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Não pode mais se repetir: garoto se suicida após ataques homofóbicos

As pessoas precisam ser mais responsáveis no uso da internet. Do outro lado, especialistas mostram como pais podem proteger filhos de ataques virtuais

Por Nathalie Páiva
Atualizado em 5 ago 2021, 17h27 - Publicado em 4 ago 2021, 18h37

Era para ser um vídeo comum de dois adolescentes brincando, mas a internet respondeu com ódio, o que pode ter levado ao suicídio do filho da cantora de forró Walkyria Santos, nesta terça-feira (3). Lucas Santos, 16 anos, foi encontrado morto na sua casa, em Natal, Rio Grande do Norte, conforme informação apurada pelo UOL

Na postagem, o garoto simulou um beijo com um amigo. O objetivo era apenas fazer uma brincadeira, mas o vídeo foi visto mais de 10 mil vezes na plataforma TikTok, atraindo diversos tipos de comentários homofóbicos. 

O menino chegou a gravar outro vídeo para explicar a brincadeira, mas mesmo assim os internautas seguiram destilando hostilidade e homofobia. “Provavelmente vai chegar na minha tia, que vai me dar um bofete. Somos apenas amigos e héteros”, disse Lucas no vídeo. “Tô fazendo isso para não tomar uma surra tão grande, tão merecida. A gente é só amigo”, salientou o jovem, que sofria com transtornos mentais, segunda a sua mãe.

Veja também: Por homofobia, Kate Winslet diz que muitos atores escondem sexualidade

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Em luto, a cantora de forró Walkyria Santos lamentou a morte do filho pelo Instagram, em um vídeo em que aparece totalmente abalada. Walkyria expressa sua tristeza por ter perdido o garoto deste modo e reprime os responsáveis. 

“Hoje, perdi meu filho, mas preciso deixar esse sinal de alerta aqui. Tenham cuidado com o que vocês falam, com o que vocês comentam. Vocês podem acabar com a vida de alguém. Hoje sou eu e a minha família quem chora”, afirmou Walkyria nas redes sociais.

Homofobia mata 

Só no Brasil, em 2020, o preconceito levou à morte mais de 5 mil pessoas LGBTQIA+, segundo dados do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+, levantados pelos grupos Acontece Arte e Política LGBTI+ e Grupo Gay da Bahia (GGB). A cada 23 horas uma pessoa morre por homofobia no país, de acordo com o GGB. 

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As mortes são provocadas por agressão física, mas também psicológica, já que a pressão e a violência levam ao suicídio muitas vezes. Mesmo se identificando como heterossexual, Lucas foi inserido na mesma lógica de letalidade do preconceito motivado por orientação sexual.

Como proteger crianças e adolescentes na internet

Para a  psicóloga Marilene Kehdi, é urgente não só reconhecer como frear o discurso de ódio na internet. “Os comentários maldosos nas redes sociais, vindos de pessoas que descontam suas frustrações e situações mal resolvidas nos outros, acabam afetando muito o estado psicológico de quem recebe as agressões. As mais vulneráveis caem em depressão e até tiram a própria vida. A situação pode ser ainda pior na adolescência, fase em que buscamos muita aceitação do próximo”, alerta a especialista.

Veja também: A importância da luta contra a LGBTfobia no ambiente familiar

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Marilene ainda salienta que a adolescência é uma fase de descobertas, por isso os pais devem estar sempre atentos com quem o filho conversa, o que consome e posta.

“O jovem precisa se sentir à vontade para compartilhar suas angústias, frustrações e, assim que o responsável notar que algo não vai bem, deve levá-lo para a terapia. Assim evitamos que uma tragédia aconteça”, aponta. 

Por isso, o contato entre responsáveis e menores de idade é uma das principais formas de proteção e prevenção para os desdobramentos dos ataques virtuais.

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No caso de crianças, a advogada Karem Correia, vice-presidente da Comissão de Direito Digital, Startups e Inovação da OAB do Amazonas, afirma que “os pais, além de terem acesso a redes sociais dos filhos e senhas, precisam delimitar horários para os mesmos usarem a internet”.

Com os adolescentes, a imposição nem sempre é o melhor caminho, mas “com muito diálogo e transparência”, como afirma Karem, o acompanhamento nas redes se torna mais seguro.

A especialista lembra que recentemente foi aprovada a lei que alterou o artigo 147-A do Código Penal, que criminaliza o ato de perseguição, também conhecido como stalking. “Eventualmente, este novo artigo pode ser invocado a fim de penalizar quem tenha dado causa à ação do adolescente. Além da possibilidade, após apreciação mais detalhada, da inclusão nos crimes de homofobia e bullying digitais”, afirma. 

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Peça ajuda

Assim como a orientação da psicóloga Marilene, reforçamos a importância de buscar ajuda com qualquer desconforto emocional. Uma das formas de ter um atendimento rápido e anônimo é pelo Centro de Valorização à Vida (CVV), que funciona  24 horas e disponibiliza apoio emocional. Caso precise de ajuda, ligue no número 188. A ligação é recebida por um voluntário de forma sigilosa e gratuita.

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