“Arma não me ajudaria”, diz Elaine Caparroz, espancada por lutador
"Se ele tivesse achado uma arma, quem pode garantir que ele não usaria essa arma contra mim?", disse
Elaine Perez Caparroz, paisagista que foi espancada durante 4 horas por Vinicius Serra, de 27 anos, diz que ter uma arma em casa não a teria impedido de ser agredida. Em entrevista ao portal Universa, do UOL, ela disse que não tinha “sequer condições de pegar uma arma ou o que fosse”.
Elaine, de 55 anos, teve o rosto desfigurado após um encontro marcado em seu apartamento com o estudante de Direito e lutador de jiu-jitsu. O caso de agressão, que aconteceu no dia 16 de fevereiro, chocou o Brasil.
Na semana em que o caso veio a público, o filho do presidente Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, fez uma publicação em sua conta no Twitter defendendo a ideia de que se Elaine tivesse uma arma em casa “resolveria justamente este absurdo”.
“Quando vi que estava sendo esmurrada, já estava encurralada, no chão, deitada no canto do quarto, o joelho dele em cima de mim, e ele me dando socos. Não tinha sequer condições de pegar uma arma ou o que fosse. E poderia ter sido perigoso. Se ele tivesse achado uma arma, quem pode garantir que ele não usaria essa arma contra mim?”, disse Elaine.
Quando perguntada se ela acha que ter uma arma em casa ajudaria a proteger as mulheres, ela diz que defende um curso de defesa pessoal. “Se a mulher se sentir segura com isso, respeito a opinião dela. Eu, particularmente, não tenho desejo de ter arma em casa porque nem sei mexer com isso. Defendo um curso de defesa pessoal, porque teria evitado muitas coisas”, explicou.
“Coloquei os braços na frente do meu rosto, e quando ele veio me morder, enfiei os dedos na boca dele. Levei uma dentada que quase me arrancou três dedos. E quando ele veio para dar um mata-leão, segurei seu cabelo e impedi que ele encaixasse o golpe. A defesa pessoal é muito importante. Se as mulheres sentirem desejo de fazer, seria excelente. Tem muita gente ruim.”
Elaine revelou também que já sofreu violência física e psicológica em um relacionamento anterior, mas que mesmo assim manteve a relação. “Sentia uma dependência, uma carência afetiva e sexual”, revelou. “Não conseguia colocar meu amor próprio acima do que ele fazia. E ficava justificando as atitudes ruins dele. É um tipo de violência muito brutal.”
Após as agressões que sofreu e com a repercussão do caso, Elaine pretende se aprofundar no tema da violência contra a mulher. “Serei madrinha de um projeto que vai cuidar de mulheres carentes, na Lapa.”
Ela diz perdoar Vinícius, mas reitera que a justiça tem que ser feita. “Perdoar Vinícius Serra? Complicado dizer. Prefiro deixar claro: perdoo ele, mas a justiça tem que ser feita. Não quero carregar esse horror que ele fez comigo porque vai me prejudicar mais. Eu libero perdão para ele porque quero me libertar, não porque tenho dó ou gosto dele”, disse.