológico das criptomoedas para fazer dinheiro, enquanto um futuro mais sustentável e socialmente justo é assegurado.

Uma nova ordem para o dinheiro

1) Tal qual a sua forma de consumir, o seu investimento pode se tornar mais digital, consciente e social — tripé que permite fortalecer um modelo econômico mais transparente, justo e responsável.

2) Onde investir? Em fundos de renda fixa, multimercado e de capital privado. Mas não se restrinja ao “tradicional” mercado financeiro.

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3) Já existem no país mais de 370 produtos e soluções blockchain criados para enfrentar desafios sociais e ambientais, o que abre oportunidades para investir com impacto também no mercado cripto.

4) Há diferentes linhas de pensamento sobre “finanças regenerativas”, “economia regenerativa” ou “capitalismo regenerativo”.

5) A definição de valor e sucesso não deveria ser baseada apenas na taxa de retorno sobre o capital: 17% é melhor que 15%, independentemente das consequências para chegar nesse resultado. Será?

6) A ilusão de que a Terra e os seus seres sejam matéria-prima a serem explorados visando o lucro infinito está criando um mundo conectado pelo adoecimento.

7) Na economia regenerativa, cada vez mais, os recursos monetários estarão em tecnologias capazes de renovar ecossistemas e sociedades.

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