Enfrentando outros 20 candidatos, Yuriko Koike foi eleita, com cerca de 44% dos votos, para assumir o governo da cidade de Tóquio, no Japão. Com o resultado, ela tornou-se a primeira mulher governadora da capital, cargo considerado o de maior relevância no país após o primeiro-ministro. Koike é integrante do Partido Liberal Democrático, mas concorreu como candidata independente, desafiando o próprio partido ao lançar sua candidatura mesmo sem aprovação. Seu principal desafio é preparar a cidade para sediar Jogos Olímpicos de 2020.
Yuriko Koiko tem 64 anos, estudou Sociologia na Universidade do Cairo na década de 1970 e, antes de entrar para a política em 1992, atuou como tradutora de árabe e apresentadora de TV, tornando-se bastante conhecida no Japão. Entre 2003 e 2006, ocupou o cargo de ministra do Meio Ambiente; em 2007, assumiu o Ministério da Defesa, tendo sido a primeira mulher a ocupar o posto, que deixou menos de dois meses depois por conta de escândalos de corrupção em que não provou-se estar envolvida.
Conhecida como “a Hillary Clinton japonesa”, devido ao seu pioneirismo e força políticas, Koike será uma das sete mulheres que ocupam cargos de governadoras nas 47 prefeituras do Japão, país em que o número de parlamentares gira em torno de 10%. Ela recebeu quase 3 milhões de votos do eleitorado.
Desde 2011, Tóquio já teve quatro governadores, sendo que dois deles renunciaram por casos de corrupção. Yuriko terá que lidar com barreiras com a organização das Olimpíadas de 2020, que enfrenta escândalos referentes ao orçamento das obras e ao logo do evento, acusado de plágio.
Leia também: Quem é Theresa May, primeira-ministra britânica
Sexismo na campanha
A liderança de Koike nas pesquisas irritou membros do seu partido, entre eles o ex-governador de Tóquio Shintaro Ishihara, que chegou a afirmar: “Não podemos deixar Tóquio com uma mulher que usa tanta maquiagem”. Seus partidários protestaram contra a afirmação machista e a governadora disse estar acostumada com comentários como esse durante sua atuação política.
Em vez de apoiá-la, o Partido Democrático Liberal optou por endossar a campanha de Hiroya Masuda, que ocupou a prefeitura de Iwate entre 1995 e 2007 e não é membro do partido. Koike não se absteve de concorrer mesmo com as críticas dentro do partido e prometeu, em campanha, implementar políticas para melhorar a condição das mulheres.
A governadora costuma fazer referência à candidata à presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton e afirmou em campanha, sobre a baixa representatividade feminina na política japonesa: “A fim de quebrar a estagnação qua a sociedade japonesa enfrenta, acredito que o país poderia ter também uma candidata. Hillary utiliza a expressão ‘telhado de vidro’ sobre quebrar essa barreira. No Japão, não é de vidro, é uma placa de aço”.
Leia também: série de CLAUDIA sobre Mulheres na Política