Quem foi Mãe Stella de Oxóssi, que morreu aos 93 anos na Bahia
Uma das mais importantes ialorixás do Brasil, ela tem nove livros publicados e fazia parte da Academia Brasileira de Letras
Morreu na quinta-feira (27) Maria Stella de Azevedo Santos, mais conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, aos 93 anos, na cidade de Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano. Ela estava internada desde 14 de dezembro, quando deu entrada no Hospital INCAR com uma infecção.
Conforme informou o hospital, Mãe Stella morreu devido a uma infecção generalizada de foco urinário e insuficiência renal crônica associada a hipertensão arterial sistêmica.
A companheira de Mãe Stella, a filha de santo e psicóloga Graziela Dhomini lamentou sua morte. “Sei que ela estará sempre a olhar por todos. Ela já partiu. Sempre lúcida e bricalhona, disse que vai encontrar comigo nos óruns (9 dimensões) e no Sol, isto é, na luz. Gratidão eterna”, disse ela ao G1.
Nascida em 1925 em Salvador, Mãe Stella é considerada uma das maiores ialorixás (mãe de santo, chefe de um terreiro) do país. Foi iniciada no candomblé aos 14 anos de idade, após visitar o terreiro de Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador. Em 1976, foi escolhida pelos orixás para ser a nova líder do terreiro de São Gonçalo do Retiro, na capital baiana. O terreiro foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1999.
Mãe Stella foi a primeira ialorixá no Brasil a escrever livros e artigos sobre o candomblé, tendo nove livros publicados. Tem o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia e pela Universidade do Estado da Bahia. Desde 2013, ela ocupava a cadeira de número 33 na Academia Brasileira de Letras, que tem Castro Alves como patrono. Durante 30 anos, exerceu também a profissão de enfermeira.
Em 2017, por ideia dela, foi criado o canal no YouTube “Da Cabeça de Mãe Stella”, onde ela dava ensinamentos sobre os ideais do candomblé. Ela também tinha um aplicativo para disseminar mensagens de fé.
Mais recentemente, ela estava morando em Nazaré, a cerca de 200 quilômetros de Salvador. Seu corpo foi velado na Câmara dos Vereadores de Nazaré e o enterro está marcado para acontecer nesta sexta-feira (28) no cemitério da cidade, sem ritual fúnebre do candomblé.